semana da mobilidade

Como que por ironia, a segunda-feira da Semana Europeia da Mobilidade (SEM), talvez por coincidir com o efetivo início das aulas nas escolas, acorda em Lisboa e Porto (só?) com engarrafamentos muito para além do normal. Melhor, anormal; não é normal uma via rápida com trânsito parado. Na verdade, ironicamente, este pode ser lido como o resultado da “magnífica” SEM que todos os anos, por esta altura, há mais de uma década, nos entra pelos computadores e tablets dentro.

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cemitério

O caso do cemitério de Abrantes é excelente para retratar o país que somos e não devíamos ser. Desconheço totalmente o que terá levado os decisores da altura a “comprar” a inovação que está na origem do problema. Por todo a país há soluções deste tipo, que os nossos “amigos” parceiros nos impingiram, que não resolvem coisa nenhuma e que nos levam a gastar o dinheiro que nos faz falta para a saúde, educação, cultura, etc. São autoestradas que não levam ninguém para lado nenhum, são estações de tratamento de águas residuais com soluções que não funcionam, são piscinas que estão fechadas porque não há crianças, etc.

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natural.pt

Como facilmente se previa a galinha dos ovos de ouro rebentou. A exploração selvagem do turismo de massas acabou com Veneza. Conforme se lê no El Pais “a alma de Veneza perdeu-se e converteu-se num parque temático tipo Disneylandia onde chineses vendem a outros chineses por 1 € máscaras venezianas fabricadas na China”.

Os poucos venezianos que restam estão saturados e desiludidos; um exército de 24 milhões de turistas por ano torna a cidade dos sonhos românticos num inferno. Os voos baratos e os cruzeiros levaram à extinção da cidade e as autoridades italianas não sabem o que fazer.

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geodivresidade

fotografia Rui Cunha

fotografia Rui Cunha

Depois do escrito da semana passada sobre os equívocos da gestão da biodiversidade em Portugal, é a vez da causa de todas as coisas, a geodiversidade. Geodiversidade é o fundamento e a compreensão do que é o território onde vivemos. É muito mais que as Portas do Rodão ou os dinossauros em Torres Vedras-Lourinhã. Em Portugal, a geodiversidade, o essencial, ignora-se, desconhece-se e por isso paga-se caro, em vez de ser usufruída como uma enorme mais valia. Como em tudo, há, obviamente honrosas exceções: Idanha-a-Nova (Naturtejo) e Arouca, com os seus Geoparques, são dois bons exemplos de quem bem gere e tira partido deste imenso património. Bem mais do que ler a história da Terra nas rochas, a geodiversidade explica e fundamenta o país que somos, provavelmente até do ponto de vista social e, obviamente, económico. Para que não restem dúvidas é a geologia que justifica a beleza e diversidade paisagística de Portugal.

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biodiversidade

fotografia: Público

fotografia: Público

 

Vivemos num país onde cerca de 25% do seu território tem o estatuto de proteção por algum motivo de relevância ecológica.

Para que não haja dúvidas, isto é um privilégio e uma enorme mais valia de Portugal.

A biodiversidade é o mais importante e significativo recurso do país. Que ninguém tenha dúvida.

No geral, um hectare do nosso território tem mais biodiversidade do que a toda a Holanda.

O reverso da medalha é que Portugal pouco ou nenhum partido tira desta realidade.

Somos um país de equívocos e também aqui não escapamos à regra.

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estratégia

ag 21

 

Desde sempre nos recordamos de ouvir falar que os recursos disponíveis seriam alocados em função de uma estratégia estudada e assumida. Normalmente, não passou de entornar abundante dinheiro em cima dos problemas. Os resultados estão à vista e todos os conhecemos; alguns enriqueceram ilicitamente. Sabendo que a estratégia é a forma de pensar no futuro, integrada no processo decisório, visando os resultados, percebemos que tudo, ou quase, foi ao contrário.

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transição

Há dias participei numa interessante conferência/tertúlia sobre a Transição em curso. Esta é uma palavra que chegou para ficar. Ao que ouvi, e se sente, estamos numa profunda mudança de paradigmas.

O mundo em que nascemos já não existe. Assistimos todos os dias à falência de muitos dos edifícios sociais e económicos em que descansámos durante décadas. Estamos agora no tempo da transição para algo diferente. O quê? Mudar o quê? Está é a grande questão. Onde chegámos, onde estamos, já todos, mais ou menos, o sabemos. Para onde vamos? É a grande questão.

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paisagem musical, West Highland Way (Escócia)

 

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Esta é a história pessoal de uma caminhada numa das mais bonitas Grandes Rotas do Mundo, nas terras altas da Escócia.

Seis dias de uma surpreendente paisagem que em cada vista muda e nos inunda pela sua beleza.

” O  West Highland Way (WHW) é o mais antigo trail de longa distância da Escócia e um dos mais belos do mundo.”

Não sabemos se é um dos mais bonitos do mundo mas, depois de percorrer o WHW, podemos afirmar que é lindo de morrer. É muito mais que isso. O WHW é uma paisagem musical profundamente mágica. São 95 milhas, cerca de 152 quilómetros, que fazem bem ao corpo, à mente e à alma.

Ao fim de poucos quilómetros e algumas horas, entramos francamente noutro mundo. Toda a nossa vida as nossas preocupações ficam algures em stand by, o WHW transforma-nos subtilmente sem darmos por isso. Parece que aqueles seres mágicos da floresta celta como os gnomos, druidas e duendes, nos acompanham divinamente e nos fazem esta magia.

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turismo e desenvolvimento local inteligente

turismo

De Trás – os – Montes ao Algarve todos apontam o turismo como uma oportunidade, uma boa oportunidade de desenvolvimento.

À partida temos tudo para que assim seja – biodiversidade, património, paisagem, cultura, segurança, etc. Paradoxalmente falta-nos quase tudo; falta-nos a estruturação de uma oferta integrada, a cada momento inovadora.

O turismo de experiência, à medida de viajantes, é uma ferramenta de desenvolvimento inteligente local incontornável.

Pdf do artigo completo:

O turismo e o desenvolvimento local inteligente – comunicação à 10CNA, Aveiro, nov 2013

Apresentação power point:

carlos cupeto 10cna nov de 2013

 

 

porcos

longe vão os tempos do porco ao fundo do quintal

longe vão os tempos do porco ao fundo do quintal

 

A atividade pecuária, em particular a suinicultura, é um excelente exemplo para retratar o país que somos e que não devemos ser. Estamos em presença de um sector empresarial com largas tradições económicas e sociais no país. Incontornável. Ou será que se quer importar ainda mais carne do que aquela que já se importa?

Como mal de todas as grandes desgraças nacionais, o (des) ordenamento do território encarregou-se de colocar loteamentos (pessoas a viver) ao lado dos porcos. A partir daí toda a gente ralha e todos têm razão. Desde logo porque o porco cheira mal, cá, na Alemanha ou em França.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan