saúde e interior

Como assumido convicto do valor do interior tudo me conduz ao up local, em oposição ao modelo que nos trouxe até aqui: globalização – produzir, consumir e crescer, o tal ciclo diabólico.

Acredito convictamente na vida local porque tudo o essencial à vida, como os recursos indispensáveis (solo e água), são locais. Entretanto, este país é inundado por estudos e estratégias para tudo o que se possa imaginar e que só servem para produzir papel e nos distanciar do importante, da vida. O interior, aquela coisa pobre, cinzenta e velha, até teve direito a uma Unidade de Missão que entretanto, como sempre, se esfumou sem deixar rasto. Agora mesmo, com o Dr. Ceia da Silva, o Presidente da CCDR – Alentejo “democraticamente” eleito, é que vai ser: vamos tornar esta região colorida, rica e jovem. As oportunidades não vão faltar e casais jovens, portugueses e estrangeiros, sem filhos, vão-se acotovelar para viver e trabalhar no interior. Sem filhos porque, entretanto, algumas más línguas, dizem que a “pediatria retrocedeu em Évora”. Como povoamos com jovens uma região que não responde satisfatoriamente nos cuidados pediátricos? E no resto da saúde, será que estamos bem? Tenho a certeza que o “competentíssimo” Concelho de Administração do Hospital do Espírito Santo de Évora e Administração Regional de Saúde respondem com um inequívoco sim. Esta miséria governativa vai-se perpetuando e consolidando aos mais variados níveis. Trata-se de uma enorme classe inútil e incompetente que assaltou os lugares de decisão e gestão e se protege e sustenta com todas as armas que tem sem olhar a meios e processos. Enquanto isto, idosos doentes aguardam em filas à porta dos centros de saúde, e o número de óbitos dispara; para compensar somos inundados por uma agressiva campanha de marketing para a vacina da gripe que não está nas farmácias.

Até quando este povo assobia para lado? Depois queixem-se dos populismos.

ridículos

O ridículo é uma das palavras chave deste tempo. Eles rodeiam-nos por todo o lado. A coisa assume tal dimensão que às vezes me interrogo se estou certo do que vejo e lembro-me de Anais Nin, escritora francesa (1903-1977), que nos diz, “não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos”. O ridículo poderei ser eu. Até aqui tudo bem, o pior é quando a coisa passa algumas fronteiras e roça a aquela “qualidade” que nada resolve e a todos prejudica, a estupidez.  Dos que mais me custa aceitar é a “grande a oportunidade que temos com digitalização”. Contam-nos esta estupidez e exigem que acreditemos, no enorme benefício da digitalização da economia, do ensino, da vida… Não bastam as dificuldades que todos passamos, sobretudo os de sempre, os mais desfavorecidos, cada vez em maior número, como ainda assobiam para o lado a fazerem de nós parvos. Como esta há dezenas de exemplos diários, em todas as dimensões e escalas. Acredito que muitas vezes nem os próprios autores acreditam no que dizem e fazem.  Neste tempo falta bom senso e o fundamental, verdade. Provavelmente este é um dos bens, cada vez, mais raro e escasso. Quando sabemos que a palavra “crise” tem na sua origem grega o significado de “verdade” maior é a razão para perseguir esta qualidade. Os meus olhos veem o caminho contrário; estamos cada vez mais longe das verdades necessárias à nossa Paz e Bem.

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan