casta alentejana

Sou independente, democrata liberal que presa a liberdade individual e a responsabilidade perante os outros;  somos todos iguais nos direitos e nos deveres. Entre outras, há duas coisas que me custam: conversar com alguém que se julga dono da “verdade” e ser politicamente correto, só porque sim.

Orlando Ribeiro, o maior geógrafo português de sempre, explica o que somos pelo terroir, isto é, pela geologia e clima. Se é assim com vinho e com tudo o resto porque não seria com os humanos? Na verdade, o minhoto é diferente do alentejano como Orlando Ribeiro exemplifica. Somos a terra onde nascemos e vivemos. Se não perceber isto paciência. Sou branco, moreno, quase meio “aciganado”, alentejano e assim serei até ao fim; diferente dos algarvios, dos louros da Holanda e dos pretos de África. Somos todos diferentes. Aqui, no Alentejo, sobretudo a seguir ao almoço o ritmo de trabalho não pode ser elevado. Se não compreendem, os conterrâneos da Merkel que venham cá experimentar uma semana e depois conversamos. Não quero os queijos franceses, o vinho de Bordéus, as pizzas italianas ou os 5 jotas espanhóis; quero os queijos do Cano, os chouriços de Estremoz, o presunto de Barrancos, o vinho da Vidigueira ou Borba e o azeite de Moura. Isto, e tudo à volta, é o melhor do mundo para o meu modo de vida na terra onde nasci. Por isto e muito mais, sou um obcecado pelo up local, não agora, desde sempre. Eu sou, a vida que tenho é o que Sou, nem mais nem menos. Contrariar isto é contra a Natureza; o resultado começa a ser demasiado inequívoco para ser negado. Quero ser remediado e feliz, na terra onde nasci, honrando a cultura e os saberes dos meus antepassados. Pode ser?

Portugal, onde estás?

minas para quê?

sim, sim, um país carregado de hipocrisia mas “livre” de petróleo e de minerais/metais.
vamos acabar com os pacemaker, certo?
se os metais vierem de longe não tem problema?
com o petróleo idem.
ainda acreditamos nos estudos de impacte ambiental?

https://www.dropbox.com/s/q8li2ohnu8dm6h6/avalia%C3%A7%C3%A3o%20ambiental%20-%20Expresso%20-%2022%20dez%2018%20-%20carlos%20cupeto-pages-35.pdf?dl=0


grande aposta nacional esta de pobres mas honrados, perdão, patetas e vigaristas.

casta alentejana

Henrique Monteiro (Expresso, 20 jun 2020)

Orlando Ribeiro, se não se importam, o maior geógrafo português de sempre, explica o que somos pelo terroir, isto é, pela geologia e clima da terra que nos vê nascer. Na verdade, o minhoto é diferente do alentejano como ele exemplifica. Somos a terra onde nascemos e vivemos. Se não perceber isto paciência. Sou alentejano e assim serei até ao fim; diferente dos algarvios, dos louros da Holanda e dos pretos de África. Somos todos diferentes. Aqui, no Alentejo, sobretudo a seguir ao almoço o ritmo de trabalho não pode ser elevado. Se não compreende lamento; os conterrâneos da Merkel que venham cá experimentar uma semana e depois conversamos. Não quero os queijos franceses, as pizas italianas, os vinhos da Toscana ou os 5 jotas espanhóis; quero os queijos do Cano, os chouriços de Estremoz, o presunto de Barrancos, o vinho da Vidigueira e o azeite de Moura. Isto, e tudo à volta, é o melhor do mundo para o meu modo de vida na terra onde nasci. Por isto e muito mais, sou um obcecado pelo up local, não agora, desde sempre. Eu sou, e a vida que tenho é o que Sou, nem mais nem menos. Contrariar isto é contra a Natureza; o resultado começa a ser demasiado inequívoco para ser negado. Quero ser rico, ser feliz, na terra onde nasci, honrando a cultura e os saberes dos meus antepassados. Pode ser?

alterações climáticas

pacto ecológico europeu

ao longo de décadas quantas “boas intenções” destas já houve? o que aconteceu? porque vai agora ser diferente?

coisas de vinho

um livro incontornável

i

a última noite de Z Herbert em Siena, na Toscana, terra de Chianti,  antes de viajar para Paris…

“A pequena trattoria enche-se da multidão dos clientes…

Com conhecimento e apetite, que cresceram de geração em geração, comem spaghetti, bebem vinho, conversam, jogam às cartas e aos dados.

Peço ao dono da trattoria um vinho melhor. Traz-me um chianti do ano anterior da sua própria cave. Conta-me que a sua família possuía aquela vinha há quatrocentos anos e que aquele é o melhor chianti de Siena. Depois, ficou a olhar para mim atrás do balcão para ver o que eu faria com aquela preciosa bebida.

É preciso inclinar o copo para ver o líquido deslizar pelo vidro e verificar se não deixa vestígios. A seguir, é preciso erguer o copo até aos olhos e, tal como diz certo conhecedor francês, afundar os olhos em verdadeiros rubis e contemplar a bebida como se fosse um mar chinês repleto de corais e algas. O terceiro gesto é o de aproximar a boca do copo ao lábio inferior e aspirar o cheiro mammola – o buquê de violetas que anuncia às narinas que o chianti é bom. É preciso inspirar o aroma do vinho até ao fundo dos pulmões para reter o odor das uvas maduras e da terra. Por último, evitando a pressa de um bárbaro, deve levar-se à boca um pequeno gole e, com a língua, espalhar o sabor escuro e aveludado pelo céu-da-boca.

Regresso às Tre Donzelle. Apetecia-me acordar a camareira e dizer-lhe…

Se não tivesse medo da palavra, diria que até ali fui feliz. Mas não tenho a certeza de ser bem interpretado.

Vou-me deitar com os versos de Ungaretti. Na sua obra, há um poema apropriado a despedidas;

Vejo de novo os teus lábios lentos

À noite, o mar vai ao seu encontro

As patas do teu cavalo

Em agonia mergulham

Nos meus braços cantantes

Vejo que o sono traz de novo

Novos desabrochares e novos defuntos

Uma má solidão

Que todo o amante em si descobre

Como um vasto túmulo,

Separa-me de ti para sempre,

Querida, afogada em espelhos longínquos.”

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan