sopas

No passado domingo, como acontece todos os meses, andei com o “Tejo a pé”, um grupo informal de caminheiros, no Oeste. Andar pelo campo é do melhor que podemos fazer por nós. Andar, como é simples e acessível a todos, na generalidade esquecemo-lo. Um errado modo de vida assente numa tecnologia de valores e efeitos duvidosos para aí nos conduziu e a isso nos convida. Nós deixamo-nos ir. Entretanto, pelo Oeste, neste passo a passo de caminheiros demos com uma enorme cerca onde estavam umas largas dezenas de cabras. Realçava, no meio de alguma bandalheira, o vivo laranja de muito mogango que tinha sido dado aos animais como alimento. Rapidamente se ouviu, dito por um local, “este ano houve muitas abóboras”. A poucos quilómetros, aqui no Alentejo, das ditas abóboras, ou seja do mogango, resulta uma das melhores sopas que pode sair de qualquer cozinha: o feijão com mogango.

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desenvolvimento local

Que projectos e estratégias locais se traduzem em melhor vida para as pessoas nas suas terras? Mas a questão fundamental não é só esta. É obrigatório avaliar e eficácia e o efeito dos investimentos que apelam à qualidade de vida das pessoas. Na verdade, desde sempre que se fala, escreve e disserta sobre o desenvolvimento local. As origens da concepção mais moderna do desenvolvimento regional/local são múltiplas, heterogéneas, às vezes contraditórias, e quase sempre dispersas no tempo e no espaço. Neste contexto, os resultados do dinheiro gasto, muitas vezes seguindo brilhantes estudos estratégicos de excelentes consultores, a maioria das vezes oriundos de Lisboa, são muito questionáveis. Mais coisa menos coisa a mesma receita é aplicada de Trás – os – Montes aos reinos mais a sul. Sempre a crescer é o que nos vendem como necessário. Olhe à volta: conhece algo que assim seja sempre a crescer? Não está escrito em lado nenhum que prosperidade, qualidade de vida e bem-estar só sejam possíveis com crescimento. Aliás, no seu livro “Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno”, Serge Latouche torna evidente o absurdo e o erro do crescimento contínuo.

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almaraz

Durante cerca de 40 anos pouco ou nada se ouviu falar de Almaraz e a central esteve estes anos a laborar no mesmo sítio, no Tejo. Seja como for o fecho da central, quando acontecer, será muito mais exigente e complicado que a sua operação. Entretanto suspeita-se que o governo espanhol decidiu ampliar o tempo de vida de Almaraz e vai construir um aterro de resíduos nucleares. Duas questões ótimas para alimentar os ecologistas de cá e de lá. Tema sensível para tempo de antena, excelente para estes empregados da ecologia que vivem de programas e subsídios nacionais e europeus. A independência económica destes clubes verdes é muito ténue e quando assim é o resto adivinha-se. Obviamente a opinião pública e o governo vão atrás, têm que ir. Tudo isto parece que se reduz à necessidade de uma avaliação de impacte ambiental transfronteiriça e de uma queixa a Bruxelas como nunca antes tinha acontecido. Quem conhece um pouco de avaliação de impacte ambiental (AIA) sabe honestamente que, infelizmente, a esmagadora maioria das vezes este procedimento é um pro-forma legal que se ajusta às conveniências dos promotores; bem à medida. As decisões estão quase sempre tomadas e o elencar de um conjunto de medidas de minimização não resolve o “problema” mas serve para acalmar a corte. Comparar este folclore com a importância e interesse económico e social de Almaraz é ridículo.

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eleições locais

Este é o ano dos governos locais; há eleições autárquicas. E se o regime democrático nos trouxe coisas boas, esta, do poder local, está à cabeça. Todavia, por todo o país é possível fazer mais e melhor por menos, é só isto que se pede. Mais, exige-se que assim seja. Passada a fase das rotundas chegaram as pistas de gelo – pior do que isto, a nível local, é difícil.

É preciso mais, muito mais. Muitos, mas muitos concelhos por todo o país, com vantagem para todos, deviam ser fundidos. Todos sabemos quais. Só o não são por politiquices de trazer por casa e por falta de coragem dos decisores assente em graves problemas culturais. É por estas e outras que tais que somos pobres e vamos continuar a sê-lo.

Bem sabemos que em muitos concelhos as propostas de governo que vamos ter serão más, enfermam da cultura partidária que se sobrepõe a tudo o resto. Quem não andou a colar cartazes nas diferentes jotas e quem não está na máquina, por muito competente que seja, muito dificilmente tem condições de ser eleito. Mas seja como for, esta é a altura de subir a fasquia, temos, é um dever, de exigir mais para a nossa terra.

Vivemos dentro de um moderno modelo de colonização chamado progresso cuja principal característica é a não sustentabilidade:  o que fazer dentro de um cenário com a certeza da insustentabilidade?

Localmente, a insustentabilidade global pode ser sustentada?

Crescer e depois crescer é o modelo dourado que nos vendem como bom? É possível e será mesmo bom?

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Diário da Região (Setúbal e tudo à volta)

Colaboração regular com o Diário da Região.

É com gratidão, responsabilidade e expectativa que inicio esta colaboração periódica com o Diário da Região – primeira e terceira semana de cada mês.

Faço-o porque me identifico com os valores e matriz do jornal, essencialmente na sua dimensão local. É aqui, no local,  que existem os recursos que todos conhecemos; solo, água, território e, sobretudo, pessoas. É no local que vivem pessoas.

No inicio de mais um ano, tempo de balanços e prospectivas, a questão é, como ser feliz em 2017 na terra onde vivemos?

Andamos nas ruas, entramos num café, atendemos um telefonema e batemos na verdadeira crise – a crise dos cinzentos que somos, a grande massa de povo que se deixa (des)governar. Todos aqueles que conhecem todos os seus direitos, que esperam que as condições para serem felizes lhes sejam oferecidas por alguém. É altura de tomarmos a decisão de governar o nosso barco. O “serei feliz quando…” não existe! É a desculpa perfeita para sermos, cada dia, mais infelizes. Deixar de esperar que sucedam algumas coisas para sermos mais felizes é o primeiro passo para o sermos.

Texto completo em:

https://www.dropbox.com/home?preview=feliz+onde+nasci+-+ccupeto+-+10+jan+17.pdf

 

 

350

significativamente, com as palavras chave para 2017 atingiram-se as 350 publicações neste blog…

propósitos para 2017

palavras-chave-2017

 

no início de um novo ciclo (2017) defino os propósitos que vão merecer particular atenção nas minhas atitudes.

conversas de cesta

partilhar informalmente saber útil, esta é a tertúlia Conversas de Cesta em Cascais.

dia 8, 18:00, livraria Mais (Parede/Carcavelos/Junqueiro), Fernando Ziegler fala sobre autoconhecimento.

jan_2017p.f. partilhe com os seus contactos.

ano novo

Ano Novo é quase uma expressão mágica envolta por um véu que para além do qual desejamos espreitar e ter boas vistas. Sempre assim é e o resultado final é sempre o mesmo: ao dia sucede-se a noite e o amanhã depende do que somos hoje. Simples, certo e seguro; tudo o resto é bem mais incerto.

Vivemos um tempo de incerteza mas onde o essencial está à parte e por isso é certo. E nesta equação o mais relevante, a grande e boa notícia, é que esse essencial depende somente de cada um de nós.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan