alterações climáticas no Expresso

A seguir ao Ronaldo, este é o tema com mais longevidade e persistência nos media. Com um bocado de sorte, o Ronaldo acaba (daqui a muitos anos, espero) e o clima vai continuar na ordem do dia. Já que mais não seja porque o Serviço Nacional de Proteção Civil quer mostrar trabalho e declarou a chuva como inimigo público número um. Qualquer chuva serve para lançar algum tipo de alerta; provavelmente, as crianças de hoje, homens de amanhã, vão acreditar que chover é uma coisa má. Por esta altura, os campos do Alentejo estão surpreendentemente floridos. Será que é a primavera a chegar mais cedo?… Nada na Terra é estável e muito menos o clima. O problema é quando a mudança é desequilibrada, como é o caso. As situações extremas (seca e cheias) sempre aconteceram e irão acontecer, provavelmente com mais frequência, embora não se saiba onde e quando. No que respeita às alterações climáticas, se se disser a um bejense que é catastrófico que a temperatura suba em média 2°C ou mais, ele ri-se à gargalhada. Todos eles sonham com mais 2° C em Monte Gordo, para onde vão (quase) todos, no próximo verão. Estamos numa grave encruzilhada que poucos levam a sério. A par do cidadão de Beja, os nossos ecologistas, cientistas e políticos estão no mesmo saco; não podem ser levados a sério quando abordam tão grave problema com a proposta de troca de lâmpadas em casa ou com um frigorífico energeticamente mais eficiente. Na mesma ordem de ideias, o dia europeu sem automóveis é uma heresia hipócrita. Isto é qualquer coisa semelhante a tratar um cancro com uma aspirina. São urgentes medidas com outro alcance.

Texto completo em:

https://www.dropbox.com/s/rttp2mefleussya/c%20cupeto%20-%20alteraa%C3%A7%C3%B5es%20clim%C3%A1ticas%20-%20Expresso%2018%20de%20fev.pdf?dl=0

 

 

 

cidade educadora a pé

Évora cidade educadora soa bem. E depois o que acontece para justificar este interessante título? Ao conversar com os meus alunos que são doutras terras e aqui estudam fico esclarecido, se é que a opinião desta gente vale de alguma coisa. Mesmo que só me tenha lido pontualmente (tenho pena se assim for…), o mais provável é que tenha lido alguma coisa sobre o andar a pé, tema sobre o qual muitas vezes já aqui escrevi a vários propósitos. Andar é das minhas maiores convicções. Ando no campo e na cidade e garanto-vos que nada há de melhor; o que descubro e aprendo vale muito, mas, ainda melhor, é o bem estar que esse simples ato nos transmite. Fomos nómadas durante milhares de anos, muitos, mesmo muitos ainda o são, e há quem diga que são os humanos mais livres e felizes. Só conhecemos verdadeiramente um lugar, e as suas gentes, a pé. Os sentidos de proximidade como o tato, olfato e paladar, só se manifestam assim, a pé. Vem isto, hoje, a propósito do ir a pé para a escola, que, em setembro de 2015, por ocasião do início de mais um ano letivo, tive a oportunidade de abordar neste espaço. Na verdade, mesmo os mais distraídos já se deram conta, nas nossas pequenas cidades, vilas e aldeias, da agitação automobilística relacionada com o “levar a criança à escola”. Uma patetice louca.

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tejo a pé a Oeste (janeiro)

 

mais gente caminha.

quem o faz sente o bem desta prática.

no  Tejo a pé, uma vez por mês, caminhamos sem pressa: convivemos, olhamos, respiramos, sentimos e vivemos.

https://www.dropbox.com/s/mbp8d0kgsn5nx88/tejo%20a%20p%C3%A9%20no%20Not%C3%ADcias%20do%20Tejo%20%28caminhada%20em%20janeiro%29.pdf?dl=0

 

 

participar

Participar é das atitudes que mais falta fazem nestes tempos. Andamos muito afastados do que nos rodeia, demitimo-nos. Vivemos na ilusão de que o essencial (meios e recursos) – e porque não o acessório? –, está garantido. Parece-nos que é tudo seguro e confortável. Acomodámo-nos naquela conveniente ilusão para onde nos empurraram e nós deixámos. Este adormecimento é o que mais convém a quem nos governa. Mais do que sempre, participar é um dever. Entretanto, de quando em vez, surgem boas oportunidades que a maioria das vezes nos passam despercebidas. Está a decorrer o Orçamento Participativo Portugal. À semelhança do que se passa em muitos concelhos deste país, com os orçamentos participativos anuais, todos temos a oportunidade de propor ideias, de forma simples e expedita. Todos estamos em pé de igualdade e as ideias valem pelo seu mérito. Qualquer cidadão pode propor as ideias dos seus sonhos ou ambições, para o país, para a sua região ou terra. Às vezes até são ideias que não necessitam de muitos meios, mas como grandes ideias que são, resultam em grandes benefícios. Cada um de nós tem a oportunidade de mostrar o que vale sem custos. Podemos apresentar o número de ideias que entendermos, a sua aceitação vai depender do mérito de cada uma dessas ideias. Depois de propostas, as melhores ideias são escolhidas e postas à votação de todos os portugueses. Cada um de nós terá dois votos disponíveis e a oportunidade de votar em duas ideias, uma de âmbito nacional e outra de âmbito regional.

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refood – évora

Um dia destes ao fim da tarde fui a um dos nossos muitos supermercados, aqueles da nossa grande satisfação, e dei com um grupo de pessoas paradas num corredor…, percebi depois que esperavam pela fornada de pão quente. “Pão quente a toda a hora”, é com esta e outras tais que nos cativam como bons consumidores. Não aceitamos menos. Sou do tempo em que ia com o meu pai ao sábado à Torre dos Coelheiros, vá lá saber-se porque à Torre?, buscar o pão para toda a semana, “pão casero”. Para nossa casa e para uma série de vizinhos. Hoje muitos de nós não aceita comer pão de ontem. Mas os pobres, doentes, velhos, novos, desempregados, etc. continuam a ser nossos vizinhos e estes, muitas vezes, não têm que comer. Não é lá longe, como muitas vezes a televisão nos mostra, é na nossa rua. Pessoalmente não faço a ideia do que é viver com o ordenado mínimo, ter que escolher entre uma garrafa de azeite e as lâminas de barbear. Todavia sei que hoje, muito mais do que no tempo do pão da Torre, vivo numa sociedade de desperdício. O desperdício é uma das marcas do nosso tempo que mais me incomoda. Basta pensar no desperdício que nos caracteriza para perceber que “esta coisa” não pode ter um final feliz. Algo vai ter que mudar radicalmente. No mínimo é estranho, ou seja, para sermos mais correctos, é inaceitável um mundo em que a percentagem de obesos é semelhante à percentagem de pessoas com fome.

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peregrinar

peregrinar é o sugestivo tema da Conversas de Cesta.

domingo dia 12, 18:00, Livraria Mais (Parede/Carcavelos).

participar (por uma sociedade mais justa) é um dever.

 

“mostre o seu alentejo.com”

O que vou escrever, provavelmente,  é politicamente incorreto. Às vezes é preciso, não tem nada a ver com pessoas mas com o que as pessoas fazem, ou não fazem; todavia, as câmaras municipais, as organizações, etc. são efetivamente as pessoas. O turismo é um sucesso, as páginas do Diário do Sul assim o testemunham todas semanas, senão mesmo todos os dias. Ainda esta semana Estremoz é notícia por confirmar tudo o que já sabemos, número de turistas aumentou. Mesmo que nada fizéssemos para que assim fosse assim seria: todos os anos mais turistas. Isto é, o enorme sucesso da atividade turística, quase só, fruto de um contexto internacional e civilizacional “momentâneo”. O ir sempre para mais longe, sempre mais depressa, com maior frequência, e sempre mais barato e acessível é possível a mais humanos não é, obviamente, “eterno”. Continue reading

a nossa terra

O mais provável, mesmo que só me tenha lido uma ou duas vezes, é que o leitor saiba das minhas convicções pelo “valor do local”. Inúmeras vezes e com vários propósitos aqui o fui escrevendo. Na verdade, acredito que a “nossa terra”, os seus recursos e patrimónios, é o melhor que cada um tem além da família e amigos que, curiosamente, também devem ser incluídos nesta mais valia local. Quanto afirmo e reafirmo esta ideia, convém deixar muito claro que ela não deve ser confundida com o lugar comum “pensar global e agir local”. Pelo contrário, esta ideia tem contribuído para mascarar a coisa, isto é, o dito global, cada vez mais intangível e inexistente, pois só serve para ir aguentando um modelo a todos os níveis absurdo e insustentável. Por muitas habilidades que se possam fazer, e o global dá uma enorme ajuda, todos compreendemos que esta “verdade” em que temos vivido tende rapidamente para o fim. O conjunto de crises, moral, social, económica, financeira, etc., que nos têm batido à porta anunciam-no inequivocamente.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan