ervas daninhas

O que aqui hoje escrevo passa-se no Alentejo mas acredito que também  um pouco por todo o país.

Num almoço muito tardio em Évora saboreei uma magnífica poejada de bacalhau e ovo cozido. Quase em jeito de sobremesa, logo que saí do restaurante deparei com um outdoor, também ele tardio uma vez que respeita a um evento de maio de 2014. Anuncia-se um Festival de Ervas e Chás do Mundo a decorrer em Beja e Mértola.

Não está em causa a bondade da conhecida associação de desenvolvimento local que organizou o evento, muito menos o programa de desenvolvimento regional (dinheiros públicos) que apoiou financeiramente o evento, está em causa tudo. Não sei, nem quero saber, mas suspeito, das razões que levam às ervas do mundo em vez das Ervas do Alentejo. Como se o Alentejo nesta matéria levasse lições ou ensinamentos de alguém. Como se algum alentejano se interessasse pelas ervas do mundo, ou como se fizesse algum sentido falar das ervas do mundo em Beja. Que ervas e mundo são estes? O mais curioso é que se fizermos uma rápida leitura dos objetivos do evento e do vasto e rico programa continuamos a não compreender o porquê das ervas do mundo.

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3 de 3 (e agora?)

Em pleno oceano, isto é, em 2015, como vamos navegar? Como vamos ser felizes num país que tem tudo para o ser e, na generalidade, não o é?

Andamos nas ruas, entramos num café, atendemos um telefonema e batemos na verdadeira crise – a crise dos cinzentos que somos, a grande massa de povo que se deixa (des)governar. Todos aqueles que conhecem todos os seus direitos, que esperam que as condições para serem felizes lhes sejam oferecidas por alguém. É altura de tomarmos a decisão de governar o nosso barco. O “serei feliz quando…” não existe! É a desculpa perfeita para sermos, cada dia, mais infelizes. Deixar de esperar que sucedam algumas coisas para sermos mais felizes é o primeiro passo para o sermos.

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2 de 3 (cultura do risco)

Incentivar a cultura do risco é um dos desafios que Portugal tem de enfrentar. Porque não já em 2015?

Portugal padece do mal da passividade. Ser cauteloso, passivo e demissionário é uma atitude premiada em Portugal.

Não existe a cultura do erro, e quem falha, é condenado.

Vivemos num país em que, o medo de errar está enraizado nos padrões comportamentais das pessoas.

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1 de 3 (desafio 2015)

Este é o tempo em que se fazem balanços e se perspetiva o novo ano. Como se alguma coisa mudasse, se nada fizermos para isso. Chegamos a acreditar que qualquer coisa lá fora – talvez um novo governo ou um novo chefe -, poderá mudar duradouramente para melhor, se nada fizermos cá dentro.

A história repete-se ciclicamente e sempre alimentamos a esperança de que, alguma coisa vai ser diferente, só porque o ano mudou.

Sonhamos com o sucesso.

Exigem-nos, em cada instante e como resultado final, sucesso. Mas só sucesso não chega; temos que ser perfeitos.

Vivemos numa sociedade fortemente dominada pela apologia do sucesso, em que “nós somos aquilo que fazemos para deixar de ser aquilo que somos”. De tal forma, que o ser humano é instrumentalizado em função do que produz, e reconhecido somente pelo destaque e aceitação dos resultados das suas ações. Um exemplo paradigmático é aquele que se passa diariamente nas relações humanas. Quando conhecemos uma pessoa pela primeira vez, uma, das primeiras perguntas é:- o que faz? Qual o cargo que ocupa?

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan