Em pleno oceano, isto é, em 2015, como vamos navegar? Como vamos ser felizes num país que tem tudo para o ser e, na generalidade, não o é?
Andamos nas ruas, entramos num café, atendemos um telefonema e batemos na verdadeira crise – a crise dos cinzentos que somos, a grande massa de povo que se deixa (des)governar. Todos aqueles que conhecem todos os seus direitos, que esperam que as condições para serem felizes lhes sejam oferecidas por alguém. É altura de tomarmos a decisão de governar o nosso barco. O “serei feliz quando…” não existe! É a desculpa perfeita para sermos, cada dia, mais infelizes. Deixar de esperar que sucedam algumas coisas para sermos mais felizes é o primeiro passo para o sermos.
Algumas análises prospectivas, abundantes nesta altura do ano, referem que a globalização vai regredir. Provavelmente, esta é a ideia mais presente e mais forte nestes escritos no Mirante: o valor do local. Apostamos inequivocamente no local. É na terra onde nascemos, onde vivemos, que podemos ser mais felizes. Tudo aponta para o local, o up local, é o caminho para a sustentabilidade duradoura aos mais variados níveis, designadamente o pessoal. Vila Franca, Santarém ou a Chamusca, entre todas as outras, são terras fantásticas, banhadas por um rio único.
Vivemos num país que tem tudo para sermos felizes.
As nossas terras, cidades, vilas e aldeias, são magníficas. Temos todos os recursos necessários para vivermos bem, temos um património imaterial único. Na verdade, a escolha depende de cada um de nós. Chega da farra deliberada de deixar tudo igual e ficar à espera que algo mude para melhor!
É fundamental aperfeiçoar o conhecimento, melhorar os padrões gerais de cultura (processo educativo) e estabelecer redes de difusão de informação útil. Temos de voltar a saber que a castanha da Índia controla eficazmente o colesterol; que em poucas semanas a tensão arterial baixa consideravelmente com as sementes de linhaça moídas. É inteligente voltar a construir casas de adobe (terra), quentes de inverno e frescas no verão, saudáveis e que duram 300 ou 400 anos. Sabemos trabalhar a terra nas condições biofísicas que temos. A nossa floresta tem um potencial único veja-se o caso do montado de sobro e azinho.
No que respeita a infraestruturas, temos do melhor que há no mundo. Todos os dias os estrangeiros que escolhem o nosso país para viver o testemunham. Dizem-nos que na cultura vivemos momentos únicos.
O que nos falta?
Bons governantes?
Então e a nossa parte, está assegurada? De onde aparecem esses homens e mulheres que nos vão governar bem e levar ao sucesso?
Ainda acredita em passos de magia?
Jamais podemos esquecer que o futuro depende do que cada um fizer agora.
Carlos A Cupeto (com Vanessa Schnitzer)