polis continuada, vale do Tejo

Abrantes, Santarém e todas as outras cidades e vilas do vale do Tejo constituem “uma polis continuada”. Isto é, um território que deve ser abordado, gerido e vivido, como um todo. Entre o litoral, saturado de gente, a maioria ignorando a natureza e o campo, dos quais dependem, e o interior, drasticamente despovoado, o vale do Tejo tem, no contexto nacional, a justa medida para que todos possam aqui viver bem e felizes. Temos que acreditar que isto é possível, já que dispomos de todas as condições para que assim seja. Continue reading

paraíso natural

comemorar a Terra, dia da Terra, 22 de abril

O paraíso existe na nossa terra, é conclusão de quem tiver o privilégio de percorrer a nova Pequena Rota (PR4) – nas margens de Alqueva, no Rosário, concelho do Alandroal. São cerca de 9 km maravilhosos. A paisagem, os sons e os aromas da natureza, são indescritíveis. O ano hidrológico particular que vivemos possibilita, nesta altura, um incomparável matiz de cor na paisagem. No Alandroal, a paisagem é um património e um recurso com um valor incalculável. O mais extraordinário é que este paraíso na Terra está ao alcance de qualquer um, o Rosário está apenas a 15 km da A6 (saída Borba-Alandroal) e viver e sentir tudo isto não tem custos, é só chegar ao Rosário e passear na PR4. Uma verdadeira medida anti crise e, também, saudável. Vivemos num país maravilhoso, como poucos, e o Alandroal é um bom exemplo. Há muitos séculos que os nossos antepassados terão percebido a excelência destas paragens e por aqui andaram. Assim, os diferentes ângulos por onde se pode olhar, e viver, o concelho do Alandroal, trazem-nos sempre boas vistas: cultura, tradição, património construído, desde antas, o templo de Endovélico, divindade da Idade do Ferro venerada na Lusitânia pré-romana, sepulturas, os castelos e, ainda um ordenamento e ocupação do território de meter inveja a muitos outros lugares. Ao longo do percurso esta é umas das evidências que salta à vista, as construções, designadamente, os aglomerados urbanos e os montes de traço profundamente alentejano, em perfeita harmonia com a paisagem natural. Ao longe, o Alandroal é um território de largas vistas, Terena, e o seu castelo, ou , na aproximação ao Rosário,  a sua igreja e cemitério, são excelentes exemplos desta harmoniosa integração.

Também as gentes do Alandroal são de uma simpatia contagiante, sabem cozinhar como ninguém e fazem gosto em partilhar tudo. Esta boa terra de aloendros (Alandroal) e dos três castelos (Juromenha, Alandroal e Terena), à beira do Guadiana, hoje Alqueva, e a espreitar a histórica Olivença, goza de umas condições ímpares para o turismo de experiência. Neste tempo, que nos convida a olhar para o que temos à porta de casa, estas terras do Alandroal não podem ser esquecidas.

O Alandroal convida a ir e a viver, aproveite.

Dados práticos de acesso:

  1. A partir da A6, sair para Borba, saída 8;
  2. Seguir pela EN 255 até ao Alandroal;
  3. A partir do Alandroal seguir a EN 273, direcção a Elvas;
  4. Dois quilómetros depois cortar à direita em direcção ao Rosário;
  5. Início do Percurso PR4 junto à Igreja/Cemitério (no Cruzeiro), do lado direito da estrada antes de entrar na povoação do Rosário.

Veja album fotográfico em: https://www.facebook.com/tterrapt#!/media/set/?set=a.497732960286387.1073741826.317118741681144&type=1

 

interior

 Mourão

Mourão, um exemplo do interior com enorme potencial.

A maioria vive nas cidades do litoral e olha para o resto do país, para o interior, com um misto de curiosidade e desconhecimento; os que se atrevem a indagar, sobre o que é isto do interior, ficam muitas vezes surpresos. Surpresos porque o Portugal interior é fantástico.

O que nos falta no interior?

A biodiversidade, tem uma enorme densidade e diversidade, atinge padrões ímpares à escala da Europa, a história da Terra assim fez com esta parte da península seja particularmente rica em espécies, muitas delas já desaparecidas de outros territórios. O património construído é de uma rara beleza e retrata magnificamente a ocupação destas paragens pelo Homem desde tempos imemoriais. Culturalmente, desde as tradições e costumes até à gastronomia e ao cante, somos particularmente ricos.

Temos tudo o que há de melhor. E até as acessibilidades, indispensáveis para nos pormos rapidamente onde desejamos, são hoje excelentes.

O que nos falta então? Nada, não nos falta nada para sermos mais prósperos.

Ou falta-nos, quiçá, acreditar em nós e em todo o potencial de recursos de que dispomos? Falta-nos atitude.

Este, é pois, um território com imensas potencialidades. Com tantas parcelas positivas, como conseguimos então o “milagre” da pobreza, despovoamento e desertificação?

Se o turismo é uma oportunidade para o país, muito mais o é para o interior. E nesta matéria acrescentamos ainda, como todos o sabemos, as magnificas infra-estruturas que temos, designadamente, ao nível do alojamento.

O turista de hoje procura programas personalizados e de qualidade, que se traduzam numa maior seletividade dos consumos, na procura de uma melhor qualidade de vida, no maior interesse pelo meio e no crescente encontro de culturas. Isto é, um produto turístico à medida do Alentejo, onde é indispensável a participação ativa da população local. Resta ainda uma outra boa notícia, é que, pela qualidade e exclusividade que temos, o turista está disposto a pagar mais.

Que melhor oportunidade temos para aproveitar?

3 mundos

 

bombarral

 

Com a parcial repetição da caminhada de há quinze dias na Roliça, o objetivo era percorrer o melhor de dois mundos:

i. fazer o vale do rio Galvão, em tempos percorrido na PR2 de Cesaredas na Lourinhã; ii. subir à Picota, a 2ª posição francesa. Como apregoámos, o melhor de dois mundos, leia-se, de dois percursos por nós realizados anteriormente.

Todavia, inesperadamente, a estas duas jóias juntou-se uma terceira. A simpática e brilhantíssima Cláudia Manso, a arqueóloga da CM do Bombarral, que nos acompanhou em grande parte do percurso (Concelho do Bombarral) e que a todos encantou com a sua forma de comunicar o muito que sabe de arqueologia e história daquelas terras.

Como há 15 dias, o tempo ajudou-nos. E também, mais uma vez, tivemos a companhia de gente nova simpática e que facilmente se integrou. De resto, tudo ajudou; a paisagem, a temperatura, o tipo de percurso, a calma do andamento sobretudo de manhã, e sem dúvida, a boa disposição de todos. 

Acompanhar o rio Galvão, com um considerável caudal, no seu encaixado vale cársico é de uma rara beleza não muito comum no nosso país. As fotografias do Rui mostram esta invulgar beleza, mas só passeando por lá se consegue sentir tudo o que este troço do rio tem para nos dar.

Deixámos o rio, não sem antes fazermos uma estratégica paragem na excelente padaria/pastelaria no Pó, e pouco depois, entregámo-nos à Cláudia. Primeiro foi a gruta e povoado pré-histórico no monte da Roupa, depois, a história das lavadeiras da Columbeira que lavavam a roupa na ribeira e a secavam e coravam nos carrascos da vertente sul do monte, por isso o seu nome. Este pequeno trilho, como que suspenso sobre a planura do vale, é de uma rara beleza.

Mais uma vez, como há quinze dias, subimos pelo magnífico túnel de vegetação e, antes de chegar ao topo da Picota, visitámos o túmulo do Tenente – coronel Lake, onde a Cláudia nos chamou a atenção para a curiosa posição do túmulo, a ver o mar. Visitado mais um importante povoado, onde ainda há muito a escavar, chegámos ao esperado e tardio pic-nic, ao vento, no cimo do monte onde as vistas fazem esquecer, quase, tudo. Ponto ideal para ouvir mais história e, até imaginar a movimentação das tropas. Descemos por um excelente trilho e chegou a vez das grutas. Como descemos ainda tivemos que voltar a subir, por um charmoso trilho, até ao bonito planalto das Cesaredas a que se seguiu a descida para Reguengo Grande onde as latas com motor nos esperavam.

Tudo com muita tranquilidade e no fim estavam feitos cerca de 14 km, não sem antes cumprir o ritual do copo ou chávena, lá mesmo no ajustado Centro de Artesanato.

 Carlos A Cupeto, 8 de abril de 2013

turismo forever

 

turismo                                        Turismo, um rio de oportunidades

 

turismo forever

Nenhum sector, como o do turismo, tem sido tão recorrentemente referenciado ao longo dos anos como a grande oportunidade para o país. Nesta matéria podemos ler muitas das notícias, de há dez ou mais anos, e pensar que foram escritas hoje, se não olharmos a data impressa no jornal. A 5 julho de 2005, o Público refere, a propósito do congresso da Confederação do Turismo Português (CTP), a oportunidade do turismo sénior e de negócios. Dois anos depois, em junho de 2007, o mesmo jornal noticia que o Alentejo prepara o acolhimento a milhares de idosos europeus. Apenas dois exemplos. O que se passou entretanto? Muito pouco, ou nada.

As notícias de hoje são as mesmas. Qual o significado deste fato? O que nos pode levar a crer que agora é diferente? Que o atual Plano Estratégico Nacional para o Turismo (PENT), este sim, é para levar a sério?

Desde logo, não parece muito estratégico que no PENT sejam destacados 10 produtos estratégicos, desde o sol e mar, vinhos, golfe, estadas de curta duração, saúde, religião, etc. Está lá tudo. Como já sabemos, tudo é nada. Definam de vez um caminho e façam-no.

Um passo significativo nesse caminho é os responsáveis estarem conscientes do efeito bloqueador do labirinto dos pareceres, autorizações e licenças. Parece que já têm essa consciência e, assim, o governo vai fazer lobby nos corredores dos seus próprios ministérios no sentido de “agilizar processos e resolver problemas”, palavras do ministro Álvaro Santos Pereira. Para tal, foi criada a Comissão  de Orientação Estratégica para o Turismo (CIOET) na dependência do Primeiro-ministro. Daqui, se tudo correr normalmente, surgirão os tais grupos de trabalho e entretanto, as oportunidades passam; os investidores cansam-se e os ditos turistas rumam a outros destinos que não tenham este tipo de comissões.

Se há setor onde tudo está estudado e planificado  é o do turismo. Então o que falta? Falta fazer! Nesta matéria, do “fazer”, não se pede muito, se não sabem não atrapalhem quem quer, e sabe, fazer. Promotores e investidores anseiam por poder fazer e o país necessita-o.

Tudo isto parece vulgar, mas não é, é essencial.

Carlos A Cupeto

Professor na Universidade de Évora

cupeto@uevora.pt

campo para que te quero?

agri junta de freguesia do ferro    Fotografia: Junta de Freguesia do Ferro

campo, para que te quero?

O país rural de Orlando Ribeiro há muito que acabou. Vivemos, quase todos, amontoados na faixa litoral em aglomerados urbanos, na generalidade, sem qualidade e voltámos as costas ao campo. Todavia, lentamente, o contexto atual vai-nos mostrando que todo esse território despovoado, mas recheado de património, natural e construído, e de tradição tem um enorme potencial.

Aqui e ali, os bons exemplos tornam-se evidentes e a agricultura empresarial mostra-se viável. O associativismo no Oeste, um sucesso, vai muito para além da pêra rocha e está em franca expansão. A floresta, apesar de falada apenas quando arde, evidencia números que sustentam uma irrefutável mais valia. A par de tudo isto, temos um grande número de produtos de excelência com um enorme valor acrescentado. As fileiras do vinho e do azeite são um sucesso e mostram como se deve fazer. Interrogamo-nos, porque outros não seguem o mesmo caminho?

Mais uma vez temos um excelente potencial, subaproveitado, que se traduz em oportunidades que tendencialmente ignoramos. Quando assim não é, e algum empreendedor quer avançar, as dificuldades administrativas e licenciadoras são grandes e a cultura de risco é escassa. Isto é, tudo o que depende do homem parece querer contrariar as condições naturais que temos para o sucesso agrícola. É um jeito bem português, conseguir transformar uma equação positiva num resultado negativo. Assim, continuamos, alegremente, dependentes do exterior e a nossa produtividade, apesar das condições favoráveis de que dispomos, é muito abaixo da dos nossos parceiros e concorrentes.

Segundo as últimas noticias, até os consensos conseguidos no âmbito da PAC parecem ser-nos favoráveis, designadamente, no apoio às pequenas explorações e às medidas ambientais, tais como, as culturas permanentes extensíveis e os espaços agroflorestais com maior investimento em tecnologia florestal.

O aumento da procura alimentar aponta para que o sector primário possa ser uma parcela francamente positiva para o crescimento, emprego e conservação da natureza. Alguns investimentos de monta, nomeadamente ao nível do regadio, estão assegurados; isto é, existe um contexto favorável para o campo ter uma palavra na sustentabilidade do país.

É tempo de os empresários olharem para o campo e de os agricultores serem empresários.

Carlos A Cupeto

Professor na Universidade de Évora

Carteira de Jornalista nº 4846

 

 

 

rolar na Roliça

Pela primeira vez a um sábado, o grupo de 16 caminheiros andou pela mais antiga freguesia do Bombarral, a bonita terra da Roliça. Depois da, já habitual, ameaça do tempo, o dia acabou por se revelar fantástico. Não houve chuva, sol, vento, frio, ou qualquer outra coisa, que pudesse contrariar um caminheiro.

rolar na Roloça (pdf)

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan