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aeroporto circular

Convém lembrar que quando tratamos de aviões e aeroportos a escala é global. Ou seja, Lisboa é arredores de Madrid; no caminho em que estamos, queiramos ou não, cada vez mais o será. Nesta escala e contexto, Beja não é interior, não é arredor ou tão pouco subúrbio de Lisboa; Beja é Lisboa. Acontece que o aeroporto de Beja existe porque, em determinada altura, a Força Aérea escolheu esta localização pelas suas condições aeronáuticas excecionais e instalou ali uma base aérea que, em termos de área ocupada, é a maior da Europa e uma das maiores do mundo. Foi essencialmente por esta razão, qualidade aeronáutica excecional, que a Força Aérea alemã ali se instalou desde muito cedo. A escolha alemã, pelo que sabemos do povo alemão, devia-nos bastar para considerar Beja como uma hipótese muito séria. Mas não, andamos há 50 anos a ouvir tudo e todos de modo a justificar a inércia para a tomada de decisão.

Artigo completo na revista Visão:

https://www.dropbox.com/s/26z8kc58snanxtj/aeroporto%20circular%20-%20Vis%C3%A3o%20-%2013%20jan%2022.pdf?dl=0

Évora, Feira de S. João, miséria ideológica

No dia e à hora em que escrevo, ainda não fui à Feira; com o melhor ou o pior arrumo da coisa, variável todos os anos, essa circunstância em nada condiciona o que vou aqui escrever. Os factos, um pouco diferentes da opinião, têm dezenas de anos e desde há quase 30 anos que os escrevo no DS. Fui criado na Feira de S. João, primeiro no Chafariz d´ el Rei e depois vivi uns 7 ou 8 anos na Urbanização da Muralha, encostada à Epral. Fui das primeiras pessoas a ir para ali viver, ainda a aberrante avenida empedrada não existia (na circular à cidade, onde não vivem pessoas, asfaltou-se; onde se vive e há hotéis, calcetou-se).

Nessa época a “experiência Feira de S. João” não era passível de descrever, um absurdo. O que me diz a Feira no Rossio é, hoje, mais ou menos o mesmo, não tem ponta por onde se lhe pegue: salubridade, valorização e conservação do Centro Histórico, mobilidade, ordenamento, sustentabilidade, qualidade de vida, ruído, turismo, segurança, etc., etc.  A Feira é a negação de tudo isto e muito mais; tudo o que nos querem fazer crer nos outros dias do ano. A incapacidade da cidade para ter uma localização e infraestruturas adequadas à Feira, comprova tudo o resto que Évora hoje é; quem pode e quer ver, vê. Contra este forte conjunto de evidências, surge a retórica ideológica do debate, discussão pública, pluralidade e ideias e opiniões, etc. Tudo se resumiu, até agora, em incompetência e miséria ideológica. Uma jovem eborense, formada e informada, disse-me que a Feira no Rossio é bom para tapar a miséria que é o Rossio… No Rossio, ou à volta, conto oito hotéis, não considerando o Alojamento Local e os Hostels. A mobilidade em Évora não é má, é péssima, durante o mês de feira é pavorosa.

Não é preciso ir muito longe para ver o que Évora devia ter feito e não fez: Estremoz, Reguengos, Beja, Portalegre, Portel, entre muitos outros, são bons exemplos. Mais grave é a Feira no Rossio ser apenas um exemplo de quase tudo o resto: há algumas dezenas de anos que Évora parou e regrediu. Comparar Évora com Castelo Branco, Covilhã, Vila Real, etc., é chocante – “ri palhaço, chora homem, sofre cão.”

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan