cimeira de NY

ouvi a intervenção do nosso conterrâneo Guterres, brilhante.
honesto ao ponto de confessar que a sua geração falhou…, nós bem o sabemos.
segue-se depois o apontar de tudo o que temos de fazer; quem diria melhor?
falta só dizer como se faz?
sobre isso nem uma palavra. Vai falhar outra vez.
o Prof Marcelo foi na mesma linha e todos os outros assim farão.
não há transição possível, vamos bater no muro de frente e aí sim a coisa muda… se os dinossauros nos pudessem contar como foi…
as lágrimas da gaiata sueca não acrescentam nada, ela disse-o, devia estar na escola, como todos os outros meninos que enchem as avenidas dos países ricos com cartazes coloridos; Guterres, Marcelo, eu e você sabemos o que há a fazer mas estamos bem, até ver, e não fazemos.
entretanto viajamos para onde nos apetece por meia dúzia e Euros e vamos trocando de automóvel… aos costumes disse nada!
haja paciência.

novo aeroporto

porque não acredito em estudos de impacte ambiental não me passou pela cabeça ler o Estudo de Impacte Ambiental do aeroporto do Montijo. Por um passado recente com responsabilidades no Tejo sei bem da importância ecológica do estuário deste rio. Olha-se para a seguinte fotografia e parece-me absurdo fazer ali um aeroporto:


entre centenas de perguntas com difícil resposta faço uma: quanto custa preparar geotecnicamente estes solos para suportarem uma pista?

entretanto temos o aeroporto de Lisboa:

esta fotografia foi tirada da janela da cozinha de uma pessoa amiga que vive no bairro de Alvalade em Lisboa. Em largos períodos do dia a periodicidade da passagem dos aviões é de três minutos. Há dias em que ela tem de sair de casa porque não suporta mais o incomodo. Dificilmente poderia haver uma pior localização para o principal aeroporto do país. Não nos esqueçamos localização do aeroporto de Faro…

em matéria de aeroportos é esta a triste realidade de um país que nos dizem exemplar!

catástrofe planetária

Catástrofe planetária e Greta

O risco de uma catástrofe planetária é cada vez maior; isto é uma enorme verdade. A coisa aparece com o nome de “alterações climáticas”. Quase tão grave como esta realidade é o que se tem feito e a forma como surge na casa de cada um: um folclore inconsequente, uma oportunidade política para sacar mais uns votos, ou até uma moda, como todas as outras que, tal como aparecem, da mesma forma se vão… Reparem que na atual campanha eleitoral todos os partidos, ou quase, têm cartazes verdes a aproveitar a onda… Haja paciência, mas não há. O ridículo chega ao ponto de ser uma garota, Greta, de um país rico a liderar a festa.

Outra verdade é o tema ser mais um excelente campo de negócio de milhões para os mesmos de sempre: os mesmos que aproveitaram outras modas e que viraram agora especialistas em clima. Um dos produtos deste negócio são os planos de ação contra as alterações climáticas; ridículos é pouco para os qualificar. Há-os para todos os gostos e não há terrinha que não tenha um pano destes. Data de 2006 um primeiro Programa Nacional para as Alterações Climáticas. São os nossos impostos que os pagam aos tais consultores e especialistas. Entretanto, por causa de mais uma cimeira, esta em Nova York, as últimas semanas têm sido muito animadas.

Há paciência para manifestações, greves e recados de garotas confortáveis na vida que fazem mais mal do que bem à causa? As ruas das cidades ficam cheias de gente a gritar com cartazes, a cimeira passa e, como todas as outras, “aos costumes disse nada”, ou seja, fica tudo na mesma – quem tem piscina tem, viaja de avião as vezes que lhe apetece a custo escandaloso e quem tem fome, fica com fome. Nada muda. Greves palermas para nada, a não ser para tranquilizar consciências. Será que o Ministro do Ambiente também faz greve?

Quantas cimeiras destas já houve? Quais foram os resultados? Depois de cada cimeira a coisa piorou e continua a piorar. Por cá, temos um modo de vida totalmente insustentável: consumimos limões do Chile e vamos ali a Londres por 30 euros. Como é compatível a sustentabilidade do planeta com o turismo que todos conhecemos, cada vez com mais intensidade e que se deseja mais e mais? Tenham vergonha, deixem-se de cimeiras e fiquem em “casa” a fazer o que devem.


as mentiras da sustentabilidade

Talvez por ter começado há muito tempo, também há muito tempo que esgotei a paciência para as mentiras da sustentabilidade. Tenham paciência mas não acredito que um grupo de criancinhas a plantar árvores seja coisa significativa pelo ambiente.  Tranquiliza a consciência do coletivo depredador. Há uns anos a ONU definiu um conjunto de objetivos para a sustentabilidade até 2030 e seguintes (ODS). Irrepreensível no papel, só no papel. Mais do que objetivos para o desenvolvimento sustentável são utopias para a sustentabilidade. A semana passada a mesma ONU divulgou uma espécie de resultados onde Portugal surge em lugar de destaque como bom aluno. Que enorme mentira, em tudo de mais elementar: intensidade energética, gestão da água, produção de resíduos etc. estamos cada vez pior, com toda a verdade. É muito preocupante que a ONU divulgue este tipo de relatórios, enganadores, que alimentam a máquina e não convidam a arrepiar caminho. Não passa de conversa e política, política que entre nós até serve para uns palermas impreparados formarem um partido com sucesso e, não sei onde, na Europa do norte, uma gaita de 17 anos se tornar leader de opinião. A coisa é de tal forma grave que ainda a semana passada o norte do país ardeu violentamente enquanto que a poucos quilómetros, em Valência, devido a enxurradas morreram pessoas e os prejuízos materiais, designadamente na agricultura, foram incalculáveis. A coisa é mesmo de emergência muito séria mas até esta palavra, emergência, perdeu sentido pela leviandade com que é usada e abusada.

Há várias formas de terrorismo, a mentira em matéria de clima e ambiente é uma, bem grave.      

sustentabilidade do Alentejo

Uma improvável jornada na rentrée promovida pela Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC), sobre a estratégia de desenvolvimento do Alentejo para 2027, confirma o estranho que estes tempos são. Antes da ordem do dia uma palavra para os técnicos da CIMAC que, apesar do contexto difícil e apertado mostram entusiasmo.

A coisa começou bem quando alguém apelida esta nossa terra de “território virtuoso”. O resto tudo demasiado parecido como se fosse há 20 ou 30 anos. Mais ou menos os mesmos temas de sempre, nada de novo. Até os indicadores mais verdadeiros, como a taxa de resíduos per capita, continuam vergonhosos, mesmo que o Ministro Matos Fernandes e, sobretudo, o Dr. Costa nos contem o contrário. Pelo rácio produtividade/resíduo, podemos concluir que cada vez trabalhamos pior e que por isso mesmo somos mais pobres. Custa mas é verdade. O que se aprendeu entretanto? Novo é o sucesso (?) do “abençoado” turismo do nosso contentamento que mais uma vez muito me surpreendeu: então não é que apesar de tanto sucesso o sector exige dinheiro público para se promover? Coisa estranha esta de um vendedor de castanhas assadas na Praça do Giraldo, com sucesso, exigir à Câmara, isto é, a todos nós, que pague a publicidade do seu negócio…

De resto a grande novidade são as alterações climáticas. Excelente chapéu para todos os enganos. Apesar das previsões apontarem para uma redução significativa da disponibilidade de água, a coisa resolve-se com mais regadio. Ainda por cima mais regadio em culturas tradicionalmente não regadas como a vinha e o olival. Coisa estranha, parece uma história para crianças do infantário. “Pinta-se” a coisa de verde e já está… Os tempos são difíceis e por isso mesmo espera-se qualquer coisa de melhor. Há coragem para isso? Os poderes políticos regionais, sobretudo os dos partidos que ocupam os ministérios de Lisboa, vivem pacificamente com as enormes contradições entre o discurso e a realidade?

E quando a verdade nos bater à porta e entrar?

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan