A“geologia condiciona a vida”, escrito por um geólogo, cheira a exagero. Não é. Portugal é um país onde, pela contingência geológica, ao longo da história da Terra, esta verdade nos entra pela porta. A farta biodiversidade que, apesar de tudo (fogo, alteração climática, deplorável ordenamento do território …), é disto uma evidência. E na cultura é igual. O alentejano de Beja é diferente do homem de Portalegre. Com alguma atenção a margem esquerda (Serpa e Moura) é marcadamente diferente do resto do Baixo Alentejo, é outra gente e são outras açordas; a falha da Vidigueira (em alentejano lê-se Vdiguêraa) assim o impõe.
Lemos a história da Terra nas rochas e no que elas nos contam, as rochas são páginas do complexo livro, o planeta Terra, que hoje conhecemos. Tempos incomensuráveis (milhões de anos) e forças inimagináveis ditam esta escrita. A maré baixa na praia da Parede (Cascais) é uma página fantástica da história da Terra. Filões básicos, do tempo em que havia vulcanismo ativo em Lisboa, cortam as lajes subhorizontais de calcário – autênticos muros que entram pelo mar. Este apresenta magníficos xenólitos e um rejeito horizontal de mais de 2 metros.
O que é um xenólito?
Na licenciatura em Geologia na U de Évora, ensinamos a “causa das cousas” para melhor compreensão da Terra.
No Tejo a pé todos os meses fazemos uma caminhada/passeio onde, muitas vezes, partilhamos estes e outros saberes (neste blogue no tópico – “emoções com botas” há alguma informação).