aminata – correr em Évora

Todos, uns mais que outros, sabemos que quando se fecha uma porta se abre um portão. Ou, como uma lesão num joelho pode virar uma oportunidade? Quem corre a maratona sabe que a vontade de o voltar a fazer, e fazer novamente sem fim, nunca passa. De repente passou-me pela cabeça, talvez as Olimpíadas do Brasil não sejam inocentes, voltar à maratona. Porque não o Porto, a rainha das maratonas em Portugal? Como se viu recentemente no Rio, provavelmente, a maratona é a prova desportiva mais imprevisível, tantos são os fatores que contam. Mas o grande desafio acontece nos meses antes, a preparação. Se esta não for a conveniente chegado o dia não há santos que nos valham. Regressado de uns dias de férias, tomada, mais ou menos, a decisão há que passar há ação, a única forma de atingir objetivo, este ou outro qualquer. Quase como “quem corre por gosto não cansa”, com todos estes ingredientes, o disparate, chamado “excesso de treino”, estava mesmo ali à esquina. Na verdade, no pós-férias,   três dias consecutivos com treino de intensidade muito superior ao aconselhado só podia ter dado em lesão. Sobretudo quando as mazelas já são muitas e, com realismo, só faltava saber “onde queres esta lesão”? Assim foi, nesse terceiro dia praticamente não consegui dormir com o joelho a gritar de dor contínua, aguda e persistente.

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Pucariça (Aldeia do Mato – Abrantes)

Em boa hora nas minhas férias de excelência pelo Zêzere-Tejo passei e fiquei um tempo pela Pucariça.  Desde logo porque fui encontrar o casal Kau e Cláudia meus queridos ex-alunos de há muitos anos e amigos. As “coincidências” pregam-nos partidas, quase sempre boas como esta.

Na Pucariça conheci a TerradÁgua, as palavras certas são difíceis e provavelmente sempre escassas e redutoras. Muito agradeço à Marina e ao Tó Zé o provarem, na prática o que sintetizo na expressão UP LOCAL; na verdade o up local é uma realidade.

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pós-férias

Durante alguns anos tive responsabilidades públicas nos rios do Tejo, estudar, autorizar, licenciar. Sempre que possível, indiscutivelmente sempre que necessário, saí da secretária e estive no local; muito poucas foram as semanas que fiquei em Lisboa. Todavia, depois das férias deste ano, confesso-vos que não conhecia suficientemente a realidade; isto não significa que o serviço, no caso a ARH do Tejo I.P., não cumprisse a função: usar e valorizar a água.  Felizmente, desde a Guarda até Lisboa,  a equipa da ARH integrava técnicos locais de enorme valor e conhecimento que sempre apoiavam a tomada da melhor decisão  pelo bem público e interesse dos utilizadores, quase sempre conciliáveis.
Durante uma semana andei, no sentido literal do termo, a melhor forma de conhecer uma região, pelas bacias do Tejo e Zêzere, pelos pequenos e únicos rios destas grandes bacias hidrográficas.

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Paulo Ribeiro

otros mundos esteve em baixo.

Não esteve de férias, foi vitima de um ataque informático que o pôs of. Alguém que bem poderia usar as suas competências a fazer algo que valha a pena fez o que não deve.

Felizmente há sempre um “anjo da guarda” que anda por perto e repõe a devida Ordem.

Tenho o privilégio de ter trabalhado com o Paulo Ribeiro durante muitos anos; vi-o crescer como pessoa, sempre de grandes valores, e como técnico.

Nutro pelo Paulo uma grande admiração e amizade.

Ao longo da vida, em muitos e variados contextos trabalhei com muita gente de valor e enorme mérito, como o Paulo não há.

Expresso uma enorme gratidão ao Paulo Ribeiro a quem devo Otros Mundos e muito mais.

agosto

férias 2016 1

Fui tirar umas cópias num daqueles centros em que os comerciantes trabalham sem horas e sem meses; aqui agosto, quando tudo debanda em férias, é igual a qualquer outro mês. A senhora das cópias comentou que muito gostaria de voltar ao Gerês mas que a vida não a deixa. Também li sobre férias num jornal on line um artigo sobre o magnífico S. Lourenço do Barrocal, um cinco estrelas no campo aos pés de Monsaraz, onde alguém comentava e se queixava que “aquilo” não era para as posses de qualquer um…, grande mentira; fui lá tomar um café num soberbo fim de tarde e ainda provei magníficos vinhos sem pagar um tostão. Vivi como posso o cinco estrelas no campo mas garanto-vos que foram umas horas muito bem passadas.

Em Portugal o melhor é borla.

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certificação da treta

A saturação que assumo e escrevo resulta do que considero o ridículo “excesso de certificação”. É de tal forma que às vezes já dou por mim a desconfiar dos infinitos selos, isto é, das certificações e garantias, de alguns produtos. A continuar a assim um dia destes só terá valor o que não for certificado. Na verdade Portugal, em particular a nossa região, tem um conjunto de características que lhe confere uma grande quantidade de patrimónios de valor. Penso em tudo o que agora se certifica e classifica (fado, cante, chocalhos…) e também no que respeita aos “produtos da terra”. É aqui, nas pequenas e genuínas produções locais – mais uma vez o valor do local – que o nosso país pode ganhar relevância.

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the runner terroir

Mais de 40 anos depois os quarenta graus da canícula do domingo de agosto eborense mostrou-me um novo conceito. A corrida tem terroir? Tem. Trinta anos a correr no Alentejo, dez em Cascais – Lisboa e agora de novo Évora mostram – me que inequivocamente assim é. Será mesmo? O que distingue a corrida nestes dois ambientes tão diferentes: Évora e Cascais?

Cometi a loucura de correr às 11:00, não imagino a temperatura, corri no circuito do Alto dos Cucos, na verdadeira e autêntica floresta local de sobreiros e azinheiras, provavelmente o mais autêntico dos terroires alentejanos, onde nem o ondulado do percurso, tal como é o Alentejo, falta neste percurso. Para me confortar cruzei-me com outros. Aqui tudo é bom mas falta-me quase tudo. Falta-me a planura do beira Tejo onde gastei muitas sapatilhas, o cruzar com os mesmos de todos os dias, a brisa marítima, a recuperação no banho turco do Britânia…Tudo isto de Cascais é melhor? Não, seguramente. O sobe e sobe e desce do Alto dos Cucos, o piso de terra, a qualidade do ar e a proximidade de casa são valores fabulosos. E depois do esforço o que dizer de um banho no grande lago Atlântico, ou, em Évora, um duche no pátio do Siza? O que é melhor? Como sempre, provavelmente, a resposta mais certa está no dia de hoje, aqui no presente, onde estou; jamais no “lá ontem”. No entanto há diferença, não necessariamente melhor ou pior, se assim não fosse a mesma casta em terroires diferentes daria o mesmo vinho. Sentir a terra onde corremos e a ambiência do lugar ( o genius loci dos arquitectos ) é certamente o melhor para correr como para tudo o resto.
É melhor o Eduardo das Conquilhas que o Luís do Frei Aleixo? Não creio. O essencial posso controlar, não depende da qualidade do cozinheiro ou das sapatilhas ou de qualquer outro factor externo, depende de mim, só de mim. Este é o enorme desafio, o único desafio que nada tem a ver com os 40 graus do Alentejo ou com a brisa do Tejo. É também por isto que gosto da “oração da corrida”, fica muito claro o meu grande desafio. Assim seja até ao fim dos meus dias, correr sempre.

inovação inútil

neste tempo estranho que nos convida a esquecer do essencial a inutilidade parece ter valor.

esta é a hora de todos debandarem para as filas de trânsito à procura das magníficas praias que agora não o são.

inspirado na já escrita bicicleta de madeira a 30 julho o Expresso publicou a “inovação inútil”.

inovação inútil, in Expresso, 30 de julho de 2016:

https://www.dropbox.com/s/ow7ssbp9x18zvwk/inova%C3%A7%C3%A3o%20in%C3%BAtil%20-%20ccupeto%20-%20Expresso%2030%20jul%202016.pdf?dl=0

 

 

 

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan