O que vou escrever, provavelmente, é politicamente incorreto. Às vezes é preciso, não tem nada a ver com pessoas mas com o que as pessoas fazem, ou não fazem; todavia, as câmaras municipais, as organizações, etc. são efetivamente as pessoas. O turismo é um sucesso, as páginas do Diário do Sul assim o testemunham todas semanas, senão mesmo todos os dias. Ainda esta semana Estremoz é notícia por confirmar tudo o que já sabemos, número de turistas aumentou. Mesmo que nada fizéssemos para que assim fosse assim seria: todos os anos mais turistas. Isto é, o enorme sucesso da atividade turística, quase só, fruto de um contexto internacional e civilizacional “momentâneo”. O ir sempre para mais longe, sempre mais depressa, com maior frequência, e sempre mais barato e acessível é possível a mais humanos não é, obviamente, “eterno”.
Esta necessidade muito artificial criada por um modo de vida muito questionável e exacerbada pelos media e agências de viagens é, em muitos aspetos muito questionável, lá havemos de chegar. Ou seja, mais tarde ou mais cedo, nem que seja por uma crise energética global, algo de substancial neste quadro vai mudar. Seja como for, e aqui certamente estamos todos de acordo, enquanto as vacas estiverem gordas devemo-nos preparar. Inscreve-se provavelmente nesta linha o projeto de Centros de Acolhimento Turísticos que a CIMAC (14 municípios do Alentejo central) recentemente apresentou no Palácio D. Manuel. Muito relevante e significativo já que mais não seja para restaurar tão importante espaço, aproveitar para calcetar o Rossio e olhar para o maior escândalo eborense, que tantos tem, que é o abandono do Jardim Público. Abandono de um jardim centenário quando em Évora nada se fez em décadas de alternativo e quando existe nas paredes meias uma escola de arquitetura com pergaminhos mas também com muita responsabilidade na referida aberração.
Soube na sessão de apresentação que a CIMAC, através de um questionário muito mal construído e escrito, quer que cada um de nós lhe “mostre o seu Alentejo”. No mesmo sentido existe um portal onde o questionário e mais alguma coisa está disponível para todo o Alentejo central e arredores. Uma ideia estapafúrdia que só serve mesmo para estragar dinheiro. O que a CIMAC e os demais responsáveis têm de fazer é o que devem e, já agora, bem feito. Se têm dúvidas vão à Praça Joaquim António de Aguiar e vejam a Rota do Vinho, um excelente espaço que cumpre na integra o objetivo. É exatamente isto que devem fazer, não para o vinho, mas para o turismo em geral na nossa terra.
Façam o que devia já estra feito e, sobretudo, não estraguem dinheiro.