Há dias participei numa interessante conferência/tertúlia sobre a Transição em curso. Esta é uma palavra que chegou para ficar. Ao que ouvi, e se sente, estamos numa profunda mudança de paradigmas.
O mundo em que nascemos já não existe. Assistimos todos os dias à falência de muitos dos edifícios sociais e económicos em que descansámos durante décadas. Estamos agora no tempo da transição para algo diferente. O quê? Mudar o quê? Está é a grande questão. Onde chegámos, onde estamos, já todos, mais ou menos, o sabemos. Para onde vamos? É a grande questão.
Esta mudança faz-se a vários níveis, desde o mais pessoal ao global. Todavia aquele que mais nos interessa é o local. É a esta escala que podemos (devemos) atuar. Voltámos a saber que é a este nível que estão os recursos que nos são mais essenciais.
Ouvi que alguns já o estão a experimentar. Acontece por todo o mundo mas na nossa terra também. Em Portalegre no último verão aconteceu uma grande iniciativa, – aquilo que os mais antigos conhecem, a Ajudada; em Portalegre durante três dias ajudaram-se uns aos outros – Paredes, Telheiras (Lisboa) e Torres Novas são lugares onde há gente que veste esta camisola da Transição.
O movimento “Torres Novas em Transição” apresenta-se assim: “de forma geral, buscamos novas formas de estar, habitar, alimentar, educar e produzir conscientemente situados na nossa bio-região, informados pelas suas dinâmicas culturais, sociais e naturais.” No fundo é esta a incontornável Transição que está a acontecer, queiramos ou não. Nas nossas terras todos já concluímos que a mudança é incontornável. Um novo modo de vida, melhor, mais sustentável, mais solidário e mais dependente dos seus próprios recursos, saberes e cultura. Um modelo com mais valor e menores impactos. Soluções são necessárias e o nível local é a escala ideal para as encontrar e experimentar.
As nossas terras têm todas as condições para iniciarem um caminho neste sentido. Pequenos passos, com rumo, levam-nos a lugares bem melhores, inimagináveis. Quanto mais depressa começarmos melhor, sempre com pequenos passos não há razão para evocarmos os habituais impedimentos (crise, contexto internacional, atual situação, “governo”, etc.).
Temos três alternativas: ignoramos, assistimos ou participamos.
A escolha é sua.