biodiversidade

fotografia: Público

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Vivemos num país onde cerca de 25% do seu território tem o estatuto de proteção por algum motivo de relevância ecológica.

Para que não haja dúvidas, isto é um privilégio e uma enorme mais valia de Portugal.

A biodiversidade é o mais importante e significativo recurso do país. Que ninguém tenha dúvida.

No geral, um hectare do nosso território tem mais biodiversidade do que a toda a Holanda.

O reverso da medalha é que Portugal pouco ou nenhum partido tira desta realidade.

Somos um país de equívocos e também aqui não escapamos à regra.

Conservação da natureza em Portugal é tradicionalmente proibir. Na prática, viver no Parque Nacional da Peneda-Gerês, no Tejo – Internacional ou em qualquer outra área protegida é quase sempre um constrangimento em vez de um benefício e um privilégio. Proteger em Portugal, por ignorância, tradição, ou o que quer que seja, é sinónimo de “não”.

O equívoco é de tal maneira grande que, em tempos, um ministro do ambiente, que depois foi primeiro- ministro, reclamou que Bruxelas nos pagasse o “esforço” da conservação da natureza. Isto é, não se compreende o valor da biodiversidade e como é possível tirar partido deste fabuloso recurso, só se sentem os custos.

A biodiversidade tem efetivamente de ser protegida e valorizada, mas isso só é possível se for viva e vivida. Isto é, proteger e valorizar, como em tudo, é usar. O que acontece se nos limitarmos a fechar um automóvel numa garagem, sem o usar?

E, já agora, não esquecer que o bicho Homem faz parte do ecossistema natural. Vezes de mais, alguns discursos e posições colocam o Homem à parte de tudo o resto.

O caminho é a biodiversidade viva e vivida onde cada um, e todos, possam tirar partido do meio que os rodeia e onde vivem e trabalham. Se mais não for, contemplar a paisagem ou vender aos turistas que nos visitam um passeio de barco com observação de aves no estuário do magnífico Tejo.

“No final, apenas iremos conservar o que amamos, apenas iremos amar o que compreendemos, e apenas iremos compreender o que nos é ensinado.” (Baba Dioum)

Naturalmente que são necessárias regras, ordenamento, gestão e compromissos. Designadamente corresponsabilização. De resto é tudo muito simples, basta um código de conduta pela natureza: i. seja responsável pelos seus atos; ii. respeite as outras pessoas e seres vivos; iii. cuide do ambiente/natureza.

Mas atenção, há novos desafios que nos batem à porta, como as alterações climáticas. Estamos a fazer alguma coisa que valha a pena pelo nosso tesouro da biodiversidade além de gastar 5 milhões de euros a por areia nas praias da Caparica?

 

 

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan