Acampar em Portugal, o país que aposta na economia verde, é o perfeito retrato de um país estúpido.
Campismo selvagem é um daqueles conceitos estúpidos próprios de um país como o nosso, que insiste em ser pobre de espírito, e de um povo inculto que aceita barbaridades como esta.
Por um lado, infelizmente muitos não dão por isso, vivemos num território paradisíaco, temos uma natureza singular, única, que nos rodeia por todos o lados. Do mar ao campo, com rios onde se pode nadar e pescar. Nadar e pescar num rio é um bem com valor incalculável e um privilégio cada vez mais raro no planeta Terra. Desde logo, porque na Terra a água é bem raro (propositadamente não escrevo recurso). Porque estas evidências entram pelos olhos, muito bem, o Governo apostou na Economia Verde e desenhou uma estratégia para o Crescimento Verde. Numa palavra, o objetivo é valorar o imenso capital natural de que dispomos. Ainda no sentido de enaltecer e valorizar o capital natural que temos, por iniciativa igualmente governamental, foi criada a marca Natural.pt (acedam em www.natural.pt). E por aí fora, pois os bons exemplos são bastante comuns também pela mão da iniciativa privada.
Todavia, se um cidadão português ou um daqueles turistas bons que vai além da fotografia na Torre de Belém, Portas do Sol ou Templo de Diana quiser viver e usufruir deste património natural e acampar nas margens de um qualquer idílico rio, não o pode fazer. Em Portugal é proibido acampar no campo. Isto mesmo, leram bem: a este ato chama-se campismo selvagem. Para acampar em Portugal somos, paradoxalmente, empurrados para infraestruturas, parques de campismo, que tendem a aproximar-se das cidades onde vivemos e onde nada falta: shopping, restaurante, piscina, todo o tipo de entretenimento, às vezes até um bom ginásio, relvados e canteiros com flores, etc. Acampamos normalmente em cima uns dos outros, felizes e contentes. Obviamente que a natureza de que tanto precisamos, e muitos procuram, ficam à porta dos ditos parques.