caminhada-Tejo a pé

DIA 22 Outubro, PRÓXIMO DOMINGO, o Tejo a pé caminha nas margens do Tejo entre Lisboa e Loures no novo e fascinante PASSADIÇO.

O nosso encontro é às 9 HORAS, no estacionamento do lado de Lisboa, no final do Parque das Nações, junto à nova ponte pedonal sobre o rio Trancão: Rua da Cotovia, junto ao Clube Parque das Nações.

Será um muito fácil passeio linear (ida e volta) de 6 a 7 km onde teremos novas vistas sobre o rio, o sapal e toda a envolvente.

É muito provável que se avistem aves, quem tiver binóculos e câmara fotográfica deve levar. Mais do que nunca a ROUPA deve ser adequada às condições climatológicas do dia. Durante o percurso não há pontos de água, NÃO ESQUECER. Não há almoço no final, a meio do percurso haverá uma paragem em ponto adequado para o efeito.

Como sempre teremos boa conversa e partilha de saberes. No Tejo a pé o tempo está sempre bom, é um grupo de amigos que se junta para passear onde cada um toma conta de si e dos outros.

Máximo 50 participantes, por ordem de inscrição obrigatória.

rio, sapal, aves, Lisboa.

Transição Ecológica – vida local

  1. o Homem e o lugar, terroir, genius loci;
  2. recursos, abrigo, segurança;
  3. em set 23 compro limões da África do Sul a 1,8€/kg no Algarve, viajo de Lisboa para Londres por 30€;
  4. O Earth Overshoot Day (dia da sobrecarga da Terra) este ano em Portugal será em abril – em 2021 Lisboa foi a capital verde da Europa;
  5. problemas complexos não têm soluções simples e únicas;
  6. mitigação, adaptação, reversão/regeneração;
  7. um corte abrupto não é possível e seria muito mais catastrófico que as consequências da alteração climática – a China todos os anos constrói dezenas e dezenas novas centrais a carvão;
  8. este modo de vida não tem solução, falta tempo à “esperança tecnológica”;
  9. as escolhas/soluções locais têm conexão com o meio e são mais eficazes, inclusivas e equitativas;
  10. os recursos essenciais à vida são locais: água, solo, (qualidade do ar), território (Portugal vazio);
  11. geobiodivresidade;
  12. recursos escassos devem usados de forma útil, não destrutiva (ex: água);
  13. mitos, tabus e mentiras: Montalegre, set 23, lítio e jardim de infância;
  14. vida local, regenerar e valorizar;
  15. autonomia energética – ex: lixo;
  16. suficiência alimentar;
  17. segurança hídrica – Alqueva;
  18. isto não é uma opção política, é uma urgente necessidade política.

(tópicos de intervenção)

Ciclo de Conversas – Uma Saúde

Conversa de OUTONO

Clube da Natureza de Alvito

Alvito, 30 set 23

argila

Argila somente.

Argila, quando já tudo era a argila É.

Um “ser”, como cada um de nós, que não se repete, cada argila é única.

Provavelmente esta é a palavra mais local e global do nosso léxico. Local porque não há lugarejo que não tenha argila e global porque é o material mais comum, e mais rico, do planeta. Na verdade a argila, o simples barro, é o material mais precioso da Terra.

Os agricultores, sobretudo os da vinha, falam em terroir, os arquitectos em genius loci, qualquer homem se falar na argila como a mais autêntica alma do lugar não erra.

É mineral e rocha, primária e secundária. Quando tudo já se foi RESTA a argila – porque não, um resíduo? A mais das vezes (quando não é primária, este termo quer dizer que teve génese própria, não como resultado da alteração de outra rocha) a argila é, em boa verdade,  um resíduo.

Mineral de argila, um corpo natural cristalino formado em resultado da interação de processos físico-químicos em ambientes geológicos superficiais. Cada mineral é classificado e denominado não apenas com base na sua composição química, mas também na estrutura cristalina dos materiais que o compõem, neste caso, a argila pertence à família dos filossilicatos, a mesma família que acolhe a conhecida mica tão presente nos granitos da nossa terra.

Rocha (argila), material de natureza geológica formado por um ou vários minerais.

Argila primária, neo-formação, génese a partir processos geológicos que formam “diretamente” o mineral argila.

Argila secundária, resulta sempre da alteração (processo geológico físico-químico) de materiais geológicos pré-existentes, inclusivamente a partir de uma argila. Argila pode formar argila.

No fim, quando já tudo se alterou numa rocha o que resta? O que fica? A argila, pois bem!

O que é o envelhecimento humano senão uma alteração, química e física? Provavelmente uma carcaça humana velha, mesmo antes de regressar à terra, é qualquer coisa muito parecida com a argila.

A história do homem confunde-se com a argila. Somos terra, por isso somos argila.

Um dia, nos bancos da faculdade, ouvi um ilustre professor dizer que “a argila é o termo geológico mais complexo. Pobre país este que não conhece as suas argilas”. Desde esse dia fiquei a saber porque somos pobres, um país pobre rico em argila.

(Parede, 2017)

e se estes tijolos contassem a sua história? A do tempo geológico e a do tempo do Homem.

casta alentejana

Sou independente, democrata liberal que preza a liberdade individual e a responsabilidade perante os outros;  somos todos iguais nos deveres e nos direitos, nas oportunidades de estudar, trabalhar e de ter uma casa condigna. Entre outras, há duas coisas que me custam: conversar com alguém que se julga dono da “verdade” e ser politicamente correto, só porque sim.

Orlando Ribeiro, o maior geógrafo português de sempre, explica o que somos pelo terroir, isto é, pela geologia e clima. Se é assim com vinho e com tudo o resto porque não seria com os humanos? Na verdade, o minhoto é diferente do alentejano como Orlando Ribeiro exemplifica. Somos a terra onde nascemos e vivemos. Se não perceber isto paciência. Sou branco, cristão moreno, quase meio “aciganado”, nostálgico, homem do sexo masculino, alentejano e assim serei até ao fim; diferente dos algarvios, dos louros da Holanda e dos pretos de África. Somos todos diferentes. Aqui, no Alentejo, sobretudo a seguir ao almoço o ritmo de trabalho não pode ser elevado, nesta tarde de agosto em Évora estão 44 graus. Se não compreendem, os conterrâneos da Van der Laien que venham cá experimentar uma semana e depois conversamos. Não quero os queijos franceses, o vinho de Bordéus, as pizzas italianas ou os 5 jotas espanhóis; quero os queijos do Cano, os chouriços de Estremoz, o presunto de Barrancos, o vinho da Vidigueira ou Borba e o azeite de Moura. Isto, e tudo à volta, é o melhor do mundo para o meu modo de vida na terra onde nasci, onde sou feliz. Por isto e muito mais, sou um obcecado pelo up local, não agora, desde sempre. Eu sou, a vida que tenho é o que Sou, nem mais nem menos. Contrariar isto é contra a Natureza; o resultado da loucura que por aí anda começa a ser demasiado inequívoco para ser negado.

Escolhi ser remediado e feliz, na terra onde nasci, honrando a cultura e os saberes dos meus antepassados. Pode ser?

o essencial é simples

é simples e há muito que está identificado, basta ler os filósofos Estoicos; vida simples com valores. Procurar maneiras mais coerentes de entender o mundo, pela ciência, e encontrar as melhores opções para viver através da filosofia – tudo exatamente à medida da Consciência de cada um e, como dizia Marco Aurélio, com Responsabilidade. Tudo tem uma causa e tudo no universo se desenvolve de acordo com os processos naturais. Para viver uma “vida boa” devemos compreender duas coisas, a natureza do mundo (e por extensão, o nosso lugar nele) e a natureza do relacionamento humano (incluindo quando fracassa como ocorre tantas vezes). Devemos então considerar três pilares: i. a vontade de conseguir e a vontade de evitar; ii. o impulso de atuar ou não atuar na esfera do que é correto, com ordem, consideração e cuidado adequado; iii. não nos devemos enganar e julgar de ânimo leve (consentimento). Desejo (aceitação estoica), ação (filantropia estoica), consentimento (conscientização estoica). “Sou cidadão do Universo”, devemos viver de acordo com a natureza e isso nos confere uma enorme responsabilidade.

6,5€ em Espanha

a geologia condiciona a vida

A“geologia condiciona a vida”, escrito por um geólogo, cheira a exagero. Não é. Portugal é um país onde, pela contingência geológica, ao longo da história da Terra, esta verdade nos entra pela porta. A farta biodiversidade que, apesar de tudo (fogo, alteração climática, deplorável ordenamento do território …), é disto uma evidência. E na cultura é igual. O alentejano de Beja é diferente do homem de Portalegre. Com alguma atenção a margem esquerda (Serpa e Moura) é marcadamente diferente do resto do Baixo Alentejo, é outra gente e são outras açordas; a falha da Vidigueira (em alentejano lê-se Vdiguêraa) assim o impõe.

Lemos a história da Terra nas rochas e no que elas nos contam, as rochas são páginas do complexo livro, o planeta Terra, que hoje conhecemos. Tempos incomensuráveis (milhões de anos) e forças inimagináveis ditam esta escrita. A maré baixa na praia da Parede (Cascais) é uma página fantástica da história da Terra. Filões básicos, do tempo em que havia vulcanismo ativo em Lisboa, cortam as lajes subhorizontais de calcário – autênticos muros que entram pelo mar. Este apresenta magníficos xenólitos e um rejeito horizontal de mais de 2 metros.

O que é um xenólito?

Na licenciatura em Geologia na U de Évora, ensinamos a “causa das cousas” para melhor compreensão da Terra.

No Tejo a pé todos os meses fazemos uma caminhada/passeio onde, muitas vezes, partilhamos estes e outros saberes (neste blogue no tópico – “emoções com botas” há alguma informação).

um pormenor do filão – uma massa vulcânica viscosa, que aproveita as fraturas das rochas pré-existentes para ascender na Crosta. Dá-se então um fenómeno a que chamamos assimilação, onde alguns pedaços do encaixante não chegam a fundir (xenólitos) e são hoje uns elementos contrastantes no dito filão.
na fotografia geral vê-se, com grande evidência e contraste, o filão a cortar a rocha pré-existente. O pormenor da primeira fotografia está aqui em primeiro plano; na posição oposta, mais afastado, quando o mar “interrompe” o filão, vê-se este nitidamente deslocado para a direita, trata-se do rejeito referido. Na maré baixa, num pequeno passeio até à praia das Avencas, “encalhamos” em muitas ocorrências desta natureza e em muitas outras geodiversas.

a corrida, como a vida, é sábia

“Emoções com ténis” é um dos tópicos deste blogue. Surgiu porque a corrida faz parte da minha vida desde os 12 ou 13 anos, uma emoção que tem, quase, tudo lá dentro. Em agosto de 22, depois de uma retoma com três corridas realizadas, onde se inclui a “clássica do encerramento da temporada” na lagoa de Stº. André, na melhor das companhias, fraturei a perna direita. Entre falsas partidas, a corrida do Lusitano a “brincar”; desejo que hoje tenha sido o verdadeiro retorno. Como se vive sem correr depois de 50 anos a correr?

Um adolescente em Évora em 72 ou 73 ainda tinha mais dificuldade em praticar desporto do que hoje, praticamente sem escolha, comecei a correr na berma das estradas, sobretudo a estrada de Beja – Viana até ao “campo de aviação”, como lhe chamavam. Vão para lá viver para me compreenderem o que é Évora e o Alentejo no seu pior. Hoje quando peguei nos Asics, a marca de sempre, julgo que o coração bateu mais forte, quem me conhece sabe que não é preciso muito. Para ser justo, antes dos Asics, naquele tempo em Évora, não havia alternativa aos incontornáveis Sanjo, da ginástica do Liceu, comprados na rua de Aviz (sapataria Cabral?). Os primeiros Asics, na altura Tiger, foram comprados em Lisboa, no ano do Propedêutico, na conhecida espingardaria dos Restauradores. Ainda os tenho, uma peça de arte. Neste ano a corrida ainda era essencialmente em Évora, depois, na Faculdade de Ciências, o Clube Universitário de Lisboa (CDUL) foi o palco privilegiado durante muitos anos. Este tempo coincidiu com a época de ouro do fundo português e, muitas vezes, por lá me cruzei com o Mamede e Lopes, entre outros, que passavam à velocidade de ciclista, sempre acompanhados por uma enorme corte.

E hoje? Hoje não estava programado, mas tudo disse sim, quase que me vi a dar passos mais largos a maior ritmo sem perceber. Alguns instantes de medo (?) e nada mais. O cenário estava perfeito, sábado, dia em que as pernas têm a memória dos treinos longos Cais do Sodré – Parede ou Cascais, o lugar a “casa”, passeio marítimo Parede (Junqueiro) – Paço de Arcos, o tempo perfeito, da temperatura ao nevoeiro e à ausência de vento, etc. O resto foram emoções e essas só alguns as sabem contar.

Três quilómetros de imensa alegria, provavelmente também aqui não há acaso; gosto muito do número 3, Pai – Filho – Espírito Santo, 3 pastorinhos, mosqueteiros, porquinhos… e Sabedoria, Luz e Força; justo e prefeito.

A corrida, como a vida, é sábia.

agosto 23

PS – os 3 km de hoje muito facilmente me levaram a inolvidáveis momentos vividos com grandes amigos que aqui quero explicitar: Pedro L. Francisco (professor de educação física e ex-atleta do Sporting, corre como se pinta um quadro), Vanessa (“a Vanessa”), João F., Favinha (hoje um grande maratonista), Júlio (o enorme eborense que Cascais teve a sorte de acolher, que o digam as centenas que pôs e levou a correr) Pedro R. (o melhor massagista/fisioterapeuta do mundo), Belo (o alentejano de Reguengos, a elegância da corrida), etc., todos os outros que me desculpem não os citar.

água, seca – tudo como dantes

Vinte cinco anos depois, dezenas e dezenas de estudos, planos e estratégias, muitíssimos milhões de euros e eis que o Alentejo, depois do Algarve, tem um Plano Regional de Eficiência Hídrica do Alentejo (PREHA). Se pusermos em cima disto os 20 anos de Alqueva, tudo fica bem à moda desta coisa desgovernada que amamos e se diz Portugal. Nada de novo. Ao Alqueva e aos 25 anos de estudos falta somar as alterações climáticas para completar a equação essencial. Entretanto, os estudos sucederam-se e como é costume, “aos costumes disse nada”, com as estantes e as gavetas a aumentarem de tamanho; como quase sempre, o Estado não fez e não faz o que deve. Todos sabemos que é assim na água e no resto: estudamos, planeamos, mas falta, quase sempre, o implementar, monitorizar, avaliar e analisar resultados, para, finalmente, voltar a atuar mais eficazmente.

No Público, dia 16 de agosto, artigo completo:

https://www.dropbox.com/scl/fi/qbynjqajicbjgqioifdmz/gua-seca-P-blico-16-ago-23.pdf?rlkey=tdfi998oy0qbonktu1vqh7hh1&dl=0

regresso

hoje, 14 de agosto, volta www.otrosmundos.cc

c de Carlos e

c de Cupeto.

todos os mundos têm uma história. Numa caminhada com sentido de 350 km (Oviedo – Santiago de Compostela), em Ourense, en la tienda Otros Mundos, em 2012 esta história de otrosmundos.cc começou.

o mundo visto pelos meus olhos.

o mundo e tudo à volta.

desde o início de 2013 cerca de 750 escritos, muitos deles, a maioria, publicados em jornais e revistas. Organizados por duas dezenas de categorias: à beira-mar plantados, micro estórias, coisas de vinho, conversas de cesta, núticias, água, calhaus, economia verde, emoções com botas, Tejo a pé, ri palhaço chora homem sofre cão, (des)ordenamento; Marilyn…

boas leituras.

bem vindos comentários.

 os mundos, estes e os otros, agradecem.

PS – a minha gratidão especial vai para o Senhor Santiago, grande amigo sempre presente, para a galega de Lugo dona da loja Otros Mundos e para o Paulo Ribeiro um grande amigo de sempre que me acompanhou durante anos e que assim continua, agora à distância.

loucos a escrever

otros mundos

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan