ciência no verão por José Luís Patrício

Ao longo da subida fomos fazendo e levados a fazer várias observações. Onde estamos já foi fundo de mar. No chão da estrada de campo, apanhamos, literalmente, bivalves. Há pedras cheias de conchas incrustadas ou muitas conchas amalgamadas que se foram petrificando. Na berma, cortada para se fazer o caminho, abundam conchas. Pareceria que os povos que nos precederam, ali deixaram concheiros, depois de terem aproveitado as conchas para a sua alimentação. Não foi o caso. Uma subida ainda para vencer…, já me vou sentindo cansado. Alguém disse, na outra serra (a do Socorro), que, quando se sobe, é melhor não olhar para cima, para o que falta subir. Se formos subindo, passo a passo, damos connosco no ponto mais alto. Olhar para baixo, dá vertigem. Olhar para cima, pesa, tira ânimo e fadiga. Mais à frente, novo lance de subida. Já não falta muito, mas depois do que já andámos…, e cansa olhar.
Vemos pedras, flores, conversamos… Há uma pedra branca, na berma declivosa, cheia de cristais, uma borboleta, uma formiga preta na mesma pedra branca, carregando uma «palha» seca.

http://aterraeagente.blogspot.pt/2014/09/passeio-as-serras-do-socorro-e-da.html

tejo a pé em constância

Tejo a pe_ no Tejo (Consta_ncia, junho de 2014)-1-p1Tejo a pe_ no Tejo (Consta_ncia, junho de 2014)-1-p2

 

Finalmente, ao fim de alguns anos e cerca de 50 caminhadas, o Tejo a Pé pôs os pés na água, no Tejo.

O programa prometia e cumpriu. Com a competência da Ponto Aventura, excelente empresa de Constância, o dia teve de tudo um pouco: caminhada, suave e bonita, com cerca de 7 quilómetros sempre nas margens do Tejo, a fazer jus à motivação do grupo, Tejo vivo e vivido; depois, umas pagaiadas em canoa dupla de Almourol à Barquinha; um excelente repasto à beira Tejo com fataça frita, bom vinho e uma invejável tábua de queijos, com o simpático João a comandar as operações na cozinha, e já encantado com o seu aniversário, a 8 de julho, um mês depois; uns pés de dança e esplanada para outros, quase em jeito de sesta e, novamente, Constância com o mercado Quinhentista e as Pomonas Camonianas.

Um dia cheio e em cheio!

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a passo

A premiada escritora Rachel Joyce no seu primeiro romance A improvável Viagem de Harold Fry (Ed. Porto Editora) descreve uma caminhada como infinitamente mais do que andar: “caminhar é um acto lento que desacelera tudo, além de que, é uma espécie de regresso a algo básico, onde nos podemos relacionar com outras coisas mais intensamente e onde ganhamos noção de que somos pequenos e tudo o resto é muito grande”, diz a escritora à revista Time Out.

Texto completo (pdf):a passo 2014-08-07

a Oeste

vistas e patrimónios infinitos, assim é o Oeste

vistas e patrimónios infinitos, assim é o Oeste

Se há Portugal onde em pouco espaço imensos patrimónios se misturam esse lugar é o Oeste. Mar e terra, vinha e floresta, moinhos e aerogeradores, batatas e fruta, calcários e basaltos, sol e chuva, casais, aldeias e vilas, gentes. Um universo de patrimónios à mão de todos os que queiram.

Em Torres Vedras, desde há muito que a Câmara Municipal apostou fortemente na qualificação do território e na valorização do património natural como uma mais valia turística; o Oeste – Portugal Quality Coast é apenas um dos exemplos.

A rede de trilhos existentes, muito para além dos imensos fortes e das rotas dos invasores franceses, constitui, cada vez mais, um produto. Esta é também a melhor forma de conhecer o Oeste, desde logo o magnifico litoral pela Grande Rota da REN do Oeste que percorre cerca de 60 km ao longo das magníficas arribas de Torres Vedras, Lourinhã e Peniche.

Centremo-nos na Rota da Serra da Archeira, Pequena Rota circular a ser marcada em breve.

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vila velha

terras altas do tejo

terras altas do Tejo

O Tejo é muito mais que o Terreiro do Paço e a Lezíria.

Em Vila Velha de Rodão, nas terras altas, o Tejo assume uma beleza impar. Autêntica, onde os mais variados patrimónios se cruzam. Tudo parece estar em harmonia. As pessoas, o rio e tudo o resto têm encanto e encantam.

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garças e patos

 

paúl do Boquilobo, o charme das zonas húmidas (2 de março de 2014)

paúl do Boquilobo, o charme das zonas húmidas (2 de março de 2014)

Desde sempre no Tejo a Pé passámos a mensagem que o tempo para caminhar está sempre bom, umas vezes com sol, outras com chuva. O que verdadeiramente conta é o “tempo da cabeça de cada um”.

Com a ameaça de chuva mas, praticamente, sem chuva, os nossos passos pisaram as margens do Almonda e paúl  do Boquilobo. Terras por onde andaram os romanos, como testemunha a vila de Cardílio, que também visitámos, e certamente muitos outros. Onde há um rio há vida e assim foi sempre – os rios sempre atraíram pessoas.

A passo vivemos mais um pouco de um rio com vida, a possível.

 

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Portugal a pé

Portugal a pé é a melhor forma de conhecer o país. As suas terras, as suas gentes a sua cultura e os seus patrimónios.

Por todo o país uma infinidade de rotas, Pequenas Rotas e Grandes Rotas, disponíveis nos sítios de câmaras municipais, associações, grupos de caminhada são boas propostas.

Artigo em: Portugal a Pé

 

voar o Tejo

fotografia de Luís Morgado (Arqtº.)

fotografia de Luís Morgado (Arqtº.)

A ave de viajar pousada. A ave sabe. O que ela é, é o que ela sabe. Olho-a com olhos térreos. A sua forma trespassa o nevoeiro. Sei que a ave não diz. O que ela sabe é o voo que ela é.
(Bernardino Guimarães)

Um rio só é rio quando é vivido. Assim é o Tejo.

Domingo, dia 20 de janeiro de 2014, um grupo de quase 40 graúdos e pequenos viveram o Tejo no melhor que o Tejo tem, a lezíria e o estuário.

Como disse o poeta “do Tejo vai-se para o mundo” mas o Tejo, o seu estuário, também é um santuário do mundo. Por isso este é o espaço privilegiado de muitas espécies de aves, um sítio impar de acolhimento natural para estes bonitos seres vivos.

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paisagem musical, West Highland Way (Escócia)

 

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Esta é a história pessoal de uma caminhada numa das mais bonitas Grandes Rotas do Mundo, nas terras altas da Escócia.

Seis dias de uma surpreendente paisagem que em cada vista muda e nos inunda pela sua beleza.

” O  West Highland Way (WHW) é o mais antigo trail de longa distância da Escócia e um dos mais belos do mundo.”

Não sabemos se é um dos mais bonitos do mundo mas, depois de percorrer o WHW, podemos afirmar que é lindo de morrer. É muito mais que isso. O WHW é uma paisagem musical profundamente mágica. São 95 milhas, cerca de 152 quilómetros, que fazem bem ao corpo, à mente e à alma.

Ao fim de poucos quilómetros e algumas horas, entramos francamente noutro mundo. Toda a nossa vida as nossas preocupações ficam algures em stand by, o WHW transforma-nos subtilmente sem darmos por isso. Parece que aqueles seres mágicos da floresta celta como os gnomos, druidas e duendes, nos acompanham divinamente e nos fazem esta magia.

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porque me chamas? (história de uma peregrinação a Santiago de Compostela)

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Estas são as emoções (com botas) de uma peregrinação a Santiago. Cerca de 350 km pelo Caminho Primitivo, de Oviedo a Santiago de Compostela, sob o tórrido calor de agosto de 2012.

Pouco importa se o Santo lá tem os ossos, as Astúrias e também a Galiza valem tudo e muito mais; o resto, quase tudo, fica para cada um. A certeza é: umas botas nos pés e uma mochila às costas fazem bem ao corpo, mente e espírito.

Neste caminho nasceu OTROS MUNDOS a magnífica loja da bonita galega de Lugo.

Ande e viva!

“Quem chega a Santiago, depois de muitos quilómetros – quantos mais melhor – com uma mochila às costas, sabe do que falo.

– Deixa-me ficar.

Não quero ficar em Santiago, a Parede – onde vivo -, Cascais, Lisboa é muito melhor.

– Deixa-me ficar ligado ao meu mais profundo EU.

É isto que Santiago me dá.

Ligação a mim próprio, é o que consegues quando caminhas com sentido. Peregrinar a Santiago, para Santiago, pelo caminho das estrelas.

Quantas estrelas?

Quantos passos?

Quanta dor?

Quanto suor?

Quanta alegria?

Por sorte o Caminho Primitivo (Oviedo-Santiago, 343 Km) potencia tudo isto, e muito mais, como nenhum outro trilho, quase um fantástico segredo, muito bem guardado. Enquanto milhões andam pelo Caminho Francês, os que partem de Oviedo tiram um bilhete especial. Um bilhete que garante autenticidade, verdade, retiro e tudo o resto, magnitude.

“Si alguno (peregrino) se acerca triste, vuelve feliz” (Códice Calixtino, Libro de Santiago, Libro I Cap 17). Esta é a grande verdade. Centenas e centenas de anos com milhões de peregrinos a caminhar para Santiago. Porquê?”

Texto completo e fotografias (pdf):  Caminho de Santiago Final

 

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan