tejo

Tejo: “muito para além das suas margens, o rio são as pessoas e as pessoas são o rio. Desde há milhares de anos que é assim no Tejo, o melhor e mais bonito rio do mundo, porque é o nosso rio, mas também porque tem tudo, tem vida e tem alma, que contagia a quem ele toca. Como todos os rios maduros, a diversidade torna-o ainda mais precioso.

Uma bênção às terras que ele atravessa, desde a Beira, com uma beleza natural impar e estatuto de Parque Natural, até a um dos maiores estuários da Europa, em Lisboa. Um ponto singular a nível mundial em matéria de biodiversidade, designadamente no que respeita à avifauna. Contrariamente ao que possa parecer, o Tejo, como todos os rios, não divide, antes une. Une Santarém a Almeirim/Alpiarça, Abrantes a Rossio ao Sul do Tejo, Rio de Moinhos a Tramagal, Vila Nova da Barquinha/Tancos a Arrepiado, etc. Também Lisboa tem que inverter o habitual paradigma da separação da margem sul pelo Tejo. É o contrário, as duas margens estão unidas pelo Tejo. Este pensamento, ao revés, muda tudo.”

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apicultura

O meu vizinho Agnelo Ferreira é um homem de saberes, prático, pioneiro e de convicções. Faz apicultura como hobby e sempre me falou da importância das abelhas e da sua preocupação pela crescente ameaça à espécie.

O tempo vem-lhe dando razão, não só é mais comum ler sobre a importância das abelhas como um ser fundamental à vida na Terra, como as ameaças à sua existência são cada vez mais assustadoras.

É mediático falar-se do lobo, do lince, do panda etc. No entretanto, esquecemo-nos do essencial: abelhas, borboletas e minhocas. Devido à contaminação do meio estes seres estão fortemente ameaçados.

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agricultura biológica

Mais do que acreditar no campo estamos convictos que o campo é o futuro, já hoje.

No nosso campo os produtos tradicionais de qualidade que todos conhecemos valem pela qualidade.

A resposta só pode ser esta: não temos condições para competir em quantidade, só a tipicidade dos nossos produtos locais pela suas características diferenciadoras se pode impor no mercado, gerando retornos aos produtores bastante mais atrativos.

Na Europa uma galinha de quinta custa três a quatro vezes mais que um frango de aviário.

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campo e turismo

Como todas as moedas, também a crise tem uma face positiva. Entre outras, obriga-nos a olhar à volta. Cerca de 80% dos europeus vivem em cidades e na China todos os anos 40 milhões de pessoas deixam o campo e rumam às cidades.

Cidades que não têm o que o campo oferece, ou seja, enormes oportunidades. Por cá é disso que se trata – Portugal tem uma matriz essencialmente rural e recursos praticamente esquecidos que, por força das circunstâncias, começam agora, felizmente, a ser olhados de forma diferente.

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porcos

longe vão os tempos do porco ao fundo do quintal

longe vão os tempos do porco ao fundo do quintal

 

A atividade pecuária, em particular a suinicultura, é um excelente exemplo para retratar o país que somos e que não devemos ser. Estamos em presença de um sector empresarial com largas tradições económicas e sociais no país. Incontornável. Ou será que se quer importar ainda mais carne do que aquela que já se importa?

Como mal de todas as grandes desgraças nacionais, o (des) ordenamento do território encarregou-se de colocar loteamentos (pessoas a viver) ao lado dos porcos. A partir daí toda a gente ralha e todos têm razão. Desde logo porque o porco cheira mal, cá, na Alemanha ou em França.

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campo para que te quero?

agri junta de freguesia do ferro    Fotografia: Junta de Freguesia do Ferro

campo, para que te quero?

O país rural de Orlando Ribeiro há muito que acabou. Vivemos, quase todos, amontoados na faixa litoral em aglomerados urbanos, na generalidade, sem qualidade e voltámos as costas ao campo. Todavia, lentamente, o contexto atual vai-nos mostrando que todo esse território despovoado, mas recheado de património, natural e construído, e de tradição tem um enorme potencial.

Aqui e ali, os bons exemplos tornam-se evidentes e a agricultura empresarial mostra-se viável. O associativismo no Oeste, um sucesso, vai muito para além da pêra rocha e está em franca expansão. A floresta, apesar de falada apenas quando arde, evidencia números que sustentam uma irrefutável mais valia. A par de tudo isto, temos um grande número de produtos de excelência com um enorme valor acrescentado. As fileiras do vinho e do azeite são um sucesso e mostram como se deve fazer. Interrogamo-nos, porque outros não seguem o mesmo caminho?

Mais uma vez temos um excelente potencial, subaproveitado, que se traduz em oportunidades que tendencialmente ignoramos. Quando assim não é, e algum empreendedor quer avançar, as dificuldades administrativas e licenciadoras são grandes e a cultura de risco é escassa. Isto é, tudo o que depende do homem parece querer contrariar as condições naturais que temos para o sucesso agrícola. É um jeito bem português, conseguir transformar uma equação positiva num resultado negativo. Assim, continuamos, alegremente, dependentes do exterior e a nossa produtividade, apesar das condições favoráveis de que dispomos, é muito abaixo da dos nossos parceiros e concorrentes.

Segundo as últimas noticias, até os consensos conseguidos no âmbito da PAC parecem ser-nos favoráveis, designadamente, no apoio às pequenas explorações e às medidas ambientais, tais como, as culturas permanentes extensíveis e os espaços agroflorestais com maior investimento em tecnologia florestal.

O aumento da procura alimentar aponta para que o sector primário possa ser uma parcela francamente positiva para o crescimento, emprego e conservação da natureza. Alguns investimentos de monta, nomeadamente ao nível do regadio, estão assegurados; isto é, existe um contexto favorável para o campo ter uma palavra na sustentabilidade do país.

É tempo de os empresários olharem para o campo e de os agricultores serem empresários.

Carlos A Cupeto

Professor na Universidade de Évora

Carteira de Jornalista nº 4846

 

 

 

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan