ambiente para quê?

…a avaliação de impacte ambiental (AIA) só serve verdadeiramente a quem não deve estar no mercado. Para quem trabalha bem, faz o que deve, não precisa da AIA – atrapalha, empata e convida à aldrabice. Há uns bons anos alguém disse: “o ambiente é aquela coisa que me rodeia por todos os lados e que não me deixa trabalhar.” Na verdade, o ambiente não pode ser visto como um mero meio castrador e proibitivo, mas antes como um fator de competitividade. Assim o saibamos entender, a começar pela tutela. É uma oportunidade para os investidores e uma mais-valia para quem vive neste magnífico território. Desenvolvimento e qualidade ambiental são, não só compatíveis, como necessários. São a mesma face da moeda, apesar de muitos ainda não o terem compreendido.

artigo completo no Expresso de 22 de dez de 2018:

https://www.dropbox.com/s/19lfam2x1t24ez7/avalia%C3%A7%C3%A3o%20ambiental%20-%20Expresso%20-%2022%20dez%2018%20-%20carlos%20cupeto-pages-35.pdf?dl=0

Outros artigos sobre o tema “sustentabilidade” no Expresso na Categoria “Expresso” – no final desta pagina do blog.

desordenamento da pobreza (PNPOT)

Em Portugal, o ordenamento do território é tão importante quanto inconsequente. Inconsequente, porque tudo o que se planeia no papel fica uns anos à espera da próxima revisão/actualização. Os ciclos de planeamento esgotam-se nas gavetas.

O Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), proposta de lei aprovada no Conselho de Ministros Extraordinário de 14 de julho último, é a mãe de todas as estratégias. A coisa é tão absurdamente óbvia que não necessita de justificação; todavia vai falhar, mais uma vez, tão só porque é de impossível implementação. É neste ponto que estamos em Portugal, é assim na Europa: a política do ordenamento do faz de conta.

Artigo completo no jornal Expresso:

https://www.dropbox.com/s/24flijur0jpbuy4/desordenamento%20e%20pobreza%20-%20Expresso%20-%2011%20ago%202018%20-%20carlos%20cupeto.pdf?dl=0

turismo com ciência

Apesar de alguma degradação ecológica, sempre negada pelo Ministério do Ambiente, e exagerada por ecologistas, Portugal goza de um conjunto de patrimónios únicos e de grande valor. Entre eles destaca-se o património natural, que nos dá uma enorme riqueza, não quantificada, se não ignorada. Aqui, sim, está o nosso valor distintivo até para o turismo, para além de tudo o resto, como a agricultura.  O sucesso do próprio sector vínico quase tudo deve à enorme geobiodiversidade que temos.

Vem isto a propósito da “cauda longa” aplicada ao sector do turismo. Podemos e devemos estruturar produtos turísticos que abranjam franjas do mercado de alto valor e distintivas; isto é, que outros não têm. Muito para além do lugar-comum “turismo de natureza” – onde quase tudo cabe –, devemos atender ao turismo científico. O novo Dino Parque na Lourinhã, que trouxe novamente o tema dos dinossauros para as páginas dos jornais, é um excelente exemplo. Este Parque só existe parque há em todo o litoral do Oeste, de Torres Vedras a Peniche, um património paleontológico Mesozóico ímpar. Poucos territórios no mundo têm tantas jazidas mesozoicas como o Oeste. Todavia, como sempre acontece por esta terra, este magnífico território geológico está dividido administrativamente por concelhos e, sobretudo, pela cabeça dos actores: a Lourinhã tem um excelente grupo de especialistas e Torres Vedras tem outro. É mais ou menos como no surf, cada um com a sua onda. Portugal tem, na verdade, um enorme e incomparável potencial para o turismo científico de grande valor. A própria capital, Lisboa, tem um enquadramento natural ímpar, a Reserva Natural do Estuário do Tejo é um hot spot mundial em matéria de aves. Quase no centro de Lisboa, do outro lado, em Vila Franca, há uma infraestrutura magnífica, que os outros não têm, o EVOA (Espaço de Visitação e Observação de Aves) que, absurdamente, se bate com dificuldades para sobreviver. Quantos portugueses conhecem o EVOA? Como se pode promover um recurso desta dimensão se nós próprios não o conhecemos? Os atores do turismo em Portugal conhecem o EVOA? Depois da massificação, da quantidade, é avisado diferenciar e valorizar.

Artigo completo:

https://www.dropbox.com/s/96r2wd7lbwrwoov/carlos%20cupeto%20-%20turismo%20com%20ci%C3%AAncia%20-%20Expresso%205%20maio%202018.pdf?dl=0

congresso nacional da água no jornal Expresso

Mais um congresso, para novos desafios? Que desafios? Que novos desafios são estes? Renovar e adaptar normas, regulamentos e legislação? Mais legislação? A Directiva Quadro da Água não chega? Mais reuniões, congressos, seminários e todo o tipo de eventos relacionados com o tema? Há alguma semana em que isso não aconteça?

E depois, o que fazemos com os estudos e conclusões dos congressos. Os recentes acontecimentos do Tejo respondem.

Texto completo no jornal Expresso:

https://www.dropbox.com/s/jx2c1w13efaoic6/c%20cupeto%20-%20recursos%20h%C3%ADdricos%20-%20Expresso%20-%2010%20de%20mar%C3%A7o%202018.pdf?dl=0

Portugal, caro e perigoso

A brandura que nos caracteriza, em quase tudo, não se confirma em matéria da perigosidade natural do nosso território. Portugal é um país naturalmente perigoso e cada vez mais o será. Provavelmente, os tais brandos costumes levam-nos viver o dia ignorando esta dispendiosa realidade sem nada fazer. O ano de 2017 é excelente para ilustrar esta verdade: fogo e seca.

O país é perigoso devido à sua localização geográfica (incluindo uma coisa que se chama geodinâmica interna; neste caso a perigosidade vem-nos da “localização tectónica”), à sua geodiversidade, ao seu clima e à sua exposição atlântica. Com este contexto, a probabilidade de acontecerem fenómenos naturais perigosos é elevada. A tendência é que esta realidade se agrave progressivamente perante as alterações climáticas em curso, que se juntam assim à variabilidade climática e a tudo o resto já referido. Apenas sabemos que este tipo de ocorrências, que causam danos humanos e materiais, dando lugar ao risco, serão cada vez mais frequentes, intensas e imprevistas.

Artigo completo na edição do Expresso de 3 de fev. de 2018:

https://www.dropbox.com/s/dlamzomfvygmmv6/carlos%20cupeto%20-%20Expresso%203%20fev%202018%20-%20portugal%20caro%20e%20perigoso.pdf?dl=0

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan