“Emoções com ténis” é um dos tópicos deste blogue. Surgiu porque a corrida faz parte da minha vida desde os 12 ou 13 anos, uma emoção que tem, quase, tudo lá dentro. Em agosto de 22, depois de uma retoma com três corridas realizadas, onde se inclui a “clássica do encerramento da temporada” na lagoa de Stº. André, na melhor das companhias, fraturei a perna direita. Entre falsas partidas, a corrida do Lusitano a “brincar”; desejo que hoje tenha sido o verdadeiro retorno. Como se vive sem correr depois de 50 anos a correr?
Um adolescente em Évora em 72 ou 73 ainda tinha mais dificuldade em praticar desporto do que hoje, praticamente sem escolha, comecei a correr na berma das estradas, sobretudo a estrada de Beja – Viana até ao “campo de aviação”, como lhe chamavam. Vão para lá viver para me compreenderem o que é Évora e o Alentejo no seu pior. Hoje quando peguei nos Asics, a marca de sempre, julgo que o coração bateu mais forte, quem me conhece sabe que não é preciso muito. Para ser justo, antes dos Asics, naquele tempo em Évora, não havia alternativa aos incontornáveis Sanjo, da ginástica do Liceu, comprados na rua de Aviz (sapataria Cabral?). Os primeiros Asics, na altura Tiger, foram comprados em Lisboa, no ano do Propedêutico, na conhecida espingardaria dos Restauradores. Ainda os tenho, uma peça de arte. Neste ano a corrida ainda era essencialmente em Évora, depois, na Faculdade de Ciências, o Clube Universitário de Lisboa (CDUL) foi o palco privilegiado durante muitos anos. Este tempo coincidiu com a época de ouro do fundo português e, muitas vezes, por lá me cruzei com o Mamede e Lopes, entre outros, que passavam à velocidade de ciclista, sempre acompanhados por uma enorme corte.
E hoje? Hoje não estava programado, mas tudo disse sim, quase que me vi a dar passos mais largos a maior ritmo sem perceber. Alguns instantes de medo (?) e nada mais. O cenário estava perfeito, sábado, dia em que as pernas têm a memória dos treinos longos Cais do Sodré – Parede ou Cascais, o lugar a “casa”, passeio marítimo Parede (Junqueiro) – Paço de Arcos, o tempo perfeito, da temperatura ao nevoeiro e à ausência de vento, etc. O resto foram emoções e essas só alguns as sabem contar.
Três quilómetros de imensa alegria, provavelmente também aqui não há acaso; gosto muito do número 3, Pai – Filho – Espírito Santo, 3 pastorinhos, mosqueteiros, porquinhos… e Sabedoria, Luz e Força; justo e prefeito.
A corrida, como a vida, é sábia.
PS – os 3 km de hoje muito facilmente me levaram a inolvidáveis momentos vividos com grandes amigos que aqui quero explicitar: Pedro L. Francisco (professor de educação física e ex-atleta do Sporting, corre como se pinta um quadro), Vanessa (“a Vanessa”), João F., Favinha (hoje um grande maratonista), Júlio (o enorme eborense que Cascais teve a sorte de acolher, que o digam as centenas que pôs e levou a correr) Pedro R. (o melhor massagista/fisioterapeuta do mundo), Belo (o alentejano de Reguengos, a elegância da corrida), etc., todos os outros que me desculpem não os citar.