ciganos

Quem me conhece há 50 anos sabe que sempre fui admirador da cultura cigana. Talvez pela irreverência e liberdade deles. Recentemente tive famílias ciganas como vizinhos. Confesso que, como os ciganos, tenho alguns gostos “excêntricos”; gosto de escolher a música que ouço e não gosto de lixo e porcaria. Vem isto a propósito de um relatório do Conselho da Europa que identifica Portugal como um país onde as comunidades ciganas continuam a ser discriminadas e a viver à margem da sociedade.

Era muito bom que estes especialistas europeus fossem mais longe e nos dissessem como é que se ultrapassa esta situação? O que falta fazer em Portugal para que os ciganos não se sintam marginalizados e discriminados? Por cá, os ciganos podem ir à escola, podem trabalhar, pagar e usufruir da segurança social. Têm todos estes direitos e muitos outros. Também podem ir ao cinema e ao futebol, é só chegar à bilheteira e comprar o bilhete. Talvez algumas famílias ciganas possam ir até Bruxelas e, na prática, os especialistas do Comité Consultivo da Convenção Quadro para a Proteção das Minorias Nacionais demonstrarem-nos como se faz. Este seria um dinheiro muito bem empregue, ao contrário de todos os milhões que se gastam em inserção e programas sociais do faz de conta. O resultado está à vista. Já ficava satisfeito se fosse muito bem definido e conhecido como é que as comunidades ciganas desejam ser inseridas para não se sentirem marginalizadas. Talvez Bruxelas saiba e nos queira dizer.  Já agora, poupem-nos por favor, à listagem de direitos, esses todos os conhecemos, passem directamente para os deveres.

Comments are closed.

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan