Uma improvável jornada na rentrée promovida pela Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC), sobre a estratégia de desenvolvimento do Alentejo para 2027, confirma o estranho que estes tempos são. Antes da ordem do dia uma palavra para os técnicos da CIMAC que, apesar do contexto difícil e apertado mostram entusiasmo.
A coisa começou bem quando alguém apelida esta nossa terra de “território virtuoso”. O resto tudo demasiado parecido como se fosse há 20 ou 30 anos. Mais ou menos os mesmos temas de sempre, nada de novo. Até os indicadores mais verdadeiros, como a taxa de resíduos per capita, continuam vergonhosos, mesmo que o Ministro Matos Fernandes e, sobretudo, o Dr. Costa nos contem o contrário. Pelo rácio produtividade/resíduo, podemos concluir que cada vez trabalhamos pior e que por isso mesmo somos mais pobres. Custa mas é verdade. O que se aprendeu entretanto? Novo é o sucesso (?) do “abençoado” turismo do nosso contentamento que mais uma vez muito me surpreendeu: então não é que apesar de tanto sucesso o sector exige dinheiro público para se promover? Coisa estranha esta de um vendedor de castanhas assadas na Praça do Giraldo, com sucesso, exigir à Câmara, isto é, a todos nós, que pague a publicidade do seu negócio…
De resto a grande novidade são as alterações climáticas. Excelente chapéu para todos os enganos. Apesar das previsões apontarem para uma redução significativa da disponibilidade de água, a coisa resolve-se com mais regadio. Ainda por cima mais regadio em culturas tradicionalmente não regadas como a vinha e o olival. Coisa estranha, parece uma história para crianças do infantário. “Pinta-se” a coisa de verde e já está… Os tempos são difíceis e por isso mesmo espera-se qualquer coisa de melhor. Há coragem para isso? Os poderes políticos regionais, sobretudo os dos partidos que ocupam os ministérios de Lisboa, vivem pacificamente com as enormes contradições entre o discurso e a realidade?
E quando a verdade nos bater à porta e entrar?