Ferro Rodrigues: “Os políticos não podem ser tratados pior do que cães” (Público)
Comentário de Ana Cristina: “conversa de parvoíce, nunca fui roubada por um cão”
Ferro Rodrigues: “Os políticos não podem ser tratados pior do que cães” (Público)
Comentário de Ana Cristina: “conversa de parvoíce, nunca fui roubada por um cão”
hoje o Público pública um trabalho com base no relatório do Eurostat sobre as finanças públicas dos Estados membros não é preciso ler, basta ver os gráficos, Portugal: -3ª maior dívida pública; -menor investimento público; -5ª maior despesa com a banca. conclusão: estamos cada vez mais pobres e mais no fim da Europa. e se pensássemos um bocadinho?
ontem no jornal Público, Agostinho Pereira de Miranda, faz uma análise do mais “recente livro de Paul Collier, The Future of Capitalism, merece ser destacado pela sua clareza, profundidade e utilidade.”
“A sociedade capitalista tem de ser próspera mas também ética. Collier entende que se deve começar pela definição de direitos e obrigações, ao nível da família, da empresa e do Estado. O conceito-chave é o da reciprocidade. Nenhum direito individual sem a correspondente obrigação. Não podemos continuar a esperar que as obrigações recaiam sobre o Estado paternalista, que nas últimas décadas anestesiou o sentido de responsabilidade e de identidade dos cidadãos.” |
este domingo, dia 28, voltam as Conversas de Cesta.
partilhar o que cada um tem na cesta.
sinta-se convidado e convide.
Devemos todos saber que o maior dos perigos, também ele não legislável, vem de outro tipo de famílias. Há uns anos, num daqueles congressos internacionais, para pouca ou nenhuma coisa, tive a oportunidade de conhecer o jovem presidente da Junta de Freguesia de Oeiras. Um rapaz bem vestido, muito bem-falante e etc. Nunca mais vi ou me lembrei de tal criatura. Até que, na semana passada numa boa iniciativa do Parlamento decorreu mais um “Café de Ciência” dedicado à água e à seca; na mesa onde fiquei, para além, do “velho” e conhecido ex-presidente da CM de Moura, Pós-de-Mina, surgiu um rosto que me “incomodou” durante algum tempo por não me recordar de onde o conhecia. Precisamente, a tal jovem promessa de Oeiras. Agora virou especialista em água, é Director Delegado dos Serviços Intermunicipalizados de Água e Saneamento de Oeiras e Amadora, empresa que também tem um Presidente do Concelho de Administração entre muitas outras coisas. Suspeito que o Director Delegado seja licenciado em direito. O país, nós todos, muito lhe agradecemos mais este serviço em prol do bem comum. Obviamente que todos sabemos como e porquê este tipo de cargos acontecem; obviamente, é transversal a toda a manjedoura política. Na verdade este novelo de clientelismo político de uma classe, verdadeiramente, mafiosa é muito difícil de desatar. Não consigo imaginar como vamos sair deste beco e darmos passos em frente no sentido de um estado de consciência mais elevado donde resultará uma sociedade mais justa e um mais rico. Acontece, e eles não dão por isso, ou fingem não dar, que a massa anónima que trabalha e sustenta tudo isto com os seus impostos, começa a dar sinais de saturação; diz-nos a história que o resultado disto não é coisa boa. Eduardo Dâmaso no editorial da revista Sábado escreve uma série de “absurdos” sobre o Juiz Desembargador, ex-presidente da CM da Figueira da Foz e novo Secretário de Estado do Ambiente. Como este jornalista ainda não foi preso só temos que acreditar que escreve a verdade. Assim estamos nós, cantando, rindo e assobiando para o lado.
Vai na volta, afinal, vivam os primos, comparativamente inofensivos.
Em Évora, na sexta feira fui ao teatro, aos Celeiros da EPAC. Bons artistas, bom espectáculo. Como professor/estudante paguei três euros. Estavam cinco espectadores, os artistas eram três, fora todo o outro pessoal envolvido, desde a menina que vende os bilhetes… Bem sei que já paguei muito mais através dos impostos absurdamente elevados sobre o meu trabalho que o Estado me cobra. Também sei que há pequenas cidades do interior, por exemplo a Covilhã, onde as salas esgotam e as representações têm que ser repetidas para satisfazer a procura. Isto faz-me pensar. Esta realidade de Évora, esta pobreza, não é de agora. Sempre assim foi. Não é só centro histórico que está em ruínas, as calçadas estão impróprias, a iluminação publica é deplorável (já repararam na principal entrada de Évora, as portas do Raimundo?), as marcações horizontais são inexistentes… Em Évora há uma Universidade com uma Escola de Artes. Quantos alunos e professores do Departamento de Artes Cénicas viram este espectáculo? E dos restantes? Évora é a cidade que pretende ser cultural e que é candidata a capital europeia da cultura 2027: rimos ou choramos? Isto não é uma interpretação pessoal ou política da coisa, isto não é um texto de opinião, são factos. Só não vê quem não quer, ou não pode. Estamos, pois, perante uma encruzilhada muito difícil de resolver. Não há solução mágica para Évora. O país não nos vai ajudar, antes pelo contrário. O país está de tanga, como nunca esteve. Já perceberam isso? O que fazer? Como mínimo, para começar, é incontornável abrir os olhos.
Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan