évora no seu pior

Há muito que tenho a profunda convicção que, para alguns, governar na pobreza é uma opção estratégica de sobrevivência. Em Évora, com umas duas décadas de atraso como mínimo, o atual executivo anunciou, no início do seu primeiro mandato, que Évora iria ter um parque de autocaravanas. Mal e porcamente, cerca de 5 anos depois, surgiram, junto à piscina do AMINATA, umas placas de parque de estacionamento a anunciar a coisa. Esta coisa começou mal, continuou muito mal e não pode ficar bem. Não pode ficar bem porque, na verdade, a opção não é fazer desta terra uma terra rica. Ao atraso de 20 anos, seguiu-se uma embrulhada com o convívio entre “povos nómadas”, ciganos e auto-caravanistas.

Como estes tempos andam patetas, impõe-se uma nota: quem me conhece sabe que sou admirador do povo e cultura cigana, a questão fundamental não foi essa. Estamos agora na fase de um “parque de autocaravanas” que apenas tem o nome… Quem passa pela zona ao final do dia, ou de manhã, compreende que a coisa tem muito potencial. Por isso incomoda muito que Évora não tenha um parque de autocaravanas com qualidade distintiva para uma grande lotação, 100? Este parque, fortemente arborizado, e com várias infraestruturas de apoio, convidaria esta, cada vez mais, significativa tribo, não só a pernoitar em Évora mas a permanecer por cá mais tempo. Já agora a coisa devia existir também para camionistas e motociclistas, com as suas especificidades e óbvia separação física. Pode haver esperança?

Sado e Arrábida, cumplicidade

O Setubalense e a Universidade de Évora promoveram no dia 21 uma meia jornada para falar da Arrábida e do Sado. O objetivo é ambicioso e invulgar, cosntituir uma rede de ligações inovadores entre gentes de saberes diferentes e aparentemente contraditórios . Convidaram-se todos os principais atores e a conversa está aberta à população. Parece-nos óbvio que os interesses das diferentes partes, designadamente a proteção e valorização do ecossistema, podem e devem ser complementares e convergentes. Porque razão, eventualmente, assim, não é? Porque razão proteger e valorizar a Arrábida e o Sado não podem ser compatíveis com atividades económicas rentáveis? Deseja-se uma Arrábida e Sado vivos e vividos. Dia 21, amanhã no Convento de S. Paulo,  queremos promover o início de uma conversa positiva e franca, simples e despretensiosa, que possa contribuir, ano após ano, passo a passo, para uma agenda de valorização e proteção do território. Uma conversa cúmplice onde cada parte assuma os seus deveres e direitos. Este território tem uma profundidade que se funde com as pessoas que o habita e configura uma paisagem única que sintetiza uma dimensão natural, religiosa, cultural, social e económica que não pode ser ignorada. Há que realçar a identidade deste lugar e   potenciar a sua apropriação pelas gentes que cá vivem, como parte integrante deste ecossistema. Poucas terras têm um património natural desta dimensão. É legitimo que este tesouro não seja delapidado e possa ser benéfico para quem cá vive. Assim, durante uma manhã vamos convergir para objetivos simples, consensuais e comuns. Qual é a agenda essencial para a Arrábida e Sado? Quais são as ações incontornáveis que devem ser assumidas pela Arrábida e Sado?  O Sado une territórios e a Arrábida eleva-os ao céu.

Reportagem no Setubalens:

https://www.dropbox.com/s/59w53xll0mo9nue/jornada%20arr%C3%A1bida%20-%20sado%20%20Edi%C3%A7%C3%A3o%20133-p%C3%A1ginas-1%2C4-5.pdf?dl=0

conversas de cesta, dia 24, 18:00

tertúlia, conversas de cesta, uma rede informal de partilha de saberes úteis.

participe e convide.


Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan