interior miserável

Ao interior miserável junta-se agora a miséria da fronteira.

Mentira e mentira.

Provavelmente a mais vergonhosa fake news que por aí anda.

Tenho profunda convicção do contrário, com risco de me tornar arrogante. Não me convencem do interior pobre.

Tenho muita curiosidade em saber se a mentira que nos impingem é por ignorância ou se é intencional? Agora, como se a maldição cinzenta do interior não nos chegasse, junta-se o fatalismo da fronteira, como terra de ninguém, até agora, esquecida. A coisa é tanto mais grave quanto a responsabilidade de quem o apregoa.

Ao território rico que temos, com recursos (solo, água, ar, …) e infraestruturas, faltam pessoas. Não falta, nem nunca faltou dinheiro. Será que alguém está interessado que assim permaneçamos, ignorantes, pobres de espírito, a acreditar no interior miserável? O discurso da miséria só interessa à miséria, aos que só sabem governar na pobreza. É esta a verdadeira razão? Provavelmente.

Não acredito em paliativos do tipo “descriminação positiva para o interior despovoado”, acredito sim nos recursos do interior no valor desta terra. Temos tudo o que há de melhor. O que nos falta então? Nada, não nos falta nada para sermos mais prósperos. Ou falta-nos, quiçá, acreditar em nós e em todo o potencial de recursos de que dispomos? Falta-nos atitude, estamos moldados durante muitos anos pela educação e cultura da pobreza na esperança em alguém que nos vem salvar. Chegamos lá não com as esmolas de programas e apoios, mas sim pela elevação e desenvolvimento das pessoas. Educar para a riqueza e não para o coitadinho. Isto, é a última coisa que quem nos governa quer.

Comments are closed.

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan