Pelas razões que todos sabemos a floresta continua na ordem do dia. Pode parecer um paradoxo, mas para escrever sobre floresta vou-me fixar na nossa magnífica capital, Lisboa. É verdade, Lisboa tem uma floresta magnífica e admirável que devia servir de exemplo para todo o país. Mais, o exemplo do Parque Florestal de Monsanto pode e deve constituir motivo de orgulho para todos nós. Saibam que qualquer desses emblemáticos parques verdes, mais ou menos urbanos, que as grandes capitais mundiais exibem e que todo o mundo conhece, até pelo cinema, são ridículos quando comparados com Monsanto. No meu tempo de menino, ir a Lisboa visitar o Jardim Zoológico era um sonho de todas as crianças. Pois bem, o Zoo que me desculpe, mas Monsanto está muito à frente. O sonho das crianças e pais de hoje devia associar Monsanto ao Zoo.
Desde logo, pela sua origem: Monsanto foi plantado, há escassos oitenta anos, para purificar o ar da baixa lisboeta – os ventos dominantes isso asseguram –, e também para recuperar uma zona altamente degradada pelas dezenas de pedreiras que forneciam Lisboa. Este projeto, enquanto recuperação paisagística – coisa hoje tão na moda, mas pouco mais que isso –, não tem paralelo mundial. Mas o que me traz a este escrito não é nada disto. É algo, quase divino, debaixo dos nossos narizes, que nos diz o que fazer ao nosso degradado campo: todas as espécies existentes em Monsanto, e a sua localização, foram criteriosamente escolhidas. Mas a jóia são 10 hectares de reserva integral, vedados, onde não há maneio humano, e aos quais o público não tem acesso. Foram apenas 20 anos – a natureza foi deixada em paz e fez o que só ela sabe. O que se passa para lá da rede é sublime, uma floresta luxuriante totalmente autossustentável. É isto que temos que fazer no nosso campo: plantar em cada lugar as espécies adequadas e deixá-las fazer o seu trabalho. Incluindo o mediático tema das alterações climáticas, isto é o melhor que poderemos fazer. Vão ver Monsanto, é o desafio que aqui deixo a quem estuda e decide.