vida

vida, caminho de pedras ou flores

Há vidas inacreditáveis, num e noutro sentido. Quando esbarramos nelas sentimos bem o seu peso, escuridão ou virtude. Na prática muito mundana a grande questão é saber, como ultrapassar e sair de uma história escabrosa que, por alguma razão nos tocou? Estas histórias só me fazem sentido se houver antes e depois.

Acredito que há um antes e um depois que justifica muito do inacreditável da presente vida que não compreendemos e que nos custa a aceitar. Mas, na verdade, o labirinto que é a vida dá-nos enormes oportunidades. Se assim não fosse tudo começava e terminava igual. São os sucessos, como a aceitação e o desapego, ou os trambolhões que nos levam ao fundo do poço, que motivam o crescimento pessoal enquanto seres em evolução, tal qual como na escola. Embora já tenha percebido que a vida ultrapassa sempre Hollywood confesso-vos que ainda não tenho imaginação para perspetivar até onde pode chegar a dimensão diabólica de algumas histórias. Arrepia-me pensar a causa, o que pode justificar uma vida tão escabrosa. Como aceitar? Como compreender? Muitas vezes só depois do virar da página conseguimos ter alguns vislumbres do que vivemos e dos ensinamentos que podemos retirar. Numa ida ao cinema corresponde ao regresso a casa, quando o filme termina, só aí começamos a ter algumas pistas de luz da mensagem que o enredo nos transmitiu. Escuridão só se pode combater com luz.  A vida é um mistério, haja Luz para a iluminar. Ou, talvez, o melhor mesmo é ficar “à espera de nada”, como sugere Tolentino de Mendonça no seu último livro.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan