arquitectura paisagista

Justamente e em boa hora o DS deu a capa ao aniversário dos 40 anos de Arquitetura Paisagista(AP) na nossa Universidade. A data comemorativa é muito oportunamente assinalada, mas deve também merecer alguma reflexão. Nalguns aspectos estou numa boa posição para o fazer. Desde que estou na UÉv que tenho alunos de AP, muito trabalhei com AP, no ministério do ambiente, e não só, muitos projetos de arquitetos paisagistas me passaram pelas mãos, tenho amigos e colegas arquitetos e conheço bem muitas obras que saíram do lápis de AP.

Devo começar por dizer que a AP é o mais valioso e próprio traço identitário da UÉv. O perfil do arquitecto paisagista está bem acima do nível do país e o curso de Arquitectura Paisagista é, muito provavelmente, o melhor curso da nossa Universidade. Escrevo e repito “nossa Universidade” intencionalmente, para comprometer a região. É, no mínimo, vergonhoso que a região não enalteça a sua Universidade. A UÉv tem de ser estimada e valorizada, incondicionalmente, pelo Alentejo. A AP tem de ter o lugar que merece, na atitude de cada um de nós, e os pais e professores antes de admitirem que os filhos e alunos vão estudar para qualquer outra universidade, têm o dever de os incentivar a estudar na UÉv. Acreditem mesmo que, a par da AP, temos na nossa Universidade do melhor que se ensina em Portugal e arredores. Acresce que ninguém melhor que nós interpreta e gere os nossos recursos naturais, patrimoniais e culturais.

A AP na nossa Universidade está de parabéns, devemos agradecer a Gonçalo Ribeiro Telles, Cruz de Carvalho, Nuno Mendonça, Cancela D’Abreu e a muitos outros, mas muito mais que isso devemos merecer o legado que nos deixaram. Se o país não o faz a região, tem o dever de valorizar um saber único e vanguardista que associa várias áreas do conhecimento como nenhum outro.

No que respeita a Évora o exemplo não é bom. Sei que muitos discordam, mas pelo que vejo e vivo afirmo, sem hesitar, que a capital não tem sabido usufruir desta escola. Nestes 40 anos, Évora não soube criar um Parque Verde da Cidade, contrariamente a muitas “aldeias” deste país. E se os mais otimistas duvidam do que escrevo, façam uma visita ao Jardim Público e Mata, de que poucos eborenses se lembram que existem, e verifiquem o caricato e escandaloso estado de degradação e abandono, em que se encontram. Contra factos não há grandes argumentos e a falta de dinheiro não pode servir para justificar tudo. Évora não só não conseguiu criar um novo parque verde como despreza o pouco que tem.

Por último, devemos aproveitar este tempo de aniversário para pensar no futuro, é dever muito oportuno que a Universidade, e provavelmente não só, reflita sobre a opção de a Arquitetura Paisagista e a Arquitetura estarem em Escolas diferentes; a primeira nas Ciências e Tecnologia e segunda nas Artes. Ou será que a inércia e os interesses corporativos fazem tábua rasa de tudo o resto?

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan