Évora cãovida

Gandhi terá dito um dia que “um país é a forma como trata os seus animais.” É uma grande verdade. Tudo o que um país faça em prol dos seus animais é um bom avanço civilizacional. Por isto fiquei muito satisfeito quando assisti na Câmara Municipal à apresentação do projeto “Évora Cãovida”. É excelente para Évora ter um conjunto de atores envolvidos no fortalecimento do vínculo afetivo entre as pessoas e os animais. O objetivo geral do Cãovida é diminuir a população de cães e gatos errantes / abandonada, sensibilizar os proprietários dos animais para a recolha das fezes dos seus animais em espaços públicos e fortalecer o vínculo dono-animal.

Todos sabemos que muito para além da questão afetiva o abandono de animais nas povoações é um risco para a saúde pública mas não só, provoca: “acidentes de trânsito; agressões físicas a cidadãos; atropelamentos (com cadáveres nas ruas); dispersão de lixo dos contentores; dejetos nas ruas, calçadas e praças; brigas entre si; intranquilidade; ninhadas indesejadas, reprodução descontrolada, animais desprotegidos expostos a maus-tratos, etc.”

Na verdade os números de 2015 em Évora são significativos,” cerca de 300 animais, na sua maioria cães, deram entrada no canil municipal resultantes de abandono ou detenção irresponsável. O que representou uma subida de 80% relativamente a 2014, onerando consideravelmente o município.

Destes animais, 209 foram adotados; 51 cadáveres foram recolhidos dos espaços públicos; 42 foram reclamados pelos seus donos e 39 foram eutanasiados.

Os custos para o município na captura, recolha, tratamento veterinário, manutenção e alojamento dos animais, eutanásia, incineração, adoção, limpeza dos espaços públicos etc., rondam mais de 25 000 euros por mês.” Ou seja, em matéria de custos trata-se de 300 mil Euros/ano que poderiam ser investidos na perspetiva da luta contra a pobreza e criação de riqueza etc.

“Em linhas gerais o projeto Cãovida anuncia uma visão prática e simples para uma situação que precisa ser abraçada por todos os munícipes junto aos poderes constituídos e, além disso, não se encerra em si própria, mas motiva os participantes a ter uma cultura de coparticipação em ações comunitárias de saúde, social e de cidadania, pois trata-se também de base e ponto de partida para qualquer política de saúde pública, colaborando na compreensão da interface animal / homem / meio ambiente, dando corpo conceito mundial de atuação em saúde denominado Uma só Saúde. “

A liderança, e muito bem, é da Câmara Municipal, destaco a significativa participação da Universidade Évora, através do seu Hospital Veterinário, que cumpre assim o seu papel de parceiro ativo na comunidade em que se insere e ainda as Juntas de Freguesia, a Associação de Estudantes de Medicina Veterinária (AEMVUE), a Unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde do Alentejo Central, outros profissionais da área, escolas, empresas, associações, entidades, grupos cívicos e religiosos etc.

Muito importante é que este bom exemplo possa ser disseminado pela região e mesmo para fora desta. Por isso, faço, desde já, o apelo aos promotores que não descurem a comunicação no sentido de levar a boa prática a outras paragens.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan