Muitos percebemos que somos o que comemos. Mais, sabemos que a nossa qualidade de vida e bem estar, para além do fumar ou não fumar, do fazer ou não desporto etc., depende, em grande medida, da qualidade da nossa alimentação. Deixo já claro que nada disto tem a ver com dietas milagrosas que sustentam chorudos negócios. Tão pouco com o deixar de ter prazer à mesa. Tudo isto tem, sim, a ver com um modo de vida mais salutar e sustentável, na nossa terra. Vantagens para todos, a começar por cada um e por aqueles que nos são mais próximos.
É incontornável admitir que cada vez mais os portugueses estão atentos a estes temas e demonstram vontade para alterar algumas práticas e hábitos. Se houver alguma dúvida basta ter atenção ao que os grupos económicos que sustentam as grandes superfícies estão a fazer em matéria de comércio de proximidade – por todo o país as grandes marcas criaram pequenas lojas. Desde logo, o comprar à porta de casa é cada vez mais apetecível, como antigamente. São só vantagens económicas, sociais e de ganho de tempo, entre muitas outras. Se a compra for de produtos da época a produtores locais, tanto melhor sobre todos os aspetos, mas sobretudo pela qualidade dos produtos. Entre muitas outras vantagens há uma subtil mas com muita relevância: a planificação das compras, prevenindo o risco de comprar o que não se necessita. Esta opção/tendência convida a uma outra que, sobretudo nos meios urbanos de maior dimensão, andou durante anos e anos esquecida e desprezada – o cozinhar em casa. Esta opção conduz-nos inevitavelmente a comer muito melhor. Cozinhar em casa exige-nos alguma planificação, designadamente nas quantidades, na conservação e até na pré-preparação ao fim de semana, quando temos mais tempo, para usar durante a semana.
E qual é o segredo para a qualidade da alimentação? Cada vez mais especialistas baseiam o sucesso da alimentação para a saúde nos legumes, legumes e mais legumes: crus, estofados, misturados, frios ou quentes, tudo o que a imaginação nos possibilita. Se o pudesse, partilhava agora mesmo convosco umas catacuzes com arroz e feijão que acabei de saborear e que levam à motivação deste escrito. É agora tempo dos poejos, dos cardos, dos espargos e de outras iguarias que nos garantem saúde e bom gosto à mesa.
Como tudo se educa, até o gosto, reduzir as quantidades de sal é fácil e traz grandes benefícios. Procure a alternativa das ervas aromáticas picantes, frescas ou secas; raízes como o gengibre e sementes podem ser os nossos melhores aliados quando se trata de somar sabor a um prato sem aumentar as calorias ou as gorduras más.
Finalmente, disfrute a fruta, a da época e cá da terra, pois claro. A fruta é muito nossa amiga; se não o sabemos, ignoramos ou esquecemos, estamos perdendo tempo, dinheiro e saúde.
Por último, uma forte palavra sobre os produtores locais; as comunidades e os pequenos produtores locais vão encontrando as formas de organização que melhor se ajustam ao seu funcionamento e às dinâmicas sociais e económicas de cooperação e ajuda mútua, de modo a responder às necessidades locais e assim merecerem o nosso carinho.