e tu? [caminho de Santiago]

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“para quê tantos quilómetros de esforço se o posso fazer em 30 m aqui no quintal?”

Partir de novo chega para justificar. Roger Nimer escreveu, “os caminhos são os únicos que podem acalmar as nossas vidas.”

Como se explica este atrativo coletivo crescente pelo caminhar com sentido?

É inverno, os dias são muito curtos, os satélites dizem-te que vais ter chuva e mais chuva todos os dias, no caminho que te propões fazer ninguém te deve nada, estás à mercê das gentes para te alimentares e alojares… Porquê partir? Quem te chama? Este é o convite à humildade que devemos ter na arte da vida, no caminho não somos mais que um, entre muitos, e isso é grandioso.

Para quê repetir o que já fiz anteriormente, por uma mochila às costas e caminhar até Santiago de Compostela? Para fazer turismo barato(?)? Para fugir do bulício das Festas? Para andar, com sentido? Para refletir sobre os próximos desafios? Para encontrar um novo sentido para a vida? Para meditar, orar?

Caminhar e pensar?

“Se queres compreender, discutir corretamente, imaginar, organizar o teu pensamento, conceber e decidir, caminha. Caminha, e então verás.” (Henri Vicenot)

Passar do sentar ao andar eleva-nos a uma curiosa alquimia onde tudo fica mais claro e límpido, com um cérebro mais sereno e um coração mais inspirado.

Este é um relato pessoal de “um caminhar” até Santiago.

Texto completo em:

https://www.dropbox.com/sh/6y10lnx96zx355h/AAAfBoFA-nwU2eg9BKXSaNLTa?dl=0

Um comentário de Carlos Pessoa a 20 de fevereiro de 2016…

Olá Carlos,

Li o teu roteiro de viagem a Compostela, que não sabia que tinhas feito. Boa malha (apesar da chuva)!
O que escreveste é particularmente ambicioso (não é crítica!), pois é sempre muito difícil conjugar num mesmo registo a vertente prática-informativa, as impressões-vivências pessoais de percurso e a partilha de emoções e outros “estados de alma”. É bem possível que a quem estiver mais interessado em saber como fizeste, por onde andaste, o que deve ser evitado, em suma, o “modos operandi” do caminheiro, a tua narrativa saiba a pouco. Para quem é mais sensível às experiências e vivências interiores (a que tu chamas internas), o texto dará mais resposta, embora nestas coisas a subjectividade da experiência de cada um seja, em rigor, de difícil transmissão/partilha. O importante, tudo somado, é que as tuas andanças tenham acrescentado algo de novo ao que existia antes de teres começado a caminhada, e isso parece-me que sim, foi atingido. Se assim foi de facto, fico muito contente por ti! Deixo um reparo de ortografia, quando dizes algures que era noite “cerrada”, e não “serrada”, como escreveste.
C.

 

 

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan