empresas na equação da sustentabilidade

dados da UE dizem-nos que:

ordenado mínimo em Portugal é cerca de 75% da média europeia;

produtividade em Portugal é cerca de 55% da média europeia.

todos percebemos?

pobre povo, que tem uma elite dirigente que faz um país destes. 

São as empresas da nossa terra que nos vão salvando com a riqueza que geram. Em tempos tão difíceis, a estrutura social e económica local é mantida pelas empresas que localmente constituem autênticas extensões da família. Conheço, de perto, alguns exemplos que me deixam verdadeiramente maravilhado. À parte do quase “estado de guerra” que se vive à volta, dentro dessas empresas tudo é perfeito, a começar pela relação humana e a continuar pelo verdadeiro espirito de compromisso que tudo isto significa. Escrevo, convictamente, que não pode ser doutra forma. Todavia, infelizmente nem sempre assim é, o que muito me admira. Como é possível configurar e manter modelos empresariais em que não haja a integração total de todas as partes e de todos os tipos de valores (pessoais, sociais, empresariais etc.)? Já aqui escrevi sobre esta nuvem, mas na verdade não é demais afirmar que em Portugal muitas vezes os papeis estão baralhados e, sobretudo, mal executados. Empresários e colaboradores não puxam para mesmo lado. No interior, os pequenos negócios, a diversidade empresarial é igual a tudo o resto, é significativa e recomenda-se. Aliás, este é um dos pilares da sustentabilidade duradoura da economia da região. O futuro estará assegurado se a cultura do ambiente empresarial se disseminar de forma a que todos os colaboradores assumam a sua importância nas empresas e que estas o reconheçam. O crescimento, tão apregoado, só poderá ocorrer desta forma. Num mundo de imprevistos e incertezas, há que saber reinventar, trabalhar em conjunto, com parcerias internas e externas que garantam a viabilidade do negócio. Tudo se compra no mercado menos o talento do capital humano. É aqui, nas pessoas em primeiro lugar, que tudo se decide. Mas as pessoas, esse valor chave, devem assumir a co-responsabilidade no suporte aos grandes desafios empresariais, designadamente à mudança. A decisão de hoje tem consequências a longo prazo e saiba-se, com clareza, que na empresa (que mereça esse nome) não há ganhos individuais; ou ganham todos ou perdem também todos. A partilha de conhecimento é apenas uma das vertentes mais em voga, assumida como maior motivação para a melhoria continua do “lay out” do negócio. Como se adivinha, nada disto chega ao fim, o grande desafio é que todos os dias é necessário recomeçar.

Para finalizar, devo afirmar que em Portugal não se debatem abertamente determinados temas como a baixa produtividade e o absentismo. São temas tabu, provavelmente característicos dos tais brandos costumes. Vem tudo isto também a propósito do que produzimos e ganhamos. Suspeito que enquanto rodearmos o essencial não conseguimos deixar de ser um país pobre.

Pobre povo, que tem uma elite dirigente que faz um país destes.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan