Depois do ébola e da Grécia, e depois muitas outras “atualidades globais” de grande importância, o tema atual de todos os dias é o dos refugiados que chegam à Europa, desesperados, à procura de vida. No essencial, o que aqueles seres humanos querem é viver. Nas terras de onde vêm não há vida possível e, apesar do drama humanitário que vivem, o risco vale a pena. Não sei se já tudo foi dito, quem disse bem ou quem disse mal. Neste escrito também não me importa quem fez e faz o que devia e quem assobia para o lado. A incerteza e instabilidade destes tempos ajudam à hipocrisia com que se trata um tema desta importância. Atrevo-me a meter tudo no mesmo pacote, e incluo, desde já, o tema que se seguirá e que um dia destes nos vai saturar e envergonhar.
Na verdade, neste mundo bárbaro e cínico, a causa é sempre a mesma e não se resolve com mais ou menos recursos atribuídos a cada problema. Tudo, ou quase, o que se faz apenas são paliativos para uma doença que adivinha letal.
Efetivamente, o problema não é humanitário, não é da Europa, estamos perante algo que vai muito para além das causas normalmente apontadas, isto para não evocar as ridículas soluções encontradas. Globalmente, trata-se de um drama da humanidade que, como um vírus, espalha consequências por todas as geografias e temas. Alguém acredita que depois destas dezenas de milhar de pessoas estarem condignamente recebidas e enquadradas nos países de acolhimento o problema fica resolvido? Não creio que haja um, um só, argumento que nos leve a crer neste tipo de “solução”. Por isso, e desde já, convém que todos saibamos que o drama humanitário, apesar de muito grave, é muito menor que o drama humanidade.
O nível de consciência coletiva da humanidade não possibilita melhor do que vemos todos os dias. Observando e sentindo o nosso coletivo, sabemos, em consciência, que não pode ser diferente e, muito menos, melhor. As diferentes respostas que temos do mundo que somos, isto é, as consequências que se manifestam, são o claro resultado da causa que as provoca, sendo, esta última, como afirmei, o primitivo nível de consciência coletiva que carregamos. Por esta mesma razão, toda e qualquer mudança positiva, em matéria humanitária, ou outra, só será verdadeira se emanar claramente de humanos afetivamente muito superiores ao que hoje somos. Ou será que pode ser diferente?
E, assim sendo, mais uma vez escrevo, com convicção, que cada um pode fazer muito. Muito mais do que possa imaginar.
Já pensou hoje na efemeridade da sua vida?
Aproveite então o seu dia para que a Humanidade seja melhor.