Sofre cão. Chora homem a desventura
que por culpa tua acabas de sofrer.
Criaste uma imagem, bela, pura.
Autêntica miragem de lindo entardecer…!
Aí tens palhaço a vera vida.
E terás de rir, rir e sempre rir,
com a alma a sangrar pela ferida
que em teu peito se acaba de abrir.
Louco! Que esperavas tu velho tonto
da miragem que acalentaste de pronto
esquecido que miragem é ilusão?!…
Caiu-te a venda. Tremes à verdade nua.
Mas a culpa foi tua. Só tua.
Ri palhaço. Chora homem. Sofre cão.
A. Duarte (Viana do Castelo)
Nota: há cerca de 40 anos o meu pai sabia, quando escreveu este poema, que em agosto de 2015 este me assentaria que nem uma luva.