floresta de oportunidades

Muito oportunamente, Oleiros marcou um dia para tratar da floresta, o mais importante recurso natural local. À parte a importância da floresta, o mais relevante foi elevar os recursos locais. Na verdade, o que Oleiros é, foi ou será tem tudo a ver com a floresta.

É importante que cada terra assuma a sua identidade e singularidade e faça delas a mais-valia distintiva, como Oleiros tenta fazer. Provavelmente, o melhor caminho é inovar a tradição, isto é, pegar no que hoje se sabe, na tecnologia existente, incomparavelmente superior, e usá-la na valorização e inovação da tradição. O muito passado traduz-se assim na garantia de um futuro sustentável e atrativo para as novas gerações. Os recursos locais, em toda a sua dimensão, são sempre passíveis de garantir a sustentabilidade e prosperidade locais, é incontornável, assim os saibamos usar e gerir.

Em Oleiros sabe-se que, muito mais que madeira ou resina, a floresta é a base de todas as outras atividades económicas, culturais e sociais. Nestas terras não haverá turismo duradoiro se não houver uma floresta viva e vivida. Todos os pilares culturais desta terra e desta gente assentam na floresta e em tudo o que lhe está associado. É agora o tempo de assumir esta realidade e, sobretudo, voltar a acreditar que é possível viver bem em Oleiros. Hoje, Oleiros, como todas as terras do interior, tem um conjunto de infraestruturas e serviços que satisfazem plenamente os padrões de vida atuais.

Provavelmente, a formação e a educação são as opções estratégicas primordiais. Desde os primeiros anos de escolaridade, deve refletir-se sobre a realidade local e preparar e capacitar os jovens para o apelo e especificidade locais. Num tempo em que quase tudo se questiona, apostar na educação e formação direcionadas para a estratégia local é uma opção incontornável. Se o ensino formal assim não o entender, então que os atores locais o assumam e façam. Na verdade, muito para além da importância da árvore – no caso de Oleiros – estão as pessoas; sem recursos humanos preparados para o desafio, dificilmente, por muito bons que sejam os recursos naturais, se atingirá a riqueza local desejada.

Temos território com uma geobiodiversidade única, com solo e água, bem infraestruturado, com um clima favorável e gente que conhece e sabe trabalhar a terra: o que nos falta?

É incontornável a aposta numa economia local dinâmica inerente aos ecossistemas, assente na utilização eficiente dos recursos e na exploração equilibrada dos ativos ambientais, sociais e culturais, capazes de gerar negócios e de criar emprego, isto é, uma economia verde assente em novos modelos de desenvolvimento, novos recursos endógenos e exógenos, e na inovação dos sectores de atividade económica.

Em tempos de incerteza não há opções sem risco, temos uma longa tradição associada a um profundo conhecimento para nos, quase, garantir o sucesso. Acredito que vivemos num tempo de mudança com tudo para termos um interior mais rico e próspero.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan