Tenho vergonha da barracada, a que chamam Feira de S. João, que todos os anos se monta no Rossio de S Brás.
A Feira deste ano este ano está diferente para melhor mas o essencial do inaceitável continua lá bem presente, designadamente os custos económicos, sociais, ambientais e patrimoniais desta Feira, no Rossio, nestes moldes. Como é possível uma cidade património da UNESCO, de apertadas regras para os seus moradores, cada vez mais escassos, tolerar uma agressão desta dimensão todos os anos?
Mas verdade é que Évora se pode orgulhar da feira deste ano. Está pensada, tem gosto e dignidade. À parte o essencial a Feira deste ano não envergonha, antes pelo contrário tem a qualidade que há muito não se via e vivia, exceptuando algumas patetices como o relvado.
Mas não chega, e não chega porque é ridículo a CME, como noticiou o DS, querer assumir a Feira de S. João como uma referência regional. Notem bem ao que isto havia de chegar, a mediocridade e estagnação bateu tão baixo que Évora agora só já ambiciona ser uma referência regional. Estamos a competir com feira da Azaruja? Na verdade merecemos um bocadinho mais. Sigam pelo bom caminho que este ano iniciaram e terão resultados bem melhores.
Podem-se listar todos os argumentos que se quiser, constituir todos os gabinetes de reflexão, as Comissões Municipais, etc. mas nada, certamente, consegue sustentar a barracada no Rossio. Entre os megalómanos projetos de (má) intenção de novas centralidades e a realidade possível há o caminho justo e adequado.
Ou não queremos acarinhar o turismo (já repararam que o Rossio está cercado de hotéis?), preservar o património e valorizar a qualidade de vida de quem cá vive?
Por tudo isto não vale a pena tapar a cabeça com uma peneira e lançar uma ampla consulta pública para saber o que pensam os eborenses sobre a manutenção da Feira no Rossio. Todos compreendemos que a Feira deste ano foi o melhor possível, é só isso que pedimos todos anos. A feira deve sair do Rossio quanto antes, mesmo que algum povo ali a queira. Decidam e assumam a responsabilidade de quem foi eleito para o fazer.