Tejo a andar

Motivado pela romaria da semana passada volto ao tema do andar. A pé é a melhor forma de conhecer um país, uma região ou até mesmo uma cidade. Andar é o exercício mais natural e mais benéfico. Talvez por isto, e muito mais, há cada vez mais pessoas a caminhar. O acto é tão natural que qualquer um que o faça se sente bem. Se o fizer em plena natureza então o efeito é quase mágico.

Na verdade por todo o mundo as rotas pedestres são grandes atrativos turísticos. Há um mercado enorme associado ao trekking. Inclusivamente no nosso país há excelentes exemplos onde se apostou na oferta de rotas pedestres para atrair visitantes e turistas. Hoje as pessoas deslocam-se, fazem turismo, para andar. É por isso que um dos ícones com relevância na página de entrada da CCDR – Alentejo é “Alentejo a pé”.

O potencial da rota Lisboa – (Moita – Viana do Alentejo) Évora é enorme e tem todos os ingredientes para assim ser. Atrevo-me a escrever que há poucos locais no mundo que reúnam tão boas condições. Temos a capital do país que está na moda turística, ligada por cerca de 170 km (a extensão ideal) a uma cidade património mundial; motivação religiosa, histórico – cultural, geobiodiversidade única, clima adequado, segurança etc., etc.

Na verdade estas condições repetem-se um pouco por todo o país, somos um território excelente para este tipo de atividade. Sem ir muito longe, por toda a Europa há exemplos reais, objetivos e claros para que os mais cépticos fiquem sem argumentos. Embora em Portugal já existam alguns bons exemplos, pergunta-se, por que não aposta estrategicamente Portugal para se constituir como um destino turístico para andar? Não há nenhuma razão que justifique o contrário.

Um bom exemplo é a Grande Rota do Zêzere (GR33), com uma extensão total de 370 km, é um percurso linear que acompanha o rio Zêzere entre a sua nascente na Serra da Estrela e a sua foz no rio Tejo em Constância, percorrendo no seu trajeto o território de 14 concelhos. Como este exemplo há alguns outros. A Grande Rota das Aldeias Históricas (GR 22), de 540 km, depois de algumas inaugurações, ao fim de mais 15 anos, tarda em se afirmar, sempre falta algo essencial.

Obviamente que uma estrutura destas não se consolida por “dá cá aquela palha”. Na Escócia uma das mais famosas GR do mundo levou 20 anos a constituir-se como o sucesso que hoje é.

Provavelmente o melhor exemplo português é a Rota Vicentina, no litoral alentejano. O sucesso é tanto que até os promotores se surpreendem.

Posto isto, chegamos ao Tejo onde só Abrantes e Constância fizeram o que deviam. Também esta é uma rota com um enorme potencial e não se compreende porque não se unem esforços e vontades para a tornar uma realidade? Vão ao litoral alentejano e vejam como se faz, façam porque já tarda e por muito que procurem não arranjam muitos produtos turísticos com as valias deste.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan