Como sabemos, a educação é o melhor investimento que um país pode fazer. Os resultados tardam alguns anos mas não se conhece outro caminho melhor. Só um povo qualificado pode dar resposta aos grandes desafios de hoje.
Enquanto todo o tipo de recursos são afetos a colmatar a incompetência – um bom exemplo é a “colocação de professores” –, a escola não discute o essencial. Não discute o que ensinar e como o deve fazer.
Por muitas voltas que dermos, só seremos um país sustentável, com presente (o futuro vem depois), se as nossas escolas ensinarem aos futuros homens e mulheres o essencial do “empreendedorismo sustentável”. A anunciada economia verde só terá sucesso se os atores, isto é, os cidadãos, estiverem aptos para isso.
Portugal tem de desenvolver um conjunto de esforços para incorporar de forma explícita os temas da sustentabilidade, cidadania e empreendedorismo nos currículos, formais e informais, das escolas. Na realidade, a informação ao nível da investigação e das políticas públicas em Portugal, nesta matéria, é ainda insignificante, o que enfatiza a necessidade de se fazerem esforços em vários sentidos.
Só através da educação será possível transmitir conhecimentos que se transformam em competências necessárias para mudarmos do modelo global atualmente existente para um outro onde exista bem-estar sustentável. Este modelo só é possível com um processo educacional assente na responsabilização e participação de todos.
É neste contexto que a Educação para a Sustentabilidade (*) pode atuar, promovendo a interação de modelos organizativos e de gestão. Uma comunidade sustentável é o resultado do aproveitamento dos seus recursos e saberes, e de convivência como forma de encontro, comunicação e criação de riqueza mediante as contribuições conjuntas dos distintos agentes, com suficiente coesão e equilíbrio social, conduzindo ao enriquecimento das relações dos cidadãos entre si e o meio.
O melhor dos desafios que a escola pode ter é ensinar a sustentabilidade. Isso implica uma capacidade constante de pesquisa, de compreensão dos factos e de os relacionar de uma forma multidisciplinar. Exige-se a capacidade de promover a participação, a colaboração e a coordenação coletiva entre as instituições e a sociedade.
Ou seja, mesmo com programas escolares limitados, localmente há muito que se pode fazer.
* 2005-2014, a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (Nações Unidas).