usados

Os usados estão na moda. O que está mesmo fora de moda é deitar algo fora porque já não se usa ou está ligeiramente danificado.

Qualquer coisa é melhor que isso; existem soluções simples que poderão dar uma segunda vida a um objeto que já não nos serve. Não deite fora. O velho ganhou valor. Os objetos usados (móveis, peças de decoração, roupa, etc.) presentemente merecem mais atenção.

Na verdade, a crise, essa mesmo, a crise, também tem uma face positiva onde este exemplo se inscreve.

Passámos anos a usar os sótãos e as garagens para armazenar autênticas preciosidades –isto se não fossem parar ao lixo -, enquanto corríamos a comprar contraplacados embalados.

O desperdício agora é bem menor. O ciclo de vida dos objetos da nossa vida alargou-se e não necessita de ser efémero, com vantagens para todos.

Há dias uma pessoa amiga mandou arranjar uma televisão – é verdade, ainda se arranjam televisões. Poupou muito dinheiro, contribuiu para o negócio local e não fez lixo. Só vantagens.

Uma amiga lutou durante anos para manter uma sapataria aberta. Repensou o negócio e vende agora, com muito sucesso, sapatos em segunda mão. Como não há duas sem três, aqui ao lado, no pequeno centro comercial do bairro, a D. Antónia arranja roupas e não tem mãos para tanto trabalho; até o sapateiro, há anos fechado, reabriu e o jeito que ele dá a quem aqui vive. Antes de deitar fora responda a duas questões: pode ser arranjado? Pode ser transformado? Se as respostas forem negativas tem outras duas perguntas: Posso dar? Posso vendê-lo? Um objeto em bom estado pode fazer a felicidade de outros, vizinhos, amigos, instituições de solidariedade social, etc. Se vender ganha alguns euros e alivia o caixote do lixo. Como sabemos, graças a doações, algumas instituições de caridade vendem um pouco de tudo. Ao doar ou comprar está a ganhar. Neste caso prefira sempre as organizações de carácter local. Uma alternativa local muito interessante são os encontros para a promoção de trocas pois o que já não nos serve pode interessar a alguém e vice-versa.

Conclusão: antes de por alguma coisa no contentor vale a pena olhar com atenção e pensar um pouco. Todos agradecemos e ganhamos, os seus vizinhos, que têm os tais negócios, a sua carteira e o ambiente.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan