o valor da natureza

Quanto vale o trabalho das abelhas na polinização das culturas agrícolas?

Quanto vale a capacidade de reciclagem de nutrientes dos ecossistemas?

Quanto vale a pureza da água de uma montanha?

Quanto vale a capacidade de processamento da poluição dos nossos solos e linhas de água?

Quanto vale o bem-estar proporcionado por um passeio na natureza?

Quanto vale uma paisagem natural?

Quanto vale o reservatório de carbono de uma floresta, de um sapal ou de uma turfeira?

Estas perguntas, ilustram alguns dos serviços prestados pelos ecossistemas, que normalmente, não são valorizados economicamente e, por essa razão, não são considerados nas opções de ocupação e desenvolvimento do território. Contudo, isto está a mudar. O reconhecimento da importância do valor da natureza por economistas, políticos, e pela comunidade técnica, científica e civil mais afastada dos temas ambientais, tem conduzido a um crescimento dos estudos de valoração dos serviços, dos ecossistemas, dos produtos ambientais e dos bens públicos da natureza. Os agentes turísticos, reconhecem a importância de ter uma paisagem, ou um parque natural às suas portas; o agricultor sabe bem quão preciosas são as abelhas; as empresas gestoras dos serviços de abastecimento de água confirmam a importância das florestas nas bacias hidrográficas ou num sistema aquífero; os bombeiros atestam a importância da manutenção da agricultura e do pastoreio na regulação dos incêndios. A valoração económica destes serviços tem vindo a ganhar dimensão, e são hoje, uma ferramenta de apoio à decisão. Nas políticas locais, a integração destes estudos constitui uma oportunidade de compreender o valor do capital natural do território, e de repensar o território de forma mais integrada e inteligente, com efeitos sobre a qualidade da vida das populações, na sustentabilidade económica das opções de desenvolvimento e na conservação da natureza.

Por outro lado, a valorização monetária destes serviços pode ajudar a tornar as externalidades ambientais visíveis, ou seja, em valorizar os custos da perda de ecossistemas, de áreas de recreio, de alteração da paisagem decorrentes por exemplo de infraestruturas, de alterações na gestão agrícola ou florestal, entre outros(….)

Os ventos de mudança, podem ser identificados, a nível internacional, pelo Plano Estratégico da Convenção para a Biodiversidade, da ONU, que tem como meta a inclusão dos valores da biodiversidade nas estratégias nacionais de desenvolvimento e nas contas nacionais. Na UE, a Estratégia de Biodiversidade para 2020, exige aos Estados-Membros a avaliação do valor económico dos serviços dos ecossistemas e a sua integração nos sistemas de contabilidade a nível nacional. Em Portugal, este tema embora recente, obriga a uma visão estratégica, designadamente local, sectorial etc…. para rapidamente, se darem passos concretos.

Não esperem, por favor!

 

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan