Nasci no Alentejo, a norte, mas estou em Évora há tantos anos que sou eborense. Também por isso, e porque amo esta terra, atrevo-me a escrever sobre Évora.
Há muito que acompanho Évora, embora nos últimos anos mais à distância, com dever e responsabilidade. Sempre tentei participar, na medida do possível, com o que sei e no que acredito. Entendo a participação como o dever de estar presente e dar.
Se cada um fizesse o que deve o mundo seria diferente para muito melhor.
Ao longo de todos estes anos o “mundo eborense” atravessou vários ciclos e contextos e durante muitos anos não faltaram oportunidades. Boas oportunidades. Em longos períodos não faltou dinheiro; faltou sim boa governação local. Conheço, com alguma profundidade, umas boas dezenas de autarquias, de várias dimensões e cores politicas e, com tristeza e angustia, escrevo que nenhuma foi tão mal governada como Évora.
Évora tem tudo para dar certo, seria exaustivo listar todas essas parcelas positivas, mas durante muitos e muitos anos a única coisa que se criou em Évora foi divida. Os últimos 12 anos de governação local foram maus de mais. Évora não tem qualidade de vida, não se pode confundir boa qualidade de vida com património abandonado. Não há instalações desportivas, não temos um parque verde que abrace e receba a cidade, as suas crianças, as suas gentes e até os turistas, não há uma moderna sala de espetáculos atual e multifuncional, etc., etc. Nada foi feito a não ser gastar dinheiro sem resultados, sem obra.
Custa mas é verdade, se duvida não necessita de ir muito longe, passe por Mora, vá até Estremoz, Reguengos, Viana, Montemor ou Vendas Novas, aproveite veja o que se fez em Portalegre.
Passados poucos meses de vigência de governação de uma nova equipa autárquica, num contexto extremamente difícil, todos os eborenses temos de estar muito agradecidos pelo trabalho que foi iniciado.
Bem hajam, se de momento não é possível fazer mais, que se caiem as arcadas, convidem os músicos a tocar na rua e se abram as portas do teatro.
Deus vos ajude e que os eborenses contribuam para que a luz surja nem que seja lá no fundo.