estratégia

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Desde sempre nos recordamos de ouvir falar que os recursos disponíveis seriam alocados em função de uma estratégia estudada e assumida. Normalmente, não passou de entornar abundante dinheiro em cima dos problemas. Os resultados estão à vista e todos os conhecemos; alguns enriqueceram ilicitamente. Sabendo que a estratégia é a forma de pensar no futuro, integrada no processo decisório, visando os resultados, percebemos que tudo, ou quase, foi ao contrário.

Mais uma vez, no início de um novo período de desenvolvimento (2014-2020), onde se assumiu a rotura com muitos dos sagrados paradigmas instituídos, a retórica é mais ou menos a mesma.

Fala-se agora, com pompa e circunstância, na Estratégia de Eficiência Inteligente. Desde logo, qualquer estratégia que se preze tem de ser eficiente e inteligente. Todavia, fica assim assumido que até aqui não fomos eficientes nem inteligentes. Os brilhantes discursos de ilustres consultores vindos de Lisboa, alguns ex-ministros, sempre adequados e politicamente corretos ao contexto em que são ditos, e principescamente pagos, não resultaram. Sempre tivemos a tradição e vontade de por o nosso destino nas mãos de terceiros como forma de nos desresponsabilizar, os tais “brandos costumes” assentam-nos mesmo bem.

Agora sim, vamos, finalmente, ser eficientes e inteligentes. Os mesmos de sempre, sim porque somos pequenos e poucos e por isso são sempre os mesmos, vão agora conseguir implementar uma estratégia que vale a pena, do turismo à indústria passando pela agricultura. Finalmente uma estratégia eficiente e inteligente que visa um desenvolvimento inteligente que nos conduza a mais riqueza de que tanto necessitamos.

No fim, o que se deseja é crescimento, crescer depois de crescer. Crescer como fim único e permanente é qualquer coisa que nunca nos pareceu sustentável, tão só porque na natureza isso não existe. Nada cresce infinitamente, como o nosso modelo de sociedade parece exigir. Mas como agora vamos ser eficientes e inteligentes, pode ser que alguma coisa mude para melhor.

O melhor mesmo seria assentar estes desígnios no senso comum, sabendo que na natureza o que funciona é o mais simples.

É necessário que cada um, com humildade, dê o seu contributo à causa do desenvolvimento. Só assim é possível alcançar um dos principais objetivos do ciclo, a inovação como mudança cultural de atitudes.

De facto, apesar da conjuntura global não ser a melhor, mantemos a ideia de que muito está na nossa mão. Talvez a (pequena) diferença entre o abandono e o tratar a terra, entre a pobreza e a riqueza. Como romper o “ciclo de pobreza” em que muitas famílias, demasiadas, se encontram?

No fim, todos nós “apenas” queremos ser felizes na terra em que nascemos. É pedir muito? E o que fazemos para isso?

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan