amigos

 

Mantorras,um amigo que esteve por cá muito pouco tempo mas, como sempre com os amigos, valeu muito.

“Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!” Fernando Pessoa

 A amizade é provavelmente um dos nossos maiores bens. Tudo vai e vem, mas não os amigos, estão no nosso coração, fazem parte de nós. Podemos não o saber, mas todos, uns mais que outros, sentimos que os amigos funcionam como catalisadores dos nossos recursos emocionais. Sem eles entraríamos em estados de saturação emocional. As nossas emoções precisam de ser renovadas e essa renovação dá-se quando encontramos pessoas com quem criamos laços de afinidade, intimidade e cumplicidade, com quem vivemos experiências e partilhámos momentos. Estas pessoas são os nossos amigos, um dos pilares mais importantes da felicidade.

Primeiro devemos ser amigos de nós mesmo, garante-nos a boa qualidade de vida que todos almejamos e que está mais na nossa mão do que  possamos supor.

O nosso modo de vida, cada vez mais acelerado, muitas vezes para coisa nenhuma, afasta-nos do essencial, primeiro de nós próprios – não temos tempo para nós – e, de seguida da família e dos nossos amigos. Ignoramos os nossos vizinhos, não temos tempo para eles e suspeitamos que eles não têm tempo para nós. Lembra-se da importância do vizinho na vida do bairro/rua?

Sentimos que houve uma visível mudança em relação aos laços de amizade. Alguns psicólogos afirmam que a amizade passa por uma grande crise de identidade. No passado, os melhores momentos aconteciam na companhia da família, em aniversários, casamentos, festas de Natal e almoços de domingo, etc.; hoje, estamos fechados em nós próprios, em problemas que retroalimentamos, a família está longe. Apesar de tudo, os amigos estão mais à mão, são o porto mais seguro. Amigos para a diversão, para fazer coisas juntos, trocar experiências e conselhos, sem que haja um pacto de sangue envolvido, tornou-se algo extremamente desejável. Lamentavelmente, estamos pouco tempo com os nossos amigos, a estatística diz que passamos apenas 10% do nosso tempo com eles. 

Para a criança, os amigos da rua, do colégio ou do bairro são tão fundamentais na formação do seu caráter quanto  a escola ou a família. Eles funcionam como um ponto de referência importante quando se está a formar uma maneira própria de ver o mundo ou de enfrentar situações novas.

Pratique a partilha, mude alguma coisa, pouco que seja, sem qualquer custo, e veja a diferença. Já reparou que um “bom dia” ou “boa noite” nada custam? E quanto valem? Muitos dos que nos rodeiam vivem terrivelmente sós, especialmente nestes tempos muito difíceis, nada custa uma palavra que pode ter um efeito muito positivo para quem recebe, mas também para quem dá.

Aposte mais nos amigos e verá que vale a pena.

3 thoughts on “amigos

  1. Carlos algumas destas frases quase parecem “clichés”, porém, são tão verdadeiras que o “clichesismo” (acabei de inventar) facilmente perde valor e tornam-se profundas, levam-nos a pensar e dar maior importância ao que a vida tem de maravilhoso: os amigos, os que se preocupam connosco, aqueles com quem nós nos preocupamos e, porque não, os que por nós passam todos os dias e que nós não vemos! o tal bom ou boa tarde pode fazer a diferença. Hoje não resultou, mas quem sabe amanhã.
    Palavras sábias as tuas. Continua a publicar as tuas reflexões e a fazer-nos parar um pouco…

  2. PROCURA-SE UM AMIGO
    Vinícius de Morais
    facebooktwitterorkut93
    Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar. Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer. Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos. Que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

    • eles normalmente, como em tudo, estão por perto. A nossa distração faz-nos ir à procura em terras longínquas.

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan