férias

 

[fotografia de José Luis Diniz]

[fotografia de José Luis Diniz]

A palavra férias mudou de sentido. Agora, férias significam experiência. Na prática, estamos perante uma oportunidade de negócio e, sobretudo, de desenvolvimento.

Apesar dos discursos, programas de apoio e incentivos, certamente com a melhor das intenções, o país ainda não se posicionou para agarrar esta grande oportunidade. Cerca de 80% dos europeus vive em grandes meios urbanos e aspiram pelo “regresso ao campo”. Por outro lado, somos um país onde a biodiversidade assume valores como em nenhum outro país da UE.

Também sabemos que o apelo comercial de “produtos de massa”, como o sol e praia, não é mais suficiente para garantir sucesso. A maioria está cansada da cidade, o que leva à procura do campo, da natureza e dos espaços abertos onde é possível o contato direto com a realidade que nos rodeia.

 Não há dúvida que o turista viaja para melhorar a sua qualidade de vida, o que é perfeitamente compatível com os interesses económicos locais de pequena escala. As motivações do turista de hoje assentam essencialmente em novos interesses “não-materiais”, como a cultura, a natureza, a experiência – turismo participativo e criativo.

 Assim, as propostas a desenvolver devem adaptar o produto turístico (conjunto de serviços e recursos) ao mercado, considerando o que anteriormente se disse.

 A sazonalidade perdeu espaço a favor das férias frequentes e especializadas, durante todo o ano, numa atitude de exigência, qualidade e consciência ambiental.

 Porque continuamos distraídos?

 À medida que se diversificou e desenvolveu, o turismo também se especializou com a consolidação de empresas verticais e horizontais, criando diferentes escalas de operação em diversos segmentos do mercado. A especialização é talvez a principal das características do turismo atual.

 É nesta diversificação que Portugal, em particular os destinos do interior, até há pouco praticamente virgens, pode obter uma significativa mais valia.

 A indústria turística, que representa uma grande e crescente parte da população que viaja, é muito mais do que a maior indústria do mundo. É um fenómeno com grandes implicações sociais, económicas e ambientais. Nenhuma outra atividade consegue ser tão transversal e conciliar tão eficazmente as estratégias globais com as de pequena escala, locais.

 O turismo é, sem dúvida, a atividade económica com maior capacidade multiplicadora na economia local.

 É pois um fator de desenvolvimento, sobretudo em países ou regiões onde o tecido económico e produtivo é pouco competitivo, apresentando-se esta atividade como um setor chave para o desenvolvimento. Efetivamente, o turismo tornou-se um fenómeno da vida quotidiana para centenas de milhões de pessoas, sendo hoje considerado uma medida da qualidade de vida nas sociedades contemporâneas.

 Saberemos aproveitar esta oportunidade?

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan