polis continuada, vale do Tejo

Abrantes, Santarém e todas as outras cidades e vilas do vale do Tejo constituem “uma polis continuada”. Isto é, um território que deve ser abordado, gerido e vivido, como um todo. Entre o litoral, saturado de gente, a maioria ignorando a natureza e o campo, dos quais dependem, e o interior, drasticamente despovoado, o vale do Tejo tem, no contexto nacional, a justa medida para que todos possam aqui viver bem e felizes. Temos que acreditar que isto é possível, já que dispomos de todas as condições para que assim seja.

A rede de cidades do vale do Tejo, que o rio une e não separa, constitui uma estruturação territorial munida com tudo o que necessitamos para nele sermos felizes e prósperos. A civitas (organização humana) e a urbis ( infraestruturas )  existentes, desde sempre, fortemente dependentes e em harmonia com o rio, constituem uma polis com um potencial único. Assim saibamos, cada um nas suas responsabilidades, acreditar nisto e fazer o que nos compete. Isto é, devemos desenhar opções de desenvolvimento inteligentes, em torno das pessoas, com o objetivo de prestar serviços que possibilitem uma qualidade de vida superior. Analisando todas as parcelas, naturais, económicas, sociais e culturais do vale Tejo, uma por uma, facilmente concluímos que a grande maioria são de sinal positivo e, por isso, o resultado final só pode ser bom. Isto é, um lugar com uma rede de serviços excelente, centrados nas pessoas, onde, em segurança e em perfeita harmonia com o campo, apeteça viver.

 Tudo isto foi discutido no Porto, onde se realizou o Fórum Mundial sobre Cidades e Desenvolvimento Sustentável organizado pelo Foro Soria 21. O Foro Soria 21 tem, há muitos anos, o mérito de pôr grandes experts a falar e a trabalhar para as pessoas. É oportuno dizer-se que, Soria é uma pequena província espanhola de características, em muito, parecidas às da nossa terra – um rio, o Douro, terra agrícola, e uma forte identidade cultural ligada ao campo. Em matéria de sustentabilidade esta província é referente, foi a primeira no mundo a ter um plano de sustentabilidade em todo o seu território, fato diversas vezes reconhecido pela ONU. Os bons exemplos de Soria são muito interessantes e oportunos, e dariam para várias páginas do jornal; assim, aqui bem perto, se prova que a sustentabilidade é possível.

 A sustentabilidade  é muito clara e simples, o senso comum de qualquer cidadão compreende-a, e,  como tal, não é aceitável que os vários níveis de governância, designadamente, as câmaras municipais, o não compreendam e estejam de costas viradas uns para os outros, à luz de uma qualquer divergência partidária ou pessoal.

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan