interior

 Mourão

Mourão, um exemplo do interior com enorme potencial.

A maioria vive nas cidades do litoral e olha para o resto do país, para o interior, com um misto de curiosidade e desconhecimento; os que se atrevem a indagar, sobre o que é isto do interior, ficam muitas vezes surpresos. Surpresos porque o Portugal interior é fantástico.

O que nos falta no interior?

A biodiversidade, tem uma enorme densidade e diversidade, atinge padrões ímpares à escala da Europa, a história da Terra assim fez com esta parte da península seja particularmente rica em espécies, muitas delas já desaparecidas de outros territórios. O património construído é de uma rara beleza e retrata magnificamente a ocupação destas paragens pelo Homem desde tempos imemoriais. Culturalmente, desde as tradições e costumes até à gastronomia e ao cante, somos particularmente ricos.

Temos tudo o que há de melhor. E até as acessibilidades, indispensáveis para nos pormos rapidamente onde desejamos, são hoje excelentes.

O que nos falta então? Nada, não nos falta nada para sermos mais prósperos.

Ou falta-nos, quiçá, acreditar em nós e em todo o potencial de recursos de que dispomos? Falta-nos atitude.

Este, é pois, um território com imensas potencialidades. Com tantas parcelas positivas, como conseguimos então o “milagre” da pobreza, despovoamento e desertificação?

Se o turismo é uma oportunidade para o país, muito mais o é para o interior. E nesta matéria acrescentamos ainda, como todos o sabemos, as magnificas infra-estruturas que temos, designadamente, ao nível do alojamento.

O turista de hoje procura programas personalizados e de qualidade, que se traduzam numa maior seletividade dos consumos, na procura de uma melhor qualidade de vida, no maior interesse pelo meio e no crescente encontro de culturas. Isto é, um produto turístico à medida do Alentejo, onde é indispensável a participação ativa da população local. Resta ainda uma outra boa notícia, é que, pela qualidade e exclusividade que temos, o turista está disposto a pagar mais.

Que melhor oportunidade temos para aproveitar?

turismo forever

 

turismo                                        Turismo, um rio de oportunidades

 

turismo forever

Nenhum sector, como o do turismo, tem sido tão recorrentemente referenciado ao longo dos anos como a grande oportunidade para o país. Nesta matéria podemos ler muitas das notícias, de há dez ou mais anos, e pensar que foram escritas hoje, se não olharmos a data impressa no jornal. A 5 julho de 2005, o Público refere, a propósito do congresso da Confederação do Turismo Português (CTP), a oportunidade do turismo sénior e de negócios. Dois anos depois, em junho de 2007, o mesmo jornal noticia que o Alentejo prepara o acolhimento a milhares de idosos europeus. Apenas dois exemplos. O que se passou entretanto? Muito pouco, ou nada.

As notícias de hoje são as mesmas. Qual o significado deste fato? O que nos pode levar a crer que agora é diferente? Que o atual Plano Estratégico Nacional para o Turismo (PENT), este sim, é para levar a sério?

Desde logo, não parece muito estratégico que no PENT sejam destacados 10 produtos estratégicos, desde o sol e mar, vinhos, golfe, estadas de curta duração, saúde, religião, etc. Está lá tudo. Como já sabemos, tudo é nada. Definam de vez um caminho e façam-no.

Um passo significativo nesse caminho é os responsáveis estarem conscientes do efeito bloqueador do labirinto dos pareceres, autorizações e licenças. Parece que já têm essa consciência e, assim, o governo vai fazer lobby nos corredores dos seus próprios ministérios no sentido de “agilizar processos e resolver problemas”, palavras do ministro Álvaro Santos Pereira. Para tal, foi criada a Comissão  de Orientação Estratégica para o Turismo (CIOET) na dependência do Primeiro-ministro. Daqui, se tudo correr normalmente, surgirão os tais grupos de trabalho e entretanto, as oportunidades passam; os investidores cansam-se e os ditos turistas rumam a outros destinos que não tenham este tipo de comissões.

Se há setor onde tudo está estudado e planificado  é o do turismo. Então o que falta? Falta fazer! Nesta matéria, do “fazer”, não se pede muito, se não sabem não atrapalhem quem quer, e sabe, fazer. Promotores e investidores anseiam por poder fazer e o país necessita-o.

Tudo isto parece vulgar, mas não é, é essencial.

Carlos A Cupeto

Professor na Universidade de Évora

cupeto@uevora.pt

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan