relvas

O tema dos relvados, que cobrem vastas áreas entre betão, é excelente para exemplificar o país que somos e que não podemos continuar a ser.

Desde os tempos em que agimos como novos-ricos, designadamente quando acreditámos que o dinheiro era grátis, que o país gasta muito, mas muito, dinheiro mal gasto nos genericamente chamados espaços verdes.

A relva serviu e serve para tudo, generalizou-se de tal maneira que hoje poucos lhe ligam. Exceção feita aos cães de donos mal-educados que a “fertilizam” abundantemente com dejetos.

Como sempre entre nós, as contas fizeram-se, quando se fizeram, apenas aos custos de construção.

Entretanto, sem se saber porquê, criou-se a cultura dos relvados por todo o lado –  quantos mais metros quadrados melhor. Haverá aqui uma relação direta com o número de votos?

 

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voar o Tejo

fotografia de Luís Morgado (Arqtº.)

fotografia de Luís Morgado (Arqtº.)

A ave de viajar pousada. A ave sabe. O que ela é, é o que ela sabe. Olho-a com olhos térreos. A sua forma trespassa o nevoeiro. Sei que a ave não diz. O que ela sabe é o voo que ela é.
(Bernardino Guimarães)

Um rio só é rio quando é vivido. Assim é o Tejo.

Domingo, dia 20 de janeiro de 2014, um grupo de quase 40 graúdos e pequenos viveram o Tejo no melhor que o Tejo tem, a lezíria e o estuário.

Como disse o poeta “do Tejo vai-se para o mundo” mas o Tejo, o seu estuário, também é um santuário do mundo. Por isso este é o espaço privilegiado de muitas espécies de aves, um sítio impar de acolhimento natural para estes bonitos seres vivos.

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água

chafariz quanto vale isto?

água

 A avó, perante a pergunta do neto, “avó o que é o ambiente?” respondeu: “é qualquer coisa que à vinte anos não existia e que hoje nos rodeia por todos os lados”. De facto, trata-se de um conjunto interligado de questões que têm de ser tratadas de forma global mas que se reflectem na casa de cada um. Apesar do carácter global dos problemas e questões ambientais têm soluções locais. Esta é a grande questão, raramente abordada: problemas globais, soluções locais.

As soluções não poderão mais ser encontradas através de iniciativas isoladas, pressupondo, antes, uma concertação de políticas. Cada estado e cada parceiro deverão ser parte activa no processo, passado que está o tempo das tarefas isoladas assentes, normalmente, na desresponsabilização. Os problemas ambientais terão, necessariamente, de estar presentes nas decisões políticas e deverão ser tomados em linha de conta em todas as opções de carácter económico e social. Só assim se poderá obter um verdadeiro desenvolvimento sustentado e harmónico quer dos países industrializados quer dos países em desenvolvimento.

A água é um tema recorrente, sobretudo em tempo de crise. Crise na água significa qualquer coisa que é natural: tanto a seca como as cheias, são fenómenos extremos naturais. Esquecemos isto e esquecemos que a natureza tem limites. Habituámo-nos a viver à margem da natureza. Como se isso fosse possível.

O Homem, que tem passado grande parte do seu tempo a domesticar a Natureza, é hoje uma das espécies mais ameaçadas na face da Terra. Os países ricos, com 20% da população mundial, consomem 85% das reservas energéticas não renováveis do Globo e são, ao mesmo tempo, os principais poluidores. Os atentados ecológicos explicam-se tanto pela super industrialização como pela pobreza. Os desastres ecológicos conduzem à rarefacção de elementos vitais como a água e o ar. Até quando?

Tudo isto lhe diz respeito: comece agora.

 Carlos A Cupeto

Professor na Universidade de Évora

Carteira de Jornalista nº 4846

 

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan