emoções com ténis em évora

evorarun 16 - chegada29 de maio 2016, evora run evorarun 16 vanessaimage Há qualquer coisa como 42 anos comecei a correr nesta Évora. Poucos corriam. Corri porque desporto em Évora, nessa época como hoje, não é fácil. Desde que saía de casa até que regressava ouvia bocas. A corrida é fácil, uns ténis, uns calções – sempre calções, confesso que não me soa bem gajos com leggings – estrada ou campo e já está. O difícil, como em tudo, só está na cabeça de cada um. Ainda por cima os ténis são leves e acompanham-nos para todos os lados. Hoje corri pela primeira vez numa competição em Évora. Sem ritmo de corrida, com poucos quilômetros nas pernas, mas com emoção. A emoção de uma corrida misturada com muitas outras, tantas que não dá para listar. Logo à saída da Praça do Giraldo sou-me um Bé – o Tó Mané numa bike disfarçado com um capacete, quase impossível reconhecê-lo. Como sabemos a corrida é uma excelente oportunidade para pensar, reflectir e até mesmo meditar; às vezes roça a oração. Rapidamente o meu passado recente de corrida passou pela tela das minhas melhores memórias – os muitos amigos da Parede e arredores, o Britânia, os muitos treinos de inverno ou verão, noite ou dia  – que fácil é correr e conversar com o Francisco e como os quilómetros passam a ouvir o Pedro Loureiro – e as muitas corridas a ver passar o Rui Pedro e a ouvir o eborense Júlio Meireles a animar a festa. Ainda houve tempo para o enorme Falcão e saber que o Favinha ficaria nos 10 primeiros. Resta – me a Vanessa que entre as aulas da Maria João Cabrita e as adegas, praticamente sem treinar, continua a não nos envergonhar; segundo lugar da geral, com 43 min, logo atrás da atleta dos Diana. Talvez por tudo isto a corrida de Évora foi estranha. Os poucos que reconheci, mais velhos, bem mais velhos como eu, vi-os passar quase todos vestidos de amarelo, a cor da corrida em Évora. Diferente é não se falar, tudo a correr e ninguém diz nada, que falta cá fez o Pedro Rodrigues ou o Belo, ainda tentei meter conversa mas não houve resposta. O percurso é simpático e a organização cumpriu, pena não haver a informação quilométrica ao longo do percurso, bastava um spray na estrada. Uma boa experiência no Alentejo despovoado com pouca gente a correr o que me levou ao pódio com o segundo lugar de veteranos V, coisa nunca vista, só mesmo no Alentejo. A roda da vida não pára e antes que o dia acabe o Simão, um dos dois cães da minha vida, partiu, a M João Oliveira voltou ao hospital e no sentido inverso o meu querido vizinho Agnelo comemorou 66 anos.

évora – meia maratona

[no Alentejo somos únicos, quem tem uma medalha de cortiça? ]

No Alentejo somos únicos, quem tem uma medalha de cortiça?

Na escrita o meu maior prazer é escrever positivamente no DS sobre Évora/Alentejo.

Finalmente Évora vai ter uma corrida que merece esse nome. A meia maratona de Évora é muito mais do que uma corrida. É um evento com uma enorme importância, económica, social e cultural. Uns mais do que outros, todos sabemos que a corrida é um fenómeno mundial. As razões são múltiplas e também bem conhecidas.

Há um pouco mais de 40 anos comecei a correr nas ruas, estradas e campos de Évora, nunca mais parei e quando sou obrigado a fazê-lo por algum impedimento físico os dias correm-me pior. Sair do Chafariz d’ el Rei seguir pela circular à muralha e ir ao Alto de S Bento foi durante muitos anos a minha clássica. Muitas, mas muitas vezes também ia e vinha ao aeródromo, pela estrada de Viana. Hoje é diferente mas não tanto como deveria ser. Isto é, fazer desporto em Évora não é nada fácil e é um dos aspetos que me leva a sorrir quando me dizem que Évora tem boa qualidade de vida – é falso. Nesse tempo era adolescente e comecei a correr porque não tinha alternativas para além do futebol, rugby e natação. Mais ou menos como hoje. Também é justo escrever que se há males que veem por bem este é um deles, Évora empurrou-me para a corrida porque nada de desporto tinha/tem, e ainda bem.

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sofrer

joelhoVá lá saber-se porquê ontem, sábado, no sempre esperado treino de fim de semana, em Évora as pernas pesaram como chumbo. Maldita cabeça. Continuo com a mania que todo o mal está neste músculo a que se chama cérebro, para quem o tem.

Também sem saber a razão, as dolorosas passadas da manhã de Évora tiveram o efeito de decidir alterar radicalmente o plano de fim de semana. Pouco tempo depois estava na viagem solitária para Lisboa. E foi nestes quilómetros de boa música, com média quilométrica absurdamente baixa, que me lembrei da Corrida da Linha, hoje de Carcavelos até à bonita baía de Cascais.

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à beira Tejo

Na TSF Runners 2015 com Pedro L e José V. Foto de JV.

Há muito que nada escrevo na “emoções com ténis”. As corridas têm sido poucas ou nenhumas. Neste final de época, para compensar, em dois fins de semana consecutivos duas boas corridas: TSF Runners e Lagoa de St André.

Aproveito as boleia do José Vale e aqui vão algumas (boas) emoções com ténis.

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a corrida da vergonha

Fico com vergonha de calçar uns ténis de 100 € e ir correr por prazer.

 

Sara

Por todo o país, da arquitetura à medicina, da moda ao desporto, há Saras que se distinguem e que são permanentemente ignoradas. Este país, que todos conhecemos, tem aversão a distinguir e reconhecer o mérito, sobretudo no feminino.

Na verdade, o desporto, pelo mediatismo que tem, presta-se muito para a referência e o exemplo.

Sara Moreira, a enorme atleta portuguesa, merece todo o reconhecimento que se lhe possa fazer. Quase que apetece escrever que há mais vida para além de Ronaldo, obviamente sem o mínimo desprimor para este. Um ano depois de ter sido mãe, Sara Moreira, na estreia da distância, consegue o terceiro lugar na maratona de Nova Iorque. Quem corre uns quilómetros, como aqui já confessei que faço há mais de 40 anos, consegue fazer uma modesta ideia do que significa ficar em terceiro nos 42,192 quilómetros de uma das mais emblemáticas provas do atletismo mundial, ainda por cima quando se está a estrear na distância. “Sou ambiciosa e acredito sempre”, disse a atleta a propósito do que viveu em Nova Iorque, no dia que é apenas o culminar de uma vida de trabalho, persistência e dedicação.

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episódio de vida a correr

Apesar do défice de horas de sono, como sempre, acordei cedo e levantei-me pouco depois.

A primeira tarefa, escolhida por razões óbvias, foi escrever o texto semanal para publicação nos periódicos. O duplo prazer aconteceu ao escrever sobre corrida, concretamente sobre a fabulosa Sara Moreira. A motivação para o tema foi uma recente entrevista da Sara sobre o seu terceiro lugar na maratona de Nova Iorque – para quem não tem noção há uma palavra que pode sintetizar o feito: épico. Isto porque o que a Sara nos conta é uma lição para os desafios da nossa vida e pode sintetizar-se na sua frase: “sou ambiciosa e acredito sempre”. Em tempos de desafios permanentes é assim que temos de acordar todos os dias: fortes e determinados.

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regresso

joelho 2(escrevo estas passadas para os meus amigos com quem corro muitas ou poucas vezes)

Há muito tempo que este curto texto tinha o título anunciado: regresso. Só não sabia quando. A Grande Inteligência (ou Grande Arquiteto do Universo para os maçons) não me impediria de correr. Se assim fosse, que inteligência seria essa?

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emoções sem ténis

joelho

Hoje correu-se mais uma edição da Corrida do Tejo. Não é o que foi e o encanto dos10 km de Algés à praia da Torre já não é o mesmo. Não a corri mas sinto-a.

A emoção hoje vem de não ter calçado os ténis e por não ter corrido, como tantas vezes já aconteceu. Mas hoje é diferente.

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correr

fotografia de Tó Zé Tavares

fotografia de Tó Zé Tavares

Quem calça uns ténis para correr, irá compreender o que vou escrever, os restantes experimentem porque nunca é tarde e vale a pena. Se tivesse alguma dúvida, há dias, ouvi da Sonja (mestre de pilates e da vida) dizer que o movimento mais arriscado e perigoso é estar parado.

Em menino, lembro-me de correr pela rua fora com um sorriso na cara atrás de uma roda com uma gancheta (os mais novos perguntem aos mais antigos o que é este brinquedo).

Alegria é voltar a correr depois de uns meses parado por motivo de lesão, podes confirmar Mª João?

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Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan