2050

Uma criança que iniciou agora a escolaridade, estará em 2050 nos seus 40 anos, no auge da sua carreira. Isto é, 2050 é já agora e foi tema para o desenvolvimento de um workshop sobre os possíveis cenários para Portugal nessa altura. Este evento decorreu no Greenfest no inicio de outubro, em Cascais.

Tive a grata oportunidade de participar na coordenação do referido workshop e fiquei agradavelmente surpreendido.

Durante quatro horas, seguindo uma metodologia adaptada da universidade de Oxford, foi-se avançando para a resposta. Como se prevê Portugal daqui a 35 anos?

Segundo os participantes, maioritariamente jovens, os cenários possíveis vão-se desenvolver entre os dois eixos, economia verde (atividades sustentáveis) e sabedoria (conhecimento com ética).

Com satisfação, percebi de forma clara que podemos ser francamente sustentáveis em 2050. Temos recursos e saber para isso. Basta optar pelos caminhos corretos e termos bom senso. Provavelmente, os novos cenários globais vão progressivamente empurrar-nos cá para dentro, onde temos tudo para sermos um país feliz e próspero.

Cada participante refletiu o sentimento generalizado de incerteza face ao futuro, quer por parte dos mais jovens, quer por parte daqueles que, tendo vivido o passado de certezas e conforto, constatam agora que o amanhã está longe de ser o que sonharam. Na realidade, o sentimento é partilhado por todos: indivíduos, empresas, organizações. Temos uma certeza: o futuro é incerto. Depende das opções que hoje tomarmos.

No melhor dos cenários, seremos um país com um vasto grau de sabedoria, em conjunto com negócios sustentáveis (verdes) implantados. Neste cenário, viveremos numa sociedade em que o conhecimento humanista e ético será a prática corrente e, como tal, uma economia assente na boa gestão e exploração dos recursos naturais. Uma economia onde o lucro terá uma componente ética e positiva na sociedade.

No extremo oposto, em que não existe sabedoria nem preocupações éticas e no qual não será possível vivermos numa economia assente na exploração equilibrada dos recursos naturais, Portugal será uma economia perdida, sem conseguir ter capacidade intelectual emotiva nem tecnologia canalizada para a inovação.

Mais uma vez, vejo enormes possibilidades para Portugal e, em particular, para o interior rico em recursos. São estes recursos tangíveis que vão fazer a diferença até 2050, um verdadeiro e incontornável up local.

Na verdade, temos tudo para sermos felizes e prósperos, certamente num mundo diferente onde os recursos locais vão assumir maior importância e onde a dependência do exterior será, necessariamente, menor.

Comments are closed.

Adaptado de Esquire, de Matthew Buchanan